Enquanto espera, preso desde a
semana passada no quartel da Polícia Militar, que a justiça lhe conceda um “habeas
corpus” requerido há onze meses, o ex-governador Fernando Freire estaria
deixando de relutar quanto a entregar nomes de políticos e empresários envolvidos
nas ilicitudes investigadas pela “Operação Gafanhoto”. Esta perspectiva mexe
muito com a tranquilidade de empresários e outros políticos potiguares.
Novo defensor de Fernando, Fábio Holanda o.... |
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ROBERTO GUEDES
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A qualquer momento o
ex-governador Fernando Freire celebrará com o ministério público estadual um
acordo de delação premiada atraindo para o pólo passivo das ações ensejadas
pela “Operação Gafanhoto” outros políticos e alguns empresários do Rio Grande
do Norte que a seu ver deveriam compartilhar com ele todas as responsabilidades
decorrentes das práticas pelas quais ele responde sozinho.
Seu procurador nesta ofensiva é o
advogado Fábio Hollanda, que se pronunciou nesta sexta-feira, 30, anteontem, como
seu defensor. Até então, constava que a defesa de Fernando estava confiada a um
escritório de fora, cujo titular não o assistiu depois que ele foi detido, na
praia de Copacabana, pela polícia do Rio de Janeiro. Mesmo depois de ser
recambiado para Natal ele recebeu a assistência desse escritório.
Não ficar sozinho
Preso desde então no quartel
general da Polícia Militar, em Natal, segundo consta porque o governador
Robinson Faria quis que ele não fosse trancafiado num centro de detenção provisória,
sem quaisquer privilégios, Fernando teria relutado quanto a recorrer à delação
premiada mas cedeu aos argumentos de Fábio quanto à desnecessidade de responder
sozinho pelo que imputam a um grupo de contornos ainda não plenamente
conhecidos.
Fábio não confirma a intenção de
recorrer à delação premiada e não adianta se alguém do ministério público
demonstrou interesse por um acordo neste sentido. Desde que assumiu a causa, sua
primeira meta passou a ser a soltura imediata do constituinte.
...convenceu a falar, para não responder - nem pagar - sozinho. |
Lembrando que até agora Fernando
só havia sido condenado a cumprir pena em regime aberto, ele salientou que sua
prisão foi “desnecessária”, porque teve causa uma simples falta de atualização,
nos autos, do endereço do réu. Ele espera que até amanhã a justiça julgue um
pedido de “habeas corpus” protocolado por defensores de Fernando há onze meses.
Ele disse acreditar que seu
constituinte será solto para aguardar o andamento do processo em liberdade. “É
isso que indica a jurisprudência sumulada do Supremo Tribunal Federal (STF),
que aduz poder recorrer em liberdade quem respondeu o processo em liberdade”,
pontuou Fábio, em contato com um portal de informações local.
Políticos sofrem
A tranqüilidade exposta pelo
advogado colide frontalmente com a preocupação que a possibilidade da delação
premiada instalou entre políticos e empresários potiguares que de algum a forma
interagiram com Fernando Freire enquanto vice-governador e mesmo durante o ano
de 2002, quando assumiu a chefia do executivo potiguar em virtude da desincompatibilização
do então governador Garibaldi Alves Filho (PMDB), que retornaria em novembro ao
Senado, casa que presidiria logo em seguida e da qual saiu para chefiar por
quatro anos o ministério da Previdência Social.
Garibaldi foi dos poucos políticos que visitaram Fernando. |
Garibaldi Filho, a propósito, foi
um dos poucos amigos que Fernando ainda mantém na política potiguar que o
visitaram na prisão, de onde saiu evitando tecer comentários. Políticos e operadores
do direito que analisaram neste fim de semana a perspectiva da delação premiada
acham que Fernando não o arrostaria para sua causa. Admitindo-se que ele terminasse
assumindo alguma culpa, não teria como comprometer o senador porque este não teria
sido ordenador de nenhuma das despesas que o ministério público investigou e
apresentou à justiça.
Pio e Dadá
Por enquanto, somente teriam sido
envolvidos com a “Operação Gafanhoto” o ex-deputado Vidalvo Costa, o “Dadá”, de
Caicó, e o ex-vereador Pio Marinheiro, de Natal. Nesta capital, porém, desde a
eclosão de denúncias contra Fernando Freire, muitos nomes têm sido citados à
boca pequena, notadamente os de alguns secretários dos governos dele e de
Garibaldi Filho e os de três ou quatro expoentes da comunidade empresarial
local.
Um dos mais citados dos dois
grupos fez questão neste domingo de circular ostensivamente para mostrar muita tranqüilidade
em contraposição com o temor que lhe vinha sendo atribuído desde a prisão de
Fernando. Seria um empreendedor que emprestou muito dinheiro a Fernando e
depois ter-se-ia instalado num birô da secretaria estadual de Planejamento e
Finanças para, “na boca do cofre”, ressarcir-se até quanto pudesse.
Quanto a Garibaldi Filho, amigos comuns a ele e a Fernando Freire garantem que ele é grato ao parlamentar porque procurou ajudá-lo a vencer as dificuldades financeiras que o assoberbavam quando chegou à vice-governadoria. Teria sido uma interveniência direta do então governador Garibaldi Filho quem impediu que a sucessão de escândalos envolvendo Fernando o levasse à prisão logo no primeiro ano de gestão de ambos, quando um advogado do Rio de Janeiro desembarcou em Natal portando um cheque sem fundos assinado pelo na época vice-governador. O caso virou manchete de grandes jornais nacionais, mas uma química organizada em Natal em poucas horas transformou o cheque em dinheiro, levando silenciosamente o advogado de volta para o Rio de Janeiro.
Viabilizada graças a fortes influências em órgão da administração indireta e à participação de uma pequena empreiteira controlada por um político oestano que na época estava na Assembléia Legislativa, esta operação não teve nada a ver com a "Gafanhoto".
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