Escolhido pelo governador
Robinson Faria para reconciliá-lo com as classes produtoras, que já mostram
engajar-se com o poder executivo em função de sua posse, o engenheiro Flávio
Azevedo assumirá a secretaria de Desenvolvimento, Indústria e Comércio na hora
em que o Rio Grande do Norte mais precisa lutar, para impedir que forças
políticas desviem para o Ceará o centro de conexões de vôos (HUB) que a Latam
tendia a instalar no aeroporto de São Gonçalo do Amarante.
Caberá a Flávio, na foto com Wilma, criar e executar.... |
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ROBERTO GUEDES
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Vice-presidente da Confederação
Nacional da Indústria (CNI) e duas vezes ex-presidente de sua homóloga potiguar,
a Fiern, o engenheiro e empresário Flávio Azevedo tomará posse nesta terça-feira,
4, às 16 horas, amanhã, como secretário estadual de Desenvolvimento, Indústria
e Comércio testemunhando o compromisso de reconciliar o governo Robinson Faria
com as classes produtoras locais.
De forma abrangente, Robinson
aposta em que Flávio emprestará uma agenda positiva a seu governo, que capenga
também no campo do planejamento, evitando que ande de mãos abanando se
representa um Estado que precisa muito ir garimpar apoios onde houver. Ele não
gostou de na semana passada não levar uma pauta de interesses do Rio Grande do Norte
quando foi assistir à posse do novo superintendente da Sudene (Superintendência
de Desenvolvimento do Nordeste), o ex-prefeito João Paulo, em Recife, porque
nenhuma das duas pastas dispunha de algo para aproveitar a ocasião.
A primeira demonstração de que o
empresário se qualifica para a primeira missão está se evidenciando desde o agendamento
da sua assunção ao cargo. Convites para a posse de Flávio, que será presidida
pelo Governador, no auditório de seu gabinete, no Centro Administrativo, em
Lagoa Nova, estão sendo emitidos por entidades representativas do empresariado,
principalmente pela Fiern, cujo presidente, empresário Amaro Sales, foi eleito
com o apoio do novo Secretário.
Ressentimento
Este empenho passou a se fazer
necessário depois que o antecessor de Flávio na Secretaria, o economista
paranaense Paulo Roberto Cordeiro, adotou atitudes que ampliaram o fosso aberto
entre Robinson e o empresariado antes mesmo da campanha eleitoral que o
conduziu à governadoria.
O ápice desses desencontros foi um
pronunciamento em Cordeiro se contrapôs aos interesses da indústria de energia
eólica ao sugerir a imposição de um ônus financeiro à atividade. Ele queria
que, a exemplo da produção de petróleo, que declina no território potiguar, a
geração de energia limpa pagasse “royalties”.
Na verdade, Robinson demonstrou
pessoalmente grande ressentimento contra os empresários em pronunciamento que
fez há poucos meses, no auditório da Fiern, ao recordar que na campanha para
Governador as classes produtoras, vetorizadas pela sua anfitriã, não quiseram
sequer ouvi-lo.
...a agenda positiva que falta ao governo de Robinson. |
Terminou acrescentando que até
secretários de seu governo haviam votado no seu principal concorrente, o então
deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente regional do PMDB e desde
abril ministro do Turismo.
Cordeiro
ajudou
Uma infeliz coincidência para os planos
de Cordeiro quanto a permanecer no Rio Grande do Norte, para onde veio no bojo
de indicações feitas pelo ministro das Cidades, engenheiro Gilberto Kassab,
presidente nacional do partido de Robinson, o PSD, e ex-prefeito de São Paulo, o
fez abrir as portas do governo para Flávio, também estigmatizado, até então, em
função do apoio à candidatura de Henrique Eduardo.
Ao propor a cobrança de royalties sobre
a energia eólica, ele atraiu a reação da Associação Brasileira de Energia
Eólica (Abeólica), que credenciou para falar em seu nome um conselheiro
potiguar, o jovem empresário Sérgio Azevedo, filho de Flávio e também presidente
do Comitê de Energias Renováveis da Fiern. A pronta reação deste chamou em
especial a atenção do deputado federal Fábio Faria, liderado e principal colaborador
do pai, Robinson, no comando do PSD potiguar. Amigos de longa data, Fábio e Sérgio
conversaram muito sobre a proposta de Cordeiro, concorrendo para que Robinson
pessoalmente a desmontasse.
Surgiu aí o diálogo que se estuarizaria
no convite para Flávio imprimir conceitos e valores mais locais ao comando da pasta,
atrair e vetorizar investimentos privados no território potiguar e criar novas
perspectivas para abrir o leque de atrações local. De quebra, também tende a
reforçar iniciativas visando ampliar o arco de agremiações políticas que apóiam
Robinson.
Atraindo
Wilma
Para pousar aí, Flávio se revelou piloto
de uma filiação partidária complexa. É ligado à vice-prefeita de Natal, a ex-governadora
Wilma de Faria, presidente regional do PSB, e não a Henrique Eduardo. Só por força
de circunstâncias e interesses comuns a ele e a Wilma e ao PMDB, terminou
filiando-se a esta legenda, em 2013, para coadjuvar a presidente do PSB como
candidato a suplente de senador.
Desde um pouco antes da divulgação da
nomeação de Flávio circulam em Natal informações sobre uma reaproximação entre
Robinson e Wilma, que apoiou Henrique Eduardo. A se confirmar, este processo
poderia transformá-la em candidata do Governador à sucessão do prefeito Carlos
Eduardo Alves, que preside o PDT no Rio Grande do Norte.
Tal escolha completaria o escanteio que
há meses Robinson aplica à candidatura do deputado estadual Fernando Mineiro
(PT), que ele próprio inventou em dezembro, entre sua vitória e a posse na
governadoria. A queimação desta, a propósito, é tamanha que, sem fechar com Wilma,
Robinson já ofereceu a candidatura a prefeito de Natal a vários outros
políticos, do deputado estadual Kelps Lima (SDS) ao vereador Luiz Almir
Filgueira Magalhães (PV), passando pelo advogado Luiz Gomes, presidente
regional do PEN.
Aeroporto
O que mais se espera de Flávio,
entretanto, é a transformação da sua Secretaria em grande instrumento do
desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte. Quanto a este objetivo,
Flávio entra em campo em momento particularmente delicado, no qual o Rio Grande
do Norte disputa com Ceará e Pernambuco a sede do centro de conexões de vôos da
Latam.
É preciso reforçar as vantagens que o
aeroporto potiguar, o Aluizio Alves, em São Gonçalo do Amarante, oferece sobre
os de Fortaleza e Recife, mas não se pode olvidar a necessidade de o Rio Grande
do Norte montar uma estratégia para também vencer a disputa no campo político.
Há poucos dias a presidanta Dilma Rousseff mostrou que tomou partido pelo Ceará
ao nomear um genro do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), líder do governo no
Congresso Nacional, para a diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac).
Por coincidência, Flávio é um dos
norte-rio-grandenses que mais estudaram a questão aeroportuária potiguar, pois,
como presidente da Fiern, se empenhou muito para consolidar a construção do
Aluizio Alves, inclusive procurando no exterior potenciais investidores para construí-lo
numa Parceria Público-Privada (PPP). Um dos sonhos que acalentava na época era exatamente
transformar o terminal aeroportuário de São Gonçalo num HUB não apenas de uma
transportadora, mas para praticamente todo o sistema mundial de aviação.
Constrangimento
O principal caminho de que dispõe para
entrar nesse jogo é sua amizade com o empresário pernambucano Armando Monteiro
Neto, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e ex-presidente
da CNI. Uma associação de esforços que este compartilhe com o titular da pasta
das Cidades, engenheiro Gilberto Kassab, da pasta das Cidades, que preside o
diretório nacional do PSD, o partido de Robinson, pode, aos olhos da
Governadoria, exercer uma grande força a favor do aeroporto potiguar.
O novo Secretário não conta com o aval de Henrique Eduardo. |
Não se sabe ainda se nesta ofensiva
Flávio contaria com o apoio concreto do ministro do Turismo, o ex-deputado
federal Henrique Eduardo Alves, presidente do PMDB potiguar, que até poucas
semanas atrás mostrava agir em paralelo a Robinson em defesa do aeroporto de
São Gonçalo, batizado em homenagem a seu pai, Aluizio, que foi um dos maiores
líderes políticos que o Rio Grande do Norte conheceu em toda a sua história.
Ao comunicar a Henrique Eduardo a
aceitação do convite formulado pelo Governador, Flávio recebeu uma recomendação
constrangedora, no sentido de se licenciar do PMDB para deixar claro que a
legenda não endossaria sua nomeação. Amigos comuns aos dois asseguram que o
Ministro nunca pediu idêntico afastamento a correligionário que assumiu cargo em
governo que o PMDB não apoiava, e muito menos exigiu o licenciamento do
deputado federal Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara Federal e um dos
principais responsáveis pela sua chegada à pasta do Turismo, quando este
anunciou seu rompimento com Dilma.
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