sábado, 23 de maio de 2015

Médico diz que luta antimanicomial fechou hospital psiquiátrico


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Salomão Gurgel: “Pra Caicó, a Luta Antimanicomial 
resultou no fechamento do Hospital Psiquiátrico”
No encerramento da Semana dedicada ao Movimento da Luta Antimanicomial, uma polêmica entrevista marcou o Panorama 95 desta sexta-feira, 22, ontem, na Rural FM de Caicó. Considerado um dos mais influentes médicos-psiquiatras da região, o ex-prefeito Salomão Gurgel Pinheiro não poupou críticas ao fechamento do Hospital Psiquiátrico Milton Marinho, e tentou convencer em sua fala a falta de que ele fez fazendo no tratamento de doentes mentais.
Salomão lembrou quando aos 12 anos de idade veio estudar em Caicó, e pela primeira vez se deparou com a situação em que a cidade tratava os portadores de doença mental, sem qualquer assistência médica. “Posteriormente, chegou o Dr. Rubens Santos, psiquiatra na década de 60 e ousou criar no Hospital do Seridó um chamado pavilhão, que já foi um avanço… Não era um tratamento humanizado, mas era o que poderia ser oferecido naquela época”, explicou. Esse pavilhão a qual Dr. Salomão se refere durou até os anos 80 quando construíram o Hospital Psiquiátrico, criado pelo movimento da sociedade, já tentando melhorar as condições de atendimento no Pavilhão. “Mas ainda foi aquela coisa, muros muito altos no hospital para que os pacientes não fugissem, camas de alvenaria com argolas para acorrentar os pacientes, enfermarias todas fechadas com portões de ferro. Era oi que podia se chamar hoje de manicômio”.
 Em 1991, ao lado de sua então esposa, médica Nina Barinova, Salomão foi chamado para trabalhar no Hospital Psiquiátrico, começando uma luta árdua de transformar a realidade do atendimento psiquiátrico na cidade. Mas para isso foi feita uma condição.
“Derrubar os muros, acabar com as enfermeiras de alvenaria e os portões de ferro, deixar o hospital aberto e nós assumirmos a direção administrativa e médica do hospital psiquiátrico de Caicó. e isso foi o que foi feito. O Hospital Milton Marinho teve naquela época uma configuração bastante humanizada, os pacientes não precisavam ficar trancafiados, tinham psiquiatras, neurologistas, psicólogos, clinico-geral e uma turma de trabalho alternativo com atividades de terapia. Tivemos até mensalmente a publicação de um jornalzinho chamado de Bom-Senso. Na época do carnaval nós organizamos o PsiFolia, tudo iniciativa daquela equipe muito comprometida”.
Na entrevista, Dr. Salomão ainda guarda ressentimentos do que ele classifica de luta política para fechar o Hospital Psiquiátrico Milton Marinho. “O Hospital não era um manicômio. Era um hospital. Nós não entendíamos porque de repente começaram a ocorrer mortes misteriosas de pacientes no Hospital. E isso se intensificou depois da vinda de um psiquiatra para Caicó, contratado pela Secretaria, com a suposta intenção de se criar o CAPS, mas a intenção mesmo era fechar o Hospital, que naquela época começou a tomar uma dimensão tão grande que chegou a ter 100 leitos. E isso gerou ciumeira politica e de uma forma muito perversa se fez uma campanha que valia tudo, até mesmo assassinatos e crimes. Agora, a Polícia, o Ministério Público aprofundou uma apuração. A gente ficava atada. A Revista IstoÉ estampou isso na sua capa. Era todo dia campanha. Rádio, Jornal, Revista infernizando a nossa vida, e isso em nome da Luta Antimanicomial. Pra Caicó, a Luta resultou no fechamento do Hospital Psiquiátrico de Caicó, que até hoje os pacientes e seus familiares sobre com isso”, destacou Salomão Gurgel.

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