Salomão Gurgel: “Pra Caicó, a
Luta Antimanicomial
resultou no fechamento do Hospital Psiquiátrico”
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No
encerramento da Semana dedicada ao Movimento da Luta Antimanicomial,
uma polêmica entrevista marcou o Panorama 95 desta sexta-feira, 22, ontem, na
Rural FM de Caicó. Considerado um dos mais influentes
médicos-psiquiatras da região, o ex-prefeito Salomão Gurgel Pinheiro não poupou
críticas ao fechamento do Hospital Psiquiátrico Milton Marinho, e tentou
convencer em sua fala a falta de que ele fez fazendo no tratamento de
doentes mentais.
Salomão lembrou quando aos 12 anos de
idade veio estudar em Caicó, e pela primeira vez se deparou com a
situação em que a cidade tratava os portadores de doença mental, sem
qualquer assistência médica. “Posteriormente, chegou o Dr. Rubens
Santos, psiquiatra na década de 60 e ousou criar no Hospital do Seridó
um chamado pavilhão, que já foi um avanço… Não era um tratamento
humanizado, mas era o que poderia ser oferecido naquela época”,
explicou. Esse pavilhão a qual Dr. Salomão se refere durou até os anos
80 quando construíram o Hospital Psiquiátrico, criado pelo movimento da
sociedade, já tentando melhorar as condições de atendimento no Pavilhão.
“Mas ainda foi aquela coisa, muros muito altos no hospital para que
os pacientes não fugissem, camas de alvenaria com argolas para
acorrentar os pacientes, enfermarias todas fechadas com portões de
ferro. Era oi que podia se chamar hoje de manicômio”.
Em 1991, ao lado de
sua então esposa, médica Nina Barinova, Salomão foi chamado para
trabalhar no Hospital Psiquiátrico, começando uma luta árdua de
transformar a realidade do atendimento psiquiátrico na cidade. Mas para
isso foi feita uma condição.
“Derrubar os muros, acabar com as
enfermeiras de alvenaria e os portões de ferro, deixar o hospital aberto
e nós assumirmos a direção administrativa e médica do hospital
psiquiátrico de Caicó. e isso foi o que foi feito. O Hospital Milton
Marinho teve naquela época uma configuração bastante humanizada, os
pacientes não precisavam ficar trancafiados, tinham psiquiatras,
neurologistas, psicólogos, clinico-geral e uma turma de trabalho
alternativo com atividades de terapia. Tivemos até mensalmente a
publicação de um jornalzinho chamado de Bom-Senso. Na época do carnaval
nós organizamos o PsiFolia, tudo iniciativa daquela equipe muito
comprometida”.
Na entrevista, Dr. Salomão ainda guarda
ressentimentos do que ele classifica de luta política para fechar o
Hospital Psiquiátrico Milton Marinho. “O Hospital não era um
manicômio. Era um hospital. Nós não entendíamos porque de repente
começaram a ocorrer mortes misteriosas de pacientes no Hospital. E isso
se intensificou depois da vinda de um psiquiatra para Caicó, contratado
pela Secretaria, com a suposta intenção de se criar o CAPS, mas a
intenção mesmo era fechar o Hospital, que naquela época começou a tomar
uma dimensão tão grande que chegou a ter 100 leitos. E isso gerou
ciumeira politica e de uma forma muito perversa se fez uma campanha que
valia tudo, até mesmo assassinatos e crimes. Agora, a Polícia, o
Ministério Público aprofundou uma apuração. A gente ficava atada. A
Revista IstoÉ estampou isso na sua capa. Era todo dia campanha. Rádio,
Jornal, Revista infernizando a nossa vida, e isso em nome da Luta
Antimanicomial. Pra Caicó, a Luta resultou no fechamento do Hospital
Psiquiátrico de Caicó, que até hoje os pacientes e seus familiares sobre
com isso”, destacou Salomão Gurgel.
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