domingo, 31 de maio de 2015

Robinson se pronuncia no Ministério Público

Robinson e Rinaldo juntos: alguém está abaixo, aquém ou refém do outro.
O norte-rio-grandense que levou fora, quebrou a cara e tomou chá de cadeira na Governadoria sem conseguir falar com o governador Robinson Faria deve passar a procurá-la noutro endereço, num grande prédio que se destaca entre a avenida Jaguarari e o conjunto Candelária, em Lagoa Nova, na zona sul de Natal.
É nele que Robinson mais tem despachado ultimamente.
Mais precisamente, é no gabinete do Procurador Geral de Justiça, promotor público Rinaldo Reis, na sede do ministério público estadual, situado na rua Promotor Manoel Alves Pessoa Neto, 97, que o chefe do executivo potiguar tem reunido o núcleo “duro” de seu Governo, a fim de fugir ao assédio e principalmente ao que chama de “peditório”, a ruma de conterrâneos que o procura só para pedir, sem nada a lhe oferecer nos períodos entre eleições.
Robinson sempre mostrou ser um político que se sente mal quando alguém lhe pede uma conversa em particular.
Advogado de Robinson
Pouca gente próxima a Robinson se deu conta deste isolamento e menos ainda explica o fato de a ostra do Governador, distante de todos os espaços do poder executivo, alojar-se em nicho do ministério público, o grande algoz de tudo quanto é administrador público no Brasil. Quando a informação sobre esses despachos chegou, por fonte digna de todo crédito, ao responsável pelo Blog de Roberto Guedes, este imaginou que o anfitrião de Robinson fosse o procurador geral do Estado, advogado Francisco Wilkie Mendonça, mas a fonte salientou tratar-se do Procurador Geral de Justiça, alguém que ordinariamente enfrenta a chefia do executivo potiguar. Agora mesmo, Rinaldo prepara uma guerra sem quartel a fim de transformar o “parquet” num poder ainda mais independente do executivo, do legislativo e do judiciário. Mas só cuida disso porque conta com o aval do Governador.  
Alguns que conhecem este desvio de rota para o local de trabalho acham que Robinson foge mais do que à liturgia do cargo ao se esconder na sede de um poder que vez por outra admoesta o executivo, se bem que salientem a proteção que a casa lhe tem dato em termos forenses. Curva-se diante do promotor.
Desde janeiro o ministério público estadual não afronta o Governador, diferentemente da guerra sem quartel que opôs à antecessora de Robinson, a médica Rosalba Ciarlini, criando-lhe as dificuldades que culminaram com a impossibilidade de ela pelo menos tentar se reeleger.
Alguns políticos não hesitam em dizer que Rinaldo fez mais pela eleição de Robinson do que todo o eleitorado potiguar ao imobilizar a gestão de Rosalba e ajudar a constranger o principal concorrente do atual Governador na disputa, o então deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente regional do PMDB e desde abril ministro do Turismo.
Outros explicam no acumpliciamento de amigos esta preferência, lembrando que desde o início do mandato o Procurador Geral, senhor da prerrogativa de acionar o Governador na Justiça, tem poupado tanto Robinson que já recebe, “merecidamente”, como frisam, o título de “advogado” do chefe do executivo.
Livrando a cara
Teria feito parte desta parceria, já em 2015, o contorcionismo processual com que Rinaldo Reis blindou Robinson ao acusar o presidente da Assembléia Legislativa, deputado estadual Ezequiel Ferreira de Souza (PMDB), de envolvimento com o pivô das irregularidades que ensejaram a investigação “Sinal Fechado”, sobre corrupção numa tentativa de confiar a uma empresa privada a inspeção veicular em todo o Rio Grande do Norte.  
O acumpliciamento entre Governador e Procurador Geral teria chegado ao ápice há poucos dias, quando, cumprindo o que lhe impunha o processo eleitoral vivenciado no âmbito do ministério público, Robinson nomeou Rinaldo para seu segundo mandato na Procuradoria Geral. Como se sabe, dias antes de protocolar a denúncia contra Ezequiel, Rinaldo Reis conversou muito reservadamente com Robinson sobre o que estava prestes a deflagrar. Foi quando se certificou subjetivamente da inocência do Governador diante do Sinal Fechado, embora Robinson presidisse a Assembléia Legislativa quando esta selou o favorecimento à empresa complicada na acusação.
Enfraquecendo o cargo
Outras fontes dos meios forenses potiguares asseguram, a propósito, que foi graças a esta habilidade que Rinaldo conquistou a garantia governamental de que, integrando a lista tríplice elaborada no “parquet”, seria premiado com mais dois anos à frente da casa.
Mas mesmo quem pensava assim não imaginava que a parceria entre os dois fosse tão forte ao ponto de o Governador deixar de despachar em espaços do poder executivo para fazê-lo na sede do órgão ministerial, porque isto foge a qualquer fórmula de valorização dos cargos que os dois exercem, notadamente da mais elevada magistratura do Rio Grande do Norte.
“É como se o Governador estivesse abaixo, aquém ou refém do Procurador Geral”, diz um Procurador de carreira, lembrando um precedente.
No início da primeira metade dos anos sessenta, primeiro qüinqüênio da instalação do Tribunal de Contas do Estado, a melhor noção de que a gestão do governador Aluizio Alves estava fortalecida era dada pelo fato de o presidente da corte, ministro Romildo Gurgel, levar chá de cadeira de várias horas na ante-sala do chefe do executivo potiguar. No final do quinqüênio, o inverso era denunciado pelo fato de o chefe do executivo ir procurar Romildo no hotel em que este residia, e passar horas no “hall”, esperando que o hóspede autorizasse sua subida até seu apartamento.
Constrangimento
Promotores e procuradores de Justiça que já não se surpreendem ao ver Robinson e auxiliares deste chegando à sede do ministério público para encontros fora da pauta dizem que este relacionamento impôs alguns constrangimentos a agentes do “parquet”.
Isto ocorreu quando foram vistos subindo rumo ao gabinete de Rinaldo Reis auxiliares de Robinson que, noutras circunstancias, só entrariam na sede da Procuradoria Geral de Justiça se fossem prestar depoimento em inquérito, selar ou cumprir acordos de delação premiada, pois estão altamente encrencados com diferentes segmentos do poder judiciário e mesmo com denúncias e investigações protagonizadas pelo “parquet” potiguar.
No time, salientam, há até pessoas cujas nomeações a justiça contra-indicou especificamente a Robinson porque estariam periclitando em inquéritos e processos relativos a improbidade administrativa.
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