Robinson só se lembrou dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal depois de conceder a si próprio um reajuste salarial de 100%. |
Procuradores do governo do Rio Grande do
Norte podem a qualquer momento iniciar um movimento com o objetivo de
dificultar a vida do governador Robinson Faria até o persuadirem de que existem
e merecem que lhes conceda o tratamento digno que pedem.
Eles já vinham acumulando pequenas
contrariedades e dizem que o copo encheu após receber a gota d’água salarial,
como se referem ao fato de Robinson os excluir do pacote de reajustes de
vencimentos que concedeu recentemente a outros profissionais do direito
vinculados ao Estado.
A gota do transbordamento da raiva
pingou em março, quando, seguindo a onda de reajustes de desembargadores e
juízes do Tribunal de Justiça, Robinson propôs à Assembléia Legislativa a
elevação dos vencimentos dos procuradores, de 26 mil para mais de trinta mil
reais, retroativamente a janeiro.
“Ele nos animou, gerou expectativa e depois
nos apunhalou”, diz um procurador, pedindo sigilo da fonte para não ser
perseguido. "Só depois de se conceder reajuste salarial de 100% ele se lembrou de negar o nosso dizendo que não poderia extrapolar os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Todos
levaram, menos...
O pacote era integrado por quatro
projetos de lei que dispunham, separadamente, sobre os vencimentos mensais dos
defensores públicos; revisão do subsídio mensal dos conselheiros do Tribunal de
Contas do Estado (TCE) e dos procuradores do Ministério Público junto ao
Tribunal (MPE); revisão do subsídio mensal dos procuradores da Assembléia
Legislativa e revisão do subsídio mensal dos procuradores do Estado. Todos os
projetos se arvoram em reajuste de vencimentos obtidos no início do ano pelos
ministros do Supremo Tribunal Federal.
Estranhamente, porém, de todo o pacote
só um projeto não foi analisado então pela Assembléia Legislativa – exatamente o
que beneficiaria os procuradores do Estado. Os deputados queriam votar e
tendiam a aprová-la, e não o fizeram porque Robinson, o mesmo Governador que
havia remetido a proposta à Assembléia Legislativa, pediu-a de volta.
Pacote
de Maldades
O pretexto governamental foi o da
necessidade de analisar o impacto que esse aumento provocaria na folha de
pessoal do executivo. Adicionalmente, Robinson justificou que os procuradores
pedem o retroativo do reajuste referente a janeiro. Todos os outros projetos retroagiriam
ao início do ano, como lembram procuradores, ressaltando como os outros
operadores do direito vinculados ao poder público melhoraram de vida quando
eles também deveriam ter sido contemplados.
No caso do Tribunal de Contas, o novo
salário de procuradores e conselheiros fica em 30.312,22 reais, enquanto o
auditor passou a receber 28.796,63 reais. O impacto total desse reajuste na
folha é de 894.851,65 reais. No caso dos procuradores da Assembléia
Legislativa, o impacto na folha é de 73.738,04 reais. O salário da categoria
passa a ser de 30.471,11 reais.
Passados março, abril e maio, Robinson
não concluiu o estudo da matéria, que deveria ter promovido antes de enviá-la
ao legislativo, não acena com nenhuma esperança e só irrita os procuradores.
Por isso, alguns deles querem que o grupo mostre o “pacote de maldades” que
também pode tecer.
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Roberto Guedes:
Ötima reportagem. Agradeço em nome da família Cavalcanti.
ResponderExcluirÖtima reportagem. Agradeço em nome da família Cavalcanti.
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