segunda-feira, 18 de maio de 2015

Potiguares discutirão adoção de crianças

Entre os principais conferencistas estão o Luiz Carlos Barros Figueiredo,...
Reunindo especialistas de diferentes partes do país e potiguares interessados pelo bem estar atual e futuro de crianças órfãs, será iniciada nesta quarta-feira, 20, depois de amanhã, estendendo-se até o próximo sábado, a primeira “Semana Estadual de Adoção”, cuja programação será quase integralmente realizada no auditório da Escola Superior da Magistratura (Esmarn), na avenida Jaguarari, na zona sul de Natal.
Promovida pelo Projeto Acalanto, há anos empenhado em promover os melhores encontros entre famílias que têm amor para doar e crianças que precisam de pais adotivos, a semana não se restringirá à realização de palestras, pois inclui exposição fotográfica e uma caminhada inspirada pelos sentimentos mais nobres.
...e os psicólogos Suzana Sofia, professora universitária, e seu marido,...
Entre os principais conferencistas do evento destacam-se três professores. Um deles é o desembargador Luiz Carlos de Barros Figueiredo, vice-presidente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção de Pernambuco e autor do livro “A adoção por casais homossexuais e a nova lei nacional da adoção (lei nº 12.010/2009)”.
...Luiz Schettini, que autografará alguns de seus 25 livros em Natal.
Os outros são os psicólogos Luiz Schettini Filho, autor de 25 livros sobre o tema, alguns dos quais tende a autografar durante o evento natalense, e Suzana Sofia Moeller Schettini. Marido e mulher, eles têm cinco filhos, três dos quais adotados. Presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção e autora de “Filhos por adoção: um estudo sobre o seu processo educativo em famílias com e sem filhos biológicos”, ela é professora da Universidade Católica (PUC) de Pernambuco.
As inscrições para a “Semana Estadual de Adoção” estão sendo realizadas em diferentes frentes: na sede do Acalanto, pelo telefone 3616-6361, pelo e-mail ceijrn@tjrn.jus.br, da Coordenadoria Estadual da Infância e da Juventude, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, pelo portal www.projetoacalantonatal.com.br e na página do Acalanto na rede social Facebook, Projeto Acalanto Natal.  
Situação da adoção no RN
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Para quem deseja fazer idéia de qual é a situação da adoção de crianças no Rio Grande do Norte, o Blog de Roberto Guedes veicula abaixo reportagem do matutino impresso “Tribuna do Norte” encimada pelo título “Adoção em Natal tem perfil seletivo”:
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O número de pessoas que procuram adotar crianças atualmente em Natal está razoavelmente similar ao de crianças e adolescentes que vivem em abrigos governamentais. A lista chega a 100 processos que buscam dar uma família e lar elas. Mas muitos interessados precisam esperar algum tempo para realizar o desejo.
A maior procura é por bebês, até um ano de idade, especialmente meninas, de cor branca. Ou seja, inúmeras crianças fora deste perfil aguardam famílias interessadas. Além disso, apenas três crianças estão totalmente aptas a serem adotadas no momento na cidade - o restante, que vive nos abrigos, está em processo de análise de restituição familiar, podendo vir à ser colocada a disposição para a adoção em breve.
De acordo com o juiz da infância e juventude da 2ª Vara de Natal, Homero Lechner Albuquerque, pessoas de todo o Brasil podem se cadastrar na comarca da cidade, mas devem seguir o processo no local. Ele afirma que, em Natal, o processo dura aproximadamente três meses, desde o cadastro até o julgamento, mas pode ser mais longo de acordo com o perfil que seja procurado na criança a ser adotada.
“Geralmente, os processos no país são mais lentos e muitas pessoas vêm de outros estados para adotar aqui”, diz Homero. Como a maioria busca meninas, recém-nascidas e claras, a lista de espera para quem busca este perfil, pode ser longa.
Ele cita ainda que a adoção é privilegiada para os brasileiros. Estrangeiros só podem adotar no país caso não haja o interesse de outro nacional. Ano passado, apenas três crianças foram adotadas por estrangeiros e, no geral, elas têm o perfil que o brasileiro não procura, como negros, crianças mais velhas e outros.
Em 2005, 184 processos de adoção foram julgados para brasileiros em Natal e no último trimestre deste ano, sete crianças já foram adotadas, todas entre um mês e sete anos de idade.
Não existe custo algum para adoção no Brasil, mas a Vara faz uma série de análises que consideram a segurança da criança junto à família que busca adotar. Inicialmente, deve-se entrar com uma petição apresentando documentos, comprovante de residência, bons antecedentes criminais e um atestado físico e mental. Logo após, uma equipe técnica faz um relatório psico-social e depois, com uma criança já aceita pelo adotante, é levado à audiência e o processo é julgado, sendo ouvidos testemunhas, pais biológicos, se houver, e a criança, se ela puder se expressar.
Para fazer o cadastro, não é necessário ser um casal, como houve uma adoção por um homem solteiro no último mês, e não há restrição quanto à opção sexual, apesar de nunca ter aparecido um caso de homossexual procurando adotar em Natal, mas o juiz afirma que será julgado como qualquer outra pessoa.
“A adoção é a escolha de se ter um filho, não é nada planejado e é de coração. Não podemos orientar o perfil da criança que alguém quer adotar, mas não deve existir preconceito por parte da justiça ou de quem adota, pois se torna filho para todo efeito legal”, diz Homero.
Juiz Lechner: candidatos a pais adotivos não devem ter preconceito.
A coordenadora da Casa Menino Jesus, que abriga 11 crianças, Sálvia Ramalho Dantas, explica que as crianças que ficam em abrigos, estão em situação de risco com a família biológica, sob proteção judicial, ou estão esperando adoção. “Tanto elas quanto as famílias são analisadas por uma equipe médica, nutricional e física. Com um parecer, se encaminha à criança à Vara da Infância ou faz o retorno à família”, diz ela. Nesta Casa, a criança mais velha está com sete anos e algumas delas já estão há mais de dois anos à espera de adoção.
Diariamente, a Casa fica aberta para visita de interessados na adoção entre 15h e 16h. O abrigo é mantido pela Fundac, mas mantém parcerias para recreação, médico e doações de materiais higiênicos, vestuário e outros. “Temos apoio de médicos e  outros profissionais se for preciso”.
Dificuldades marcam trabalho
Há 11 anos trabalhando na Casa, a coordenadora e assistente social Sálvia Ramalho Dantas constata: “é complicado lidar com gente.” Segundo ela, o trabalho no abrigo é muito satisfatório e emocionante, mas para executá-lo é preciso ter bastante ‘jogo de cintura’ para lidar com os entraves do cotidiano.
Para ela, o pior é lidar com a rejeição, tanto das crianças em relação aos pais adotivos, quanto dos pais adotivos em relação às crianças. “É difícil, mas nós preparamos elas para saber exatamente o que está acontecendo. Não escondemos nada. Elas sabem que estão aqui provisoriamente e que um dia o pai ou a mãe vão chegar. O problema é só a expectativa. Mas nós temos que gerá-la justamente para evitar essa rejeição.”
Apesar de o índice de retorno à família biológica ser pequeno - de apenas 5%, segundo a assistente social - há sempre aquelas crianças que demoram mais a ser adotadas pela idade, características físicas ou situação. Ela recorda que o caso que mais a emocionou foi o de um garoto que passou nove anos para ser adotado.
“Ele veio para a Casa recém-nascido e ninguém queria adotar porque ele é deficiente físico e mental, apesar de a deficiência mental ser em menor grau. No ano passado ele foi adotado por um promotor e hoje tem uma ótima vida e é cuidado por toda a família”, diz ela, contando ter criado um vínculo forte com ele. “Fui a uma festa da família recentemente e ele me disse que Deus era muito bom com ele porque ele tinha conseguido uma mãe e um pai muito bons e que tinha tudo: primos, tios e até cunhado”, diverte-se Sálvia.
De acordo com ela, o máximo de faixa etária que a Casa já abrigou foi uma garota de 11 anos que havia sido violentada sexualmente pelo padrasto e estava grávida. “Ela veio com o filho na barriga para o abrigo e ele logo foi adotado, mas ela não. Ela ficou com algumas seqüelas mentais por causa do histórico familiar.”
Outra dificuldade enfrentada pelo abrigo está relacionada à adoção de crianças com irmãos. “A gente tenta manter o vínculo, mas é difícil uma pessoa querer adotar dois ao mesmo tempo. Sabendo disso, as crianças acabam rejeitando os próprios irmãos.”
Sete crianças adotadas em três meses
Entre abril e junho deste ano, sete crianças, entre um mês e sete anos de idade, foram adotadas. Três delas ainda moram em Natal, duas que vivem no interior do RN e um casal de gêmeos foi para São Paulo. Estes dois é um dos casos incomuns de adoção, de acordo com a coordenadora da Casa Menino Jesus, Sálvia Ramalho Dantas, pois eram dois meninos, ainda bebês com nove meses e características negras - o que não se encaixa no perfil mais procurado pelos brasileiros e norte-riograndenses.
Sálvia diz que 90% do interesse pela adoção é com bebês e cerca de 20% para meninas e crianças claras. No momento, a Casa está com 11 crianças, sendo que uma foi desabrigada ontem, após o julgamento da 2ª Vara da Infância e Juventude. A menina Gabriela Lopes de Lima nasceu há 40 dias, com apenas seis meses e 1,1 kg, e no último dia 21 os seus pais que agora já a levaram para o novo lar foram informados da possibilidade de adoção dela.
O pára-atleta Adriano Gomes de Lima e sua esposa Flávia Cristina Lopes dos Santos receberam a notícia da adoção da menina e, após conhecê-la, foi interesse instantâneo.
“Há oito anos vinhamos tentamos fazer inseminação artificial, totalizando quatro tentativas frustradas. No fim do ano passado, entramos com o processo na Vara da Infância”, contou Adriano. Ele relata que queriam, inicialmente, um menino recém-nascido, e chegou a cogitar adotar os gêmeos que foram para São Paulo e uma outra menina, mas com ambos não deu certo.
“Ficamos cerca de seis meses aguardando todo o processo, desde novembro até junho, mas do dia 21 até ontem, a espera foi muito pior, pois já a conhecíamos e queria levar logo para casa”, diz ele. No mesmo dia que soube, comprou tudo que ela precisava, pintou o quarto e tudo ficou pronto só à espera dela. Eles afirmam que ainda devem tentar ter um filho biológico, mas Gabriela é esperada tanto quanto o que possa vir.
A menina ficou na Casa Menino Jesus por cerca de um mês e Sálvia, a coordenadora do local, lembra que ela era muito pequena, com pouco mais de um quilo, mas já está com 2.100 Kg. “Ela foi entregue pela mãe, não tinha mais família e nasceu prematura. Crianças com este perfil têm um processo mais urgente, pois precisam de mais suporte e conforto”, diz.
A emoção de realizar um sonho
“Realização e emoção.” Foi com essas duas palavras que o pára-atleta Adriano Lima resumiu a sensação que estava sentindo ontem ao receber a filha Gabriela em seus braços, após longos e sofridos seis meses.
Mais precisamente às 16 horas, o casal Adriano Lima e Flávia Cristina Lopes finalmente pôde segurar a filha nos braços e levá-la para sua nova vida, dando fim aos últimos procedimentos de adoção.
O momento teve um misto de emoção, nervosismo, receio e felicidade. “Não dá para descrever”, como destacou a mãe adotiva. A menina, que nasceu prematura, com apenas 40 centímetros e 1,940 quilo, provocou surpresa nos pais. “Ela está grande”, exclamou a mãe. “Ela é linda e já é a cara do pai”, orgulhou-se Adriano.
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Pela transcrição,
Roberto Guedes.
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