Entre os principais conferencistas estão o Luiz Carlos Barros Figueiredo,... |
Reunindo
especialistas de diferentes partes do país e potiguares interessados pelo bem
estar atual e futuro de crianças órfãs, será iniciada nesta quarta-feira, 20,
depois de amanhã, estendendo-se até o próximo sábado, a primeira “Semana
Estadual de Adoção”, cuja programação será quase integralmente realizada no
auditório da Escola Superior da Magistratura (Esmarn), na avenida Jaguarari, na
zona sul de Natal.
Promovida pelo
Projeto Acalanto, há anos empenhado em promover os melhores encontros entre famílias
que têm amor para doar e crianças que precisam de pais adotivos, a semana não
se restringirá à realização de palestras, pois inclui exposição fotográfica e
uma caminhada inspirada pelos sentimentos mais nobres.
...e os psicólogos Suzana Sofia, professora universitária, e seu marido,... |
Entre os principais
conferencistas do evento destacam-se três professores. Um deles é o
desembargador Luiz Carlos de Barros Figueiredo, vice-presidente da Comissão
Estadual Judiciária de Adoção de Pernambuco e autor do livro “A adoção por
casais homossexuais e a nova lei nacional da adoção (lei nº 12.010/2009)”.
...Luiz Schettini, que autografará alguns de seus 25 livros em Natal. |
Os outros são os
psicólogos Luiz Schettini Filho, autor de 25 livros sobre o tema, alguns dos
quais tende a autografar durante o evento natalense, e Suzana Sofia Moeller Schettini.
Marido e mulher, eles têm cinco filhos, três dos quais adotados. Presidente da
Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção e autora de “Filhos por adoção:
um estudo sobre o seu processo educativo em famílias com e sem filhos
biológicos”, ela é professora da Universidade Católica (PUC) de Pernambuco.
As inscrições para a “Semana Estadual de Adoção” estão sendo
realizadas em diferentes frentes: na sede do Acalanto, pelo telefone 3616-6361,
pelo e-mail ceijrn@tjrn.jus.br, da
Coordenadoria Estadual da Infância e da Juventude, do Tribunal de Justiça do
Rio Grande do Norte, pelo portal www.projetoacalantonatal.com.br
e na página do Acalanto na rede social Facebook, Projeto Acalanto Natal.
Situação da adoção no
RN
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Para quem deseja fazer idéia de qual é a situação da adoção
de crianças no Rio Grande do Norte, o Blog de Roberto Guedes veicula abaixo
reportagem do matutino impresso “Tribuna do Norte” encimada pelo título “Adoção
em Natal tem perfil seletivo”:
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O número de pessoas que procuram adotar crianças atualmente
em Natal está razoavelmente similar ao de crianças e adolescentes que vivem em
abrigos governamentais. A lista chega a 100 processos que buscam dar uma
família e lar elas. Mas muitos interessados precisam esperar algum tempo para
realizar o desejo.
A maior procura é por bebês, até um ano de idade, especialmente
meninas, de cor branca. Ou seja, inúmeras crianças fora deste perfil aguardam
famílias interessadas. Além disso, apenas três crianças estão totalmente aptas
a serem adotadas no momento na cidade - o restante, que vive nos abrigos, está
em processo de análise de restituição familiar, podendo vir à ser colocada a
disposição para a adoção em breve.
De acordo com o juiz da infância e juventude da 2ª Vara de
Natal, Homero Lechner Albuquerque, pessoas de todo o Brasil podem se cadastrar
na comarca da cidade, mas devem seguir o processo no local. Ele afirma que, em
Natal, o processo dura aproximadamente três meses, desde o cadastro até o
julgamento, mas pode ser mais longo de acordo com o perfil que seja procurado
na criança a ser adotada.
“Geralmente, os processos no país são mais lentos e muitas
pessoas vêm de outros estados para adotar aqui”, diz Homero. Como a maioria
busca meninas, recém-nascidas e claras, a lista de espera para quem busca este
perfil, pode ser longa.
Ele cita ainda que a adoção é privilegiada para os
brasileiros. Estrangeiros só podem adotar no país caso não haja o interesse de
outro nacional. Ano passado, apenas três crianças foram adotadas por
estrangeiros e, no geral, elas têm o perfil que o brasileiro não procura, como
negros, crianças mais velhas e outros.
Em 2005, 184 processos de adoção foram julgados para
brasileiros em Natal e no último trimestre deste ano, sete crianças já foram
adotadas, todas entre um mês e sete anos de idade.
Não existe custo algum para adoção no Brasil, mas a Vara faz
uma série de análises que consideram a segurança da criança junto à família que
busca adotar. Inicialmente, deve-se entrar com uma petição apresentando
documentos, comprovante de residência, bons antecedentes criminais e um
atestado físico e mental. Logo após, uma equipe técnica faz um relatório
psico-social e depois, com uma criança já aceita pelo adotante, é levado à
audiência e o processo é julgado, sendo ouvidos testemunhas, pais biológicos, se
houver, e a criança, se ela puder se expressar.
Para fazer o cadastro, não é necessário ser um casal, como
houve uma adoção por um homem solteiro no último mês, e não há restrição quanto
à opção sexual, apesar de nunca ter aparecido um caso de homossexual procurando
adotar em Natal, mas o juiz afirma que será julgado como qualquer outra pessoa.
“A adoção é a escolha de se ter um filho, não é nada
planejado e é de coração. Não podemos orientar o perfil da criança que alguém
quer adotar, mas não deve existir preconceito por parte da justiça ou de quem
adota, pois se torna filho para todo efeito legal”, diz Homero.
Juiz Lechner: candidatos a pais adotivos não devem ter preconceito. |
A coordenadora da Casa Menino Jesus, que abriga 11 crianças,
Sálvia Ramalho Dantas, explica que as crianças que ficam em abrigos, estão em
situação de risco com a família biológica, sob proteção judicial, ou estão
esperando adoção. “Tanto elas quanto as famílias são analisadas por uma equipe
médica, nutricional e física. Com um parecer, se encaminha à criança à Vara da
Infância ou faz o retorno à família”, diz ela. Nesta Casa, a criança mais velha
está com sete anos e algumas delas já estão há mais de dois anos à espera de
adoção.
Diariamente, a Casa fica aberta para visita de interessados
na adoção entre 15h e 16h. O abrigo é mantido pela Fundac, mas mantém parcerias
para recreação, médico e doações de materiais higiênicos, vestuário e outros.
“Temos apoio de médicos e outros
profissionais se for preciso”.
Dificuldades marcam
trabalho
Há 11 anos trabalhando na Casa, a coordenadora e assistente
social Sálvia Ramalho Dantas constata: “é complicado lidar com gente.” Segundo
ela, o trabalho no abrigo é muito satisfatório e emocionante, mas para
executá-lo é preciso ter bastante ‘jogo de cintura’ para lidar com os entraves
do cotidiano.
Para ela, o pior é lidar com a rejeição, tanto das crianças
em relação aos pais adotivos, quanto dos pais adotivos em relação às crianças.
“É difícil, mas nós preparamos elas para saber exatamente o que está
acontecendo. Não escondemos nada. Elas sabem que estão aqui provisoriamente e
que um dia o pai ou a mãe vão chegar. O problema é só a expectativa. Mas nós
temos que gerá-la justamente para evitar essa rejeição.”
Apesar de o índice de retorno à família biológica ser pequeno
- de apenas 5%, segundo a assistente social - há sempre aquelas crianças que
demoram mais a ser adotadas pela idade, características físicas ou situação.
Ela recorda que o caso que mais a emocionou foi o de um garoto que passou nove
anos para ser adotado.
“Ele veio para a Casa recém-nascido e ninguém queria adotar
porque ele é deficiente físico e mental, apesar de a deficiência mental ser em
menor grau. No ano passado ele foi adotado por um promotor e hoje tem uma ótima
vida e é cuidado por toda a família”, diz ela, contando ter criado um vínculo
forte com ele. “Fui a uma festa da família recentemente e ele me disse que Deus
era muito bom com ele porque ele tinha conseguido uma mãe e um pai muito bons e
que tinha tudo: primos, tios e até cunhado”, diverte-se Sálvia.
De acordo com ela, o máximo de faixa etária que a Casa já
abrigou foi uma garota de 11 anos que havia sido violentada sexualmente pelo
padrasto e estava grávida. “Ela veio com o filho na barriga para o abrigo e ele
logo foi adotado, mas ela não. Ela ficou com algumas seqüelas mentais por causa
do histórico familiar.”
Outra dificuldade enfrentada pelo abrigo está relacionada à
adoção de crianças com irmãos. “A gente tenta manter o vínculo, mas é difícil
uma pessoa querer adotar dois ao mesmo tempo. Sabendo disso, as crianças acabam
rejeitando os próprios irmãos.”
Sete crianças adotadas
em três meses
Entre abril e junho deste ano, sete crianças, entre um mês e
sete anos de idade, foram adotadas. Três delas ainda moram em Natal, duas que
vivem no interior do RN e um casal de gêmeos foi para São Paulo. Estes dois é
um dos casos incomuns de adoção, de acordo com a coordenadora da Casa Menino
Jesus, Sálvia Ramalho Dantas, pois eram dois meninos, ainda bebês com nove
meses e características negras - o que não se encaixa no perfil mais procurado
pelos brasileiros e norte-riograndenses.
Sálvia diz que 90% do interesse pela adoção é com bebês e
cerca de 20% para meninas e crianças claras. No momento, a Casa está com 11
crianças, sendo que uma foi desabrigada ontem, após o julgamento da 2ª Vara da
Infância e Juventude. A menina Gabriela Lopes de Lima nasceu há 40 dias, com
apenas seis meses e 1,1 kg, e no último dia 21 os seus pais que agora já a
levaram para o novo lar foram informados da possibilidade de adoção dela.
O pára-atleta Adriano Gomes de Lima e sua esposa Flávia
Cristina Lopes dos Santos receberam a notícia da adoção da menina e, após
conhecê-la, foi interesse instantâneo.
“Há oito anos vinhamos tentamos fazer inseminação artificial,
totalizando quatro tentativas frustradas. No fim do ano passado, entramos com o
processo na Vara da Infância”, contou Adriano. Ele relata que queriam,
inicialmente, um menino recém-nascido, e chegou a cogitar adotar os gêmeos que
foram para São Paulo e uma outra menina, mas com ambos não deu certo.
“Ficamos cerca de seis meses aguardando todo o processo,
desde novembro até junho, mas do dia 21 até ontem, a espera foi muito pior,
pois já a conhecíamos e queria levar logo para casa”, diz ele. No mesmo dia que
soube, comprou tudo que ela precisava, pintou o quarto e tudo ficou pronto só à
espera dela. Eles afirmam que ainda devem tentar ter um filho biológico, mas
Gabriela é esperada tanto quanto o que possa vir.
A menina ficou na Casa Menino Jesus por cerca de um mês e
Sálvia, a coordenadora do local, lembra que ela era muito pequena, com pouco
mais de um quilo, mas já está com 2.100 Kg. “Ela foi entregue pela mãe, não
tinha mais família e nasceu prematura. Crianças com este perfil têm um processo
mais urgente, pois precisam de mais suporte e conforto”, diz.
A emoção de realizar
um sonho
“Realização e emoção.” Foi com essas duas palavras que o
pára-atleta Adriano Lima resumiu a sensação que estava sentindo ontem ao
receber a filha Gabriela em seus braços, após longos e sofridos seis meses.
Mais precisamente às 16 horas, o casal Adriano Lima e Flávia
Cristina Lopes finalmente pôde segurar a filha nos braços e levá-la para sua
nova vida, dando fim aos últimos procedimentos de adoção.
O momento teve um misto de emoção, nervosismo, receio e
felicidade. “Não dá para descrever”, como destacou a mãe adotiva. A menina, que
nasceu prematura, com apenas 40 centímetros e 1,940 quilo, provocou surpresa
nos pais. “Ela está grande”, exclamou a mãe. “Ela é linda e já é a cara do
pai”, orgulhou-se Adriano.
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Pela transcrição,
Roberto Guedes.
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