sexta-feira, 29 de maio de 2015

Municípios não deveriam custear a viagem de prefeitos

Prefeitos com Senador: o objetivo era pedir o mandato de seis anos.
Pensando bem, as prefeituras do Rio Grande do Norte não deveriam pagar as despesas da viagem que seus titulares fizeram esta semana a Brasília a pretexto de emprestarem número a um movimento nacional que objetivaria novamente reivindicar, pela enésima vez, um melhor tratamento da União às comunas de todo o país. 
Na verdade, eles foram lá para pedir para si próprios, no caso dos que podem postular a reeleição em 2016, e seus aliados no plano municipal que desejam transformar em sucessores, não para todos os seus conterrâneos, os munícipes que, respeitadas as regras legais vigentes, no próximo ano poderão escolher entre os melhores o futuro ocupante de seus governos.
Pois o que mais o animou em Brasília foi se reunir com parlamentares e percorrer gabinetes do Congresso Nacional para pedir a deputados e senadores o alongamento das gestões municipais, a princípio para a partir do próximo mandato, mediante uma alteração na legislação que dê mais dois anos de mandato aos burgomestres.
Eles sabiam que os parlamentares estavam envolvidos com e pelas as votações que se sucedem há dias, reunidas abaixo de um guarda-chuva pomposamente batizado como “Reforma Política” e desembarcaram em Brasília com todas as fichas prontas para pressionar aos senadores e deputados que lhes devem frações dos mandatos de que desfrutam no Planalto Central em busca desses dois anos.
Afinal, o que mais se destacou na “crônica social” que a mídia local divulgou da convergência dos alcaides a Brasília foi, justamente, uma reunião que os mais de 140 prefeitos potiguares mantiveram com os onze deputados e senadores conterrâneos, arrancando-lhe o compromisso de apoiarem os mandatos de seis anos, algo que o Brasil experimentou e reprovou nos anos sessenta e setenta.
O argumento dos defensores desse alongamento de mandatos é a coincidência que passaria a haver, a partir de 2022, no calendário eleitoral para que do vereador ao presidente da república todos os agentes políticos das três instâncias em todo o país sejam escolhidos simultaneamente. É o mesmo que se argumento para dar seis anos de mandato aos burgomestres e vereadores que estavam no poder desde 1968.
A questão não é o mérito ou o demérito da proposta, e sim o fato de, num período de vacas mais do que magras, as prefeituras estarem arcando com despesas criadas com o fito de perpetuar grupos mandatários no poder, em lugar de viabilizar soluções para os problemas que efetivamente arrasam a vida em seus municípios.
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