domingo, 28 de junho de 2015

Casa histórica vira pardieiro em Natal

Poder público reduziu a casa de Aristófanes e dona Maria do Céu a escombros.

Cenário de grandes reuniões de políticos e empresários, assim como de festas memoráveis promovidas pelo saudoso deputado Aristófanes Fernandes, a casa que foi sede de bancos, do ministério público e da secretaria estadual do Turismo hoje está reduzida a escombros graças ao abandono patrocinado pelo poder público. 

A grande casa amarela que ainda teima em ser vista na esquina da rua Mossoró com a avenida Floriano Peixoto, no encontro entre os bairros de Cidade Alta, Petrópolis e Tirol, é uma construção que se fez presente em momentos marcantes da vida em Natal do seculo XX. 
Durante algumas décadas era conhecida como a mansão do legendário deputado Aristófanes Fernandes, a quem a injusta desmemória potiguar agrediu noutro espaço físico desta capital quando passou a chamar de "Praça das Flores", em preito à simples picaretagem, ao logradouro do encontro das avenidas Hermes   da Fonseca e General Cordeiro de Farias e rua Seridó batizado com seu nome ainda em 1966, ano de seu súbito e precoce falecimento. Foi cenário de muitas reuniões de destacados grupos politicos do Estado, notadamente da UDN, partido do anfitrião. 
Também sediou muitos encontros de empresários, notadamente ligados à extração e exportação de scheelita, um dos principais itens da pauta de exportacoes do Rio Grande do Norte desde a eclosão da segunda guerra mundial, assim como à cotonicultura e à agropecuária, segmentos da economia em que Aristófanes, natural de Santana do Matos, se destacava. 
Do final da década dos sessenta e durante algumas outras, abrigou agências e bancos privados e governamentais voltados  para o planejamento e execução de projetos desenvolvimentistas, acolhendo depois o Ministério Público e a secretaria estadual de Turismo. Para se ter ideia de sua posição estratégica no mapa urbano do século passado, basta lembrar que o prédio visto ao fundo e ao lado foi erguido em seu quintal, para que ali começasse a atuar um dos mais longevos bancos nativos, criado pelos saudosos empreendedores Jessé Pinto Freire e Reginaldo Teófilo da Silva.  
Infelizmente, porém, a vocação do serviço público para a depauperação do que lhe confiam terminaria por descaracterizar a mansão de Aristófanes e dona Maria do Céu Pereira, primeira deputada eleita no Rio Grande do Norte. Virou escombros. 
Reduziu-se a pardieiro imerecidamente, pela história em si do imóvel e porque reduzir a mansão a escombros ajuda em muito a acelerar o processo de degradação ambiental, arquitetônica e urbanistica a que os poderes públicos, migrando para outras paragens, vêm submetendo uma das melhores áreas da capital potiguar.  
Até quando isto ocorrerá sem provocar eficazes reações em contrário?

3 comentários:

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  2. Uma das coisas que me entristece nesta cidade é este descaso. Feliz seria se seguisse-mos o exemplo de lugares como Recife e Olinda, que mantém seus patrimônios arquitetônicos conservados, não apenas pelo valor estético, mas por seu conteúdo histórico. Se tantas outras como São João Del Rei, Ouro Preto e Paraty conseguiram conservar cidades inteiras, por quê nós potiguares não podemos fazer o mesmo com pelo menos alguns prédios?

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  3. No Brasil ninguem liga para a memoria

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