domingo, 21 de junho de 2015

Tatiana não mais atropela a esposa de Robinson

Julianne viu como nova intromissão de Tatiana em seu espaço a reunião que a Chefe da Casa Civil promoveu com dirigentes de Casas de Estudantes exatamente quando sua pasta, a Secretaria do Trabalho e Assistência Social, cuidava de melhorar as relações entre o governo e as instituições em crise. Então Robinson impediu que Tatiana promovesse nova reunião com os mesmos interlocutores. Ninguém sabe, porém, como terminará este choque.  


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Incomodada com a invasão de sua área, Julianne conseguiu que Robinson...
Uma audiência pública que a Assembléia Legislativa promoveu nesta sexta-feira, 19, anteontem, para conhecer a crise que o governo do Estado fez abater-se sobre as casas de estudantes do Rio Grande do Norte ensejou a descoberta, por muitos presentes, de uma crise que se vem inflando há semanas entre duas as mais importantes mulheres que assessoram o governador Robinson Faria, as advogadas Julianne, sua esposa, e Tatiana Mendes Cunha, sua amiga, respectivamente secretárias de Trabalho, Habitação e Assistência Social e chefe da Casa Civil.
Apontada como pivô de algumas crises políticas que eclodiram precocemente na gestão do governador Robinson Faria, Tatiana voltou há algumas semanas a entrar em choque ainda surdo com a primeira dama, compartilhando com esta uma situação que instalou Robinson em verdadeira sinuca de bico. Um recuo que ela protagonizou quarta-feira passada deu a entender que Julianne venceu este “round” e pode levar Tatiana a deixar o governo.
Encontro desmarcado
Citando fontes do Centro Administrativo e especificamente da Governadoria, onde despacham Robinson e Tatiana, participantes da audiência parlamentar disseram que Julianne não gostou nada de ver a chefe da Casa Civil convocar para uma reunião nesse prédio pessoas que deveriam ter a secretaria de Estado do Trabalho, Habitação e da Assistência Social (Sethas) como seu interlocutor no executivo potiguar.
Mexeu os pauzinhos e conseguiu que, tão silenciosamente quanto possível, Tatiana começasse a desfazer o que havia começado. Em decorrência, já não foi realizada na última quarta-feira, 17, uma segunda reunião que Tatiana havia convocado com os mesmos interlocutores. Segundo os depoentes, o cancelamento do novo encontro não eliminou, porém, o “affaire” que incompatibiliza as duas.
O fato de a audiência parlamentar sobre as casas de estudantes ter sido solicitada à Assembléia Legislativa e presidida pela deputada estadual Cristiane Dantas (PCdoB) reforçou a impressão de que Robinson resolveu afastar Tatiana de um tema que só poderia deixar de ser tratado pela Sethas se Julianne assim pretendesse.
Com uma mão o Governador afastou Tatiana da questão, volatizando o segundo encontro que ela quis presidir com os educandos. Como parte da contação da história oficial, Julianne nem participou desse evento, de sorte que ali, pelo menos, ninguém lhe perguntaria sobre o quanto a incomodou a invasão de sua área por Tatiana.
Com a outra mão, recorrendo a Cristiane, esposa do vice-governador Fábio Dantas, ele teria feito com que o cancelamento da reunião na Casa Civil não chamasse atenção. De fato, o noticiário sobre o que houve na Assembléia Legislativa ajudou a fazer com que ninguém na mídia cobrasse a realização do encontro marcado por Tatiana. Detalhe que proclama: embora houvesse se considerado responsável pelo tema no âmbito do executivo, Tatiana nem participou da audiência presidida por Cristiane.
Pagar à Cosern
Conforme relato ouvido na Assembléia Legislativa, o início do deslize teria sido caracterizado pela reunião que a Chefe da Civil promoveu em seu gabinete e por sua única iniciativa, com dirigentes das casas de estudantes, entidades de direito privado que precisam da ajuda do Governo para sobreviver.
A reunião foi motivada pela divulgação – feita em primeira mão, aliás, pelo Blog de Roberto Guedes –, dias antes, da informação de que a Companhia Energética (Cosern) havia cortado o fornecimento a essas instituições, numa tacada só, porque o governo potiguar – e especificamente a Sethas – não vinha pagando a conta de luz de cada uma Casa de Estudante.
Cotovelada
Última a saber desse evento, Julianne se queixou a Robinson, mostrando a intromissão em sua área. À primeira hora, aliás, a reclamação de Julianne chegou a ser interpretada na Governadoria como queima em fogo de vaidades. E esta avaliação poderia prosperar se, como sugeriu alguém na Governadoria, o encontro entre Tatiana e os estudantes não houvesse atropelado uma ofensiva que a titular a Sethas já havia iniciado em sua pasta com o objetivo de assegurar o resgate do apoio do Estado às instituições que abrigam os educandos, sediadas em Natal e em algumas cidades-pólos de regiões potiguares.
...afastasse de sua área Tatiana, que queria "monitorar" suas ações e...
Realizada na quarta-feira 3 do corrente, a reunião mostrou claramente Tatiana assumindo a interlocução do governo com os estudantes. Aos olhos de Julianne e seus auxiliares, Tatiana foi vista aplicando dois golpes. Os menos sutis viram uma cotovelada na titular da Sethas. Outros enxergaram um verdadeiro “canto de carroceria” na primeira dama, que o encontro com os estudantes apresentou como hiposuficiente para conduzir sua pasta, precisando mesmo que monitorem suas ações.
“Monitorar”
Informações veiculadas na mídia potiguar com base em “press releases” distribuídos pela assessoria de comunicação social do governo do Estado mostraram, no estilo dos gestores, que “a secretária chefe da Casa Civil, Tatiana Mendes Cunha, se reuniu na manhã desta quarta-feira (3) com representantes de diversas entidades filantrópicas, com o objetivo de orientá-los sobre o que precisa ser feito para regularizar as doações do Governo do Estado, que se encontram sem suporte legal”.
Na ocasião, ainda de acordo com as fontes oficiais, Tatiana disse que “o governo do Estado reconhece a importância do trabalho que as instituições realizam para a sociedade. É evidente que temos interesse em manter a parceria do Governo com as entidades que os senhores representam, mas precisamos fazer isso de forma legal”.
No caso da energia, a propósito a Chefe da Casa Civil disse o que a Sethas já vinha propalando a respeito. Tatiana enfatizou que as instituições deverão assumir a titularidade de suas contas de energia junto à Cosern e providenciar a documentação para possibilitar a celebração de convênios com a Sethas, “já que o Gabinete Civil não tem competência institucional para tanto”. Por fim, Tatiana convocou nova reunião para o dia 17, a última quarta-feira, às 11h, em seu gabinete, e se comprometeu “a monitorar, com as instituições, e formalização dos convênios junto à Sethas”. Foi este o desdobramento prático do primeiro encontro que Julianne conseguiu volatizar ao pressionar o marido.
Tomar o lugar
Ao mostrar ao marido o que lhe pareceu uma incorreção de Tatiana, Julianne chegou a juntar notícias que a reunião com os líderes das casas dos estudantes tinha espalhado, de forma monorientada e a mostrar que uma outra bajulação agravou ainda mais o problema ao anular completamente a Sethas como o único agente do governo habilitado a manter o diálogo com as casas dos estudantes.
Nesse pacote destacou-se algo que um blog considerado porta-voz extra-oficial do Gabinete Civil foi até muito mais longe do que a própria Tatiana gostaria de ir para esvaziar a Sethas e a titular desta. Sob o título “Restabelecimento da energia das Casas do Estudante de Natal depende do Gabinete Civil do Governo do Estado”, ele divulgou uma informação que vale como atestado de incapacidade de Julianne e sua pasta:
“É de responsabilidade do Gabinete Civil do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, e não da Secretaria de Assistência Social, o pagamento da conta de energia elétrica das Casas do Estudante de Natal, que ainda se encontra sem o serviço restabelecido”, publicou o blog oficioso.
Irresponsável
Pelo que se soube na audiência pública de anteontem, na sede da Sethas, situada a poucas centenas de metros da Casa Civil, esta notícia explodiu como verdadeira bomba de efeito moral e não apenas por mentir sobre a quem cabe a responsabilidade legal e funcional no relacionamento entre o governo e as casas dos estudantes.  Pareceu que a Casa Civil diagnosticou a Sethas como irresponsável, tipo inimputável, feito índio ou pessoa de idade aquém dos dezoito anos.
Aos olhos do estafe da Sethas, Tatiana sugeriu mesmo que Julianne não pode cuidar pessoalmente de situações conflituosas, carecendo, portanto, de tutoria, de ser “monitorada”, necessitando de um socorro que não pediu à Chefe da Casa Civil.
Para piorar o quadro, fontes da Sethas garantem que na tarde do último dia 3, enquanto Tatiana se reunia com os estudantes, Julianne e assessores mais próximos cuidavam exatamente da situação das casas destes.
A esposa do Governador e os auxiliares mais próximos a ela queriam então o mesmo que Tatiana discursava em lugar de Julianne - viabilizar o fornecimento do que se fizesse necessário às casas de estudantes. E agiam discretamente, sem nem de longe pensarem que naquela hora alguém procurava, equivocada ou intencionalmente, mostrar-se como pajem de Julianne ou poupá-la, à sua revelia, de situações que exigem habilidade política.
Qualquer que fosse a motivação pareceu-lhes descabida porque, ponderadas as poucas respostas que o governo do marido deu no primeiro semestre de sua gestão às questões que elegeu como prioritárias, como saúde e segurança, a atuação de Julianne Faria se transformou na verdadeira face positiva do executivo. Pelo que se ouviu na Assembléia Legislativa, é Julianne quem tem apresentado uma imagem simpática do governo de Robinson, inclusive quando o faz acompanhá-la em situações simples, como visitas a clubes de mães, sindicatos e outras instituições assistidas pela Sethas. 
Boa vontade
Um dos principais colaboradores que Julianne havia mobilizado com o objetivo de solucionar a crise em que o executivo aprisionou as casas dos estudantes foi um advogado, para destrinchar do ponto de vista legal, aos olhos de educandos, leigos em direito, a dificuldade que se impõe entre a demanda destes e a boa vontade com que o governo quer resolver os problemas que afetam as casas que ocupam.
Como disse um funcionário da pasta citado em depoimento na audiência parlamentar, a pressa com que Tatiana entrou no campo da Sethas escondeu a parte da boa vontade governamental em relação aos estudantes que competia única e intransferivelmente a Julianne.
De fato, como disseram participantes da audiência, as casas dos estudantes precisam se regularizar como entidades de utilidade pública, medida que lhes foi exposta pela titular da Sethas há muito tempo e cuja concretização passa, necessariamente, pelo apoio da Assembléia Legislativa. Sem preencher esta condição, nenhuma associação pode se conveniar com o executivo.
Especificamente em relação à Casa do Estudante do Rio Grande do Norte, o maior estabelecimento do gênero, situado nas encostas entre a Cidade Alta e o rio Potengí, no centro velho de Natal, é necessário efetivar o cumprimento, pela instituição, de um “Termo de Ajustamento de Conduta”, um “TAC”, que celebrou com a Sethas, há dois anos, e nunca procurou transformar em ação concreta.
“Se a Casa do Estudante claudicou, ninguém pode dizer que a Sethas ou Julianne é incapaz de resolver o problema”, diz um técnico presente à audiência. Citando assessores de Julianne, ele diz que o descumprimento do Tac impediu o Estado de bancar a reforma necessária à sede da Casa do Estudante do Rio Grande do Norte, orçada em quase trezentos mil reais.
Reincidência
À parte a demonstração concreta de que Julianne cuidava do assunto na mesma hora em que a Casa Civil procurava se hipertrofiar em detrimento da Sethas, o que mais se destaca no episódio é uma reincidência de algo incômodo que já apensou muitos problemas à relação entre Robinson e sua esposa, por coincidência a face mais simpática da atual gestão.
Há tempos Julianne vinha reclamando porque em várias ocasiões Tatiana a desconsiderou. Há menos de dois meses, um gesto catalogado como desconsideração à primeira dama chegou a provocar uma crise na Casa Civil, afastando da pasta um dos principais auxiliares de Tatiana porque estava obedecendo menos a ela do que à primeira dama.
Tão logo Tatiana exonerou o funcionário de cargo de segundo escalão, Julianne transformou a queda em elevação. Robinson nomeou o demitido como presidente de uma estatal que tende a assumir papel relevante na ação financeira e patrimonial do governo.
...já respondia por crises como a que levou José Dias para a oposição.
Desagregadora
Um pouco antes desse episódio, a Chefe da Casa Civil entrou em choque com o deputado estadual Fernando Mineiro (PT), líder da bancada situacionista na Assembléia Legislativa, e em meses ainda mais recuados, no início mesmo da gestão de Robinson, ela se indispôs terminantemente com o deputado José Dias (PSD), até então o político mais ligado ao Governador e um dos grandes responsáveis por sua candidatura vitoriosa. Em decorrência, José Dias rompeu com Robinson, sem contudo se desfiliar do partido e também sem passar a fustigar o executivo através de sua atuação no parlamento.
O que mais tem sido apontado no Centro Administrativo e foi mencionado na reunião parlamentar como demonstração de que os conhecimentos de direito que projetaram sua reputação não bastam para que Tatiana conduza os negócios políticos do governo é a rapidez com que ela passou da afinidade absoluta para desgaste irremediável em alguns relacionamentos com pessoas próximas a Robinson.
Crise com Fábio
Uma das principais vítimas da ação desagregadora imputada a Tatiana por outros colaboradores de Robinson é o Vice-governador. Há meses Fábio Dantas evita ao máximo compartilhar com Tatiana momentos, informações e ações que ainda lhe são confiadas pelo Governador, mas não foi coincidência o fato de a audiência de sexta-feira haver sido toda esquematizada por sua esposa, numa operação que pode ter contribuído para o resgate das boas relações políticas entre os casais Dantas e Faria. Diz-se na área que Julianne advogada a restauração da confiança que seu marido depositava no Vice-governador e, por coincidência ou não, se volatizou muito desde que Tatiana assumiu a coordenação política da gestão de Robinson. 
Pelo que dizem no Centro Administrativo, foi enorme a corrosão que a amizade entre Tatiana e Fábio Dantas experimentou desde a posse da equipe.  Em dezembro do ano passado, entre a eleição e a posse de Robinson e seu estafe, Fábio Dantas e Tatiana eram “unha e carne”. Esta, aliás, era também a vinculação que Tatiana manteve com José Dias até o parlamentar descobrir-se atingindo pelas costas.  
Pedindo a cabeça
Segundo críticos da Chefe da Casa Civil, em todas as crises que ela provocou salientou-se o fato de utilizar a influência que exerce junto a Robinson para, em conversas a dois, contra-indicar o que amigos e correligionários do Governador sugeriam ou reivindicavam. Alguns acham que a primeira dama influencia menos o marido do que Tatiana – algo que ainda não firmou jurisprudência.
Fábio (D) foi lembrado para suceder a Tatiana na chefia da Casa Civil. 
De todas essas e outras crises atribuídas a Tatiana, a que mais doeu no governo foi justamente a que primeiro a opôs frontalmente a Julianne. Achando um absurdo ter que pedir a auxiliares de Tatiana que fizessem o que estava vinha lhe negando, Julianne chegou a pedir ao marido a exoneração da Chefe da Casa Civil, numa conversa muito difícil para o casal.
Para piorar a situação de Tatiana durante o diálogo do primeiro casal potiguar, na hora foram lembrados alguns percalços que o executivo cometeu no campo jurídico e ficou no ar a sensação de que enquanto se mete nas áreas de outrem a Chefe da Casa Civil não poupa Robinson de atitudes repreensíveis, como levar a secretária de Segurança, delegada Kalina Leite, assinar a portaria em que foi promovida como delegada de polícia.  
Nesta conversa, Robinson teria concordado quanto ao custo que inabilidades políticas debitadas na conta de Tatiana haviam imposto a seu governo. No entanto, refletiu sobre o isolamento a que sua gestão se vem condenando, com a conseqüente falta de quadros para aprimorar seu estafe. E ponderou que precisa manter Tatiana no posto por mais algum tempo, porque não teria agora quem colocar em seu lugar.

Vice-governador é solução
O único nome que teria ocorrido a Julianne e a Robinson nessa conversa, para a sucessão de Tatiana, foi justamente o de Fábio Dantas. Mas Robinson observou que o deputado federal Fábio Faria, seu primogênito e liderado no PSD, não aceitaria jamais entregar a interlocução política do governo ao Vice-governador, com quem colide há tempos em função de interesses conflitantes em municípios do agreste.
Ciente da falta de nomes qualificados, Julianne teria concedido algum prazo ao marido. Pelos depoimentos, Robinson teve até este dia 17 para resolver o “imbróglio”. Por enquanto, sabe-se apenas que a segunda reunião entre Tatiana e os estudantes não foi realizada. Quanto à permanência dela no mesmo time em que Julianne não deseja vê-la, é outra história a ser conferida nos próximos capítulos.
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Um comentário:

  1. Nenhuma novidade para quem conhece a Chefe da Casa Civil ou já trabalhou com ela. Muita zoada, pouca ação, longe de notável saber jurídico e um ego infladíssimo. Fico surpreso quando vejo essa mulher no poder, sem nenhuma qualificação pra isso. Nem articuladora, política e agregadora é. Muito ao contrário, como se viu. O governador já devia ter exonerado há tempos..

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