Ao elogiar Margarida (na extremidade esquerda da foto), durante evento do Proerd, Robinson não encontrou na versão potiguar do programa... |
Recendendo a má fé, agindo como cobra de
duas cabeças, apelando para o supra-sumo da irresponsabilidade e torcendo para
que a miopia do povo do Rio Grande do Norte se sublime exatamente agora e em
face desta questão e na verdade mostrando-se muito enrolado, o governo estadual
promoveu nesta terça-feira, 23, ontem, verdadeiro teatro falado para tentar esconder
em cortina de fumaça a certeza de que resolveu subtrair policiais ao Programa
Educacional de Resistência às Drogas (Proerd).
Numa mesma fala, a secretária de
Segurança, delegada Kalina Leite, negou a retirada de efetivo policial ao
Proerd e ao mesmo tempo admitiu que praças vinculados ao projeto serão
mobilizados em outras ações da Polícia Militar, notadamente o “Ronda Cidadã”,
que o governador Robinson Faria prometeu antes de tomar posse e, chegado o
sexto mês de sua gestão, ainda não mostrou aos conterrâneos.
Cédula
falsa
Adredemente preparada para impor longa
distância entre a criadora e líder do Proerd, a tenente-coronel Margarida
Fernandes Brandão, e o Governador, que a aplaudiu em público há pouquíssimos
dias, a entrevista teve um efeito paradoxal ao reforçar a idéia de que a gestão
de Robinson Faria se caracteriza, cada vez mais, como ciclotímica ou portadora
de transtorno bipolar.
O que mais se vê é Robinson aplaudir um
auxiliar e dias depois aplicar-lhe enorme traulitada. Há poucos dias ele saiu
sorridente da sede do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e horas depois
defenestrou todo o estafe da repartição, salvo o diretor geral, jabuti colocado
ali pelo deputado federal Fábio Faria, primogênito e oficialmente liderado de
Robinson no PSD.
O “script” desses capítulos de
ciclotimia procura mostrar ao mesmo tempo um Governador enérgico na degola sem
querer magoar a vítima, algo além do “hay que endurecerse pero sin perder la ternura
jamás” do notório Ernesto Che Guevara.
Foi o que houve ontem em relação a
Margarida Fernandes, personagem ausente da montagem de uma peça caracterizada
como cédula falsa.
Boato
oficial
Para piorar a apresentação da nota de
três reais, a Secretária, ao lado do comandante da Polícia Militar, coronel Angelo
Dantas, tratou como “boato” as informações divulgadas sobre o esvaziamento do Proerd,
mesmo sabendo que quem tomou a iniciativa de divulgá-la foi a servidora pública
que é o verdadeiro emblema do programa, uma das boas faces do executivo
potiguar há pelo menos dez anos.
...os erros que a Secretária e o Comandante acharam ontem, quando Kalina se enrolou negando e confirmando o distanciamento de policiais da Cipred para a "Ronda Cidadã". |
A se dar confiança a Kalina, ela mencionou
o primeiro boato com fonte oficial de que se tem conhecimento na história do
Brasil e do Rio Grande do Norte. Pois foi a criadora e líder do Proerd, a tenente-coronel
Margarida Fernandes Brandão, quem denunciou a snagria do programa e da unidade
da Polícia Militar que o abriga, a Companhia Independente de Prevenção ao Uso
de Drogas (Cipred).
Mordaça
Na entrevista coletiva de Kalina, a
propósito, a Secretária não conseguiu negar que ela e Angelo impuseram uma
mordaça a Margarida logo depois que esta divulgou sua denúncia. Como se sabe,
desde então ela não pode falar a respeito. Quem tem acicatado o governo de Kalina
e Angelo, mais conhecido como “governo das galinhas mineiras”, em alusão ao fato
de estas aves só ciscarem comida para seus quintais, em detrimento do que
estiver fora deste perímetro, em nome de Margarida é a advogada Kátia Nunes,
vinculada à Cipred e conhecida como defensora de policiais militares.
O que há de concreto e a montagem
teatral não derrubou é o fato de que o afastamento de policiais da Cipred em
nome da “Ronda Cidadã” está comprovado pela própria Secretária de Segurança.
Impossibilitada de desmentir a policial, que tem recebido muito apoio de parte
da população, o esquema governamental passou a tentar descaracterizar sua
denúncia. A última tentativa foi pintar partidariamente a ação de Margarida.
Sem dizer que Margarida está proibida,
pelo comando da Polícia Militar, de se pronunciar publicamente, um blogueiro
vinculado ao governo Robinson Faria divulgou nesta quarta-feira, 24, hoje, que,
instada a falar a uma emissora de rádio, ela se esquivou enviando Kátia em seu
nome.
Partidarização
Embora soubesse o real motivo da
representação pela advogada, o blogueiro e seus patrocinadores foram ao extremo
na tentativa de descaracterizar o autor da denúncia, passando a subordinar
Margarida a uma ofensiva com que opositores querem desacreditar o governo de
Robinson Faria, cada vez mais parecido com as atuações de Rosalba Ciarlini e
Micarla de Souza à frente do governo potiguar e da prefeitura de Natal em anos
recentíssimos.
A exemplo do que a presidanta Dilma
Rousseff e seu antecessor imediato Lula da Silva fizeram durante os últimos
anos imediatamente anteriores a 2015, atribuindo todas as mazelas de suas
gestões “às elites”, como se referiam à oposição, nas últimas semanas o governo
Robinson Faria atribui tudo de ruim de sua performance a uma orquestração que
imputa ao ministro do Turismo, o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves,
presidente regional do PMDB.
Falando
pela muda
Também neste caso foi utilizada a fórmula
da descaracterização da autoria, que no cenário nacional caiu por terra tanto
que o próprio Lula hoje expõe as mazelas de seu grupo político, em
reconhecimento de que tinham procedência as críticas e denúncias que procurava
invalidar desviando a conta para os adversários a fim de que o povo não visse o
mérito das acusações.
“Para representá-la, ‘foi enviada’ a
advogada Katia Nunes, candidata do PMDB a deputada estadual na eleição passada”,
salientou o blogueiro sobre o fato de Margarida não ter ido à emissora conceder
a entrevista solicitada. E lembrou então que a causídica tentou conquistar em 2014
uma vaga na Assembléia Legislativa, pelo PMDB, como forma de associar a imagem
de Margarida à de Henrique Eduardo, que perdeu para Robinson Faria a eleição
para Governador.
“Aí, já viu: as críticas deixam o
racional e passam a ser partidárias”, complementou o blog, lembrando que as
urnas deixaram Kátia como suplente e sem fazer a mínima alusão ao mutismo
imposto de cima para baixo a Margarida.
“Pena se discutir um importante
programa, como Proerd, com bandeiras partidárias empunhadas. Só perde o Rio
Grande do Norte”, escreveu o blogueiro.
Para piorar a descaracterização, o
blogueiro levantou uma questão que nem Kalina Leite ousou, a de que no Rio
Grande do Norte o Proerd está ultrapassado e chegou a este estágio por
mobilizar policiais, e não professores da rede estadual de ensino, com a qual
os gestores atuais não têm o menor diálogo. Ela também não explicou porque desviar para a "Ronda Cidadã" soldados nos quais a Polícia Militar muito investiu para que cuidassem do combate às drogas, nem disse que durante a ausência destes a corporação preencheria suas vagas no Proerd.
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