quarta-feira, 24 de junho de 2015

Enrolando-se, o governo nega e confirma esvaziamento do Proerd e recorre a “boatos”

Ao elogiar Margarida (na extremidade esquerda da foto), durante evento do
Proerd, Robinson não encontrou na versão potiguar do programa...

Recendendo a má fé, agindo como cobra de duas cabeças, apelando para o supra-sumo da irresponsabilidade e torcendo para que a miopia do povo do Rio Grande do Norte se sublime exatamente agora e em face desta questão e na verdade mostrando-se muito enrolado, o governo estadual promoveu nesta terça-feira, 23, ontem, verdadeiro teatro falado para tentar esconder em cortina de fumaça a certeza de que resolveu subtrair policiais ao Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd).
Numa mesma fala, a secretária de Segurança, delegada Kalina Leite, negou a retirada de efetivo policial ao Proerd e ao mesmo tempo admitiu que praças vinculados ao projeto serão mobilizados em outras ações da Polícia Militar, notadamente o “Ronda Cidadã”, que o governador Robinson Faria prometeu antes de tomar posse e, chegado o sexto mês de sua gestão, ainda não mostrou aos conterrâneos.
Cédula falsa
Adredemente preparada para impor longa distância entre a criadora e líder do Proerd, a tenente-coronel Margarida Fernandes Brandão, e o Governador, que a aplaudiu em público há pouquíssimos dias, a entrevista teve um efeito paradoxal ao reforçar a idéia de que a gestão de Robinson Faria se caracteriza, cada vez mais, como ciclotímica ou portadora de transtorno bipolar.
O que mais se vê é Robinson aplaudir um auxiliar e dias depois aplicar-lhe enorme traulitada. Há poucos dias ele saiu sorridente da sede do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e horas depois defenestrou todo o estafe da repartição, salvo o diretor geral, jabuti colocado ali pelo deputado federal Fábio Faria, primogênito e oficialmente liderado de Robinson no PSD.
O “script” desses capítulos de ciclotimia procura mostrar ao mesmo tempo um Governador enérgico na degola sem querer magoar a vítima, algo além do “hay que endurecerse pero sin perder la ternura jamás” do notório Ernesto Che Guevara.  
Foi o que houve ontem em relação a Margarida Fernandes, personagem ausente da montagem de uma peça caracterizada como cédula falsa.
Boato oficial
Para piorar a apresentação da nota de três reais, a Secretária, ao lado do comandante da Polícia Militar, coronel Angelo Dantas, tratou como “boato” as informações divulgadas sobre o esvaziamento do Proerd, mesmo sabendo que quem tomou a iniciativa de divulgá-la foi a servidora pública que é o verdadeiro emblema do programa, uma das boas faces do executivo potiguar há pelo menos dez anos.
...os erros que a Secretária e o Comandante acharam ontem,
quando Kalina se enrolou negando e confirmando o distanciamento
de policiais da Cipred para a "Ronda Cidadã".
A se dar confiança a Kalina, ela mencionou o primeiro boato com fonte oficial de que se tem conhecimento na história do Brasil e do Rio Grande do Norte. Pois foi a criadora e líder do Proerd, a tenente-coronel Margarida Fernandes Brandão, quem denunciou a snagria do programa e da unidade da Polícia Militar que o abriga, a Companhia Independente de Prevenção ao Uso de Drogas (Cipred).
Mordaça
Na entrevista coletiva de Kalina, a propósito, a Secretária não conseguiu negar que ela e Angelo impuseram uma mordaça a Margarida logo depois que esta divulgou sua denúncia. Como se sabe, desde então ela não pode falar a respeito. Quem tem acicatado o governo de Kalina e Angelo, mais conhecido como “governo das galinhas mineiras”, em alusão ao fato de estas aves só ciscarem comida para seus quintais, em detrimento do que estiver fora deste perímetro, em nome de Margarida é a advogada Kátia Nunes, vinculada à Cipred e conhecida como defensora de policiais militares.
O que há de concreto e a montagem teatral não derrubou é o fato de que o afastamento de policiais da Cipred em nome da “Ronda Cidadã” está comprovado pela própria Secretária de Segurança. Impossibilitada de desmentir a policial, que tem recebido muito apoio de parte da população, o esquema governamental passou a tentar descaracterizar sua denúncia. A última tentativa foi pintar partidariamente a ação de Margarida.
Sem dizer que Margarida está proibida, pelo comando da Polícia Militar, de se pronunciar publicamente, um blogueiro vinculado ao governo Robinson Faria divulgou nesta quarta-feira, 24, hoje, que, instada a falar a uma emissora de rádio, ela se esquivou enviando Kátia em seu nome.
Partidarização
Embora soubesse o real motivo da representação pela advogada, o blogueiro e seus patrocinadores foram ao extremo na tentativa de descaracterizar o autor da denúncia, passando a subordinar Margarida a uma ofensiva com que opositores querem desacreditar o governo de Robinson Faria, cada vez mais parecido com as atuações de Rosalba Ciarlini e Micarla de Souza à frente do governo potiguar e da prefeitura de Natal em anos recentíssimos.
A exemplo do que a presidanta Dilma Rousseff e seu antecessor imediato Lula da Silva fizeram durante os últimos anos imediatamente anteriores a 2015, atribuindo todas as mazelas de suas gestões “às elites”, como se referiam à oposição, nas últimas semanas o governo Robinson Faria atribui tudo de ruim de sua performance a uma orquestração que imputa ao ministro do Turismo, o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente regional do PMDB.
Falando pela muda
Também neste caso foi utilizada a fórmula da descaracterização da autoria, que no cenário nacional caiu por terra tanto que o próprio Lula hoje expõe as mazelas de seu grupo político, em reconhecimento de que tinham procedência as críticas e denúncias que procurava invalidar desviando a conta para os adversários a fim de que o povo não visse o mérito das acusações.    
“Para representá-la, ‘foi enviada’ a advogada Katia Nunes, candidata do PMDB a deputada estadual na eleição passada”, salientou o blogueiro sobre o fato de Margarida não ter ido à emissora conceder a entrevista solicitada. E lembrou então que a causídica tentou conquistar em 2014 uma vaga na Assembléia Legislativa, pelo PMDB, como forma de associar a imagem de Margarida à de Henrique Eduardo, que perdeu para Robinson Faria a eleição para Governador.
“Aí, já viu: as críticas deixam o racional e passam a ser partidárias”, complementou o blog, lembrando que as urnas deixaram Kátia como suplente e sem fazer a mínima alusão ao mutismo imposto de cima para baixo a Margarida.
“Pena se discutir um importante programa, como Proerd, com bandeiras partidárias empunhadas. Só perde o Rio Grande do Norte”, escreveu o blogueiro.
Para piorar a descaracterização, o blogueiro levantou uma questão que nem Kalina Leite ousou, a de que no Rio Grande do Norte o Proerd está ultrapassado e chegou a este estágio por mobilizar policiais, e não professores da rede estadual de ensino, com a qual os gestores atuais não têm o menor diálogo. Ela também não explicou porque desviar para a "Ronda Cidadã" soldados nos quais a Polícia Militar muito investiu para que cuidassem do combate às drogas, nem disse que durante a ausência destes a corporação preencheria suas vagas no Proerd.
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(Em 150624).

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