sexta-feira, 26 de junho de 2015

Potiguares se confundem e vêem miragem no plano de Dilma


Ao elencar vários projetos para inserção atrasada no Programa de Investimentos em Logística (PIL) da presidanta Dilma Rousseff, o Rio Grande do Norte não citou um investidor, como quem pensa que basta dizer em que deseja gastar para que o dinheiro apareça. Na realidade, o PIL está para investimentos estruturantes assim como as leis Rouanett e Câmara Cascudo para empreendimentos culturais: ele pode referendar empreendimentos, mas é imprescindível que o interessado por cada um destes conquiste capitalistas para investirem neles. Atrair e mobilizar investidores não é, ancestralmente, uma característica desta unidade federativa.
Maquete do porto à esquerda do Potengí: quem quer investir nele?
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ROBERTO GUEDES
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Os norte-rio-grandenses viajaram tão rapidamente da situação de não terem nda de seu incluído no Programa de Investimentos em Logística (PIL) lançado há poucas semanas pela presidanta Dilma Rousseff que em pleno vôo imaginam estarem prestes a desembarcar numa grande bolsa de financiamentos a fundo perdido.
Como se vê na manchete desta sexta-feira, 26, hoje, do matutino impresso “Tribuna do Norte”, o resultado desta atitude é a determinação local de incluir no “pacote” a construção de ferrovias, rodovias e dois portos que até bem recentemente não figuravam nem no cardápio tradicional de reivindicações conterrâneas.
Já esgrimindo “projetos básicos” e “estudos de viabilidade” de que ninguém tinha conhecimento até anteontem e que têm data marcada para serem apresentados ao governo federal, 7 de julho próximo, os proponentes falam em investimento global de 12,1 bilhões de reais e não indicam sequer um grupo empresarial dotado de capital e de interesse em investir nesses empreendimentos.
Cadê o investidor?
A ofensiva conterrânea não parte do princípio de que o PIL foi lançado por um governo federal desprovido de dinheiro, que investiu muito em outros países, através do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e não no território nacional, e que deseja apenas juntar reivindicações localizadas com capitalistas que nem conhece. Na verdade, o PIL é apenas uma versão das leis "Rouanet" e "Câmara Cascudo", que permitem a quem quiser investir neste ou naquele projeto cultural, sem que o poder público coloque de seu um níquel nesses empreendimentos.
Procurando sugerir que deseja "privatizar" quatro projetos como se os tivesse em sua carteira de investimentos e carecesse de parceiros para eventual injeção de capitais, quem aparece expondo o pacote é o secretário estadual de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, economista Paulo Roberto Cordeiro, que recentemente foi desautorizado em questão importante para o Rio Grande do Norte pelo governador Robinson Faria, criticado por não cuidar de oferecer ao Estado um núcleo pensante ou planejador. 
Cordeiro, como se viu, quis inibir investimentos na geração de energia não poluente no território potiguar, e se Robinson não viesse apagar o incêndio o Secretário teria prestado inestimável serviço ao desinvestimento nesta unidade federativa.
Sem apresentar o cartão de visitas de nenhum capitalizado que se candidate a investir aqui, o cardápio de projetos potiguares só elencam idéias arrumadas às pressas ou que vinham mofando há tempos em espaços obscuros que nem a naftalina cheiram. E inclui empreendimentos que até agora correspondiam a responsabilidade de órgãos governamentais que os negligenciaram.
Destaca-se, por exemplo, na oferta, que parece estar sendo elaborada a toque de caixa a duplicação do trecho potiguar da rodovia BR 304, que o Rio Grande do Norte nunca soube advogar, porquanto só a apresenta como interesse daqui, a despeito de dispor da chance de compartilhar o DNA da proposta com o governo do vizinho Ceará, Estado de muito maior força política do que este. Aos norte-rio-grandenses, vários ministros dos Transportes, diretores do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), presidentes da República e candidatos a tal já prometeram esta duplicação, que esbarrou, sempre, na falta de dinheiro da União para este tipo de empreendimento.
Às pressas
Associando ainda a construção de um porto na margem esquerda do estuário Potengí à de um outro em alto-mar, próximo à cidade de Porto do Mangue, no litoral salineiro pontificado por Macau e Areia Branca, o pacote potiguar passou a prever investimentos na criação de uma malha ferroviária voltada para a exportação de insumos, de frutas a ferro.
Lastimavelmente, nada disto estava preparado como prioridades do Rio Grande do Norte, unidade federativa cujo governo há muito tempo colocou planejamento abaixo do seu tapete, e não constava também nos escalões da União que precisassem eleger projetos quando a administração federal precisasse lançar um factóide qualquer para sugerir que acordou para a crise econômica gerada por suas incúria e inoperância.

Os coestaduanos precisam acreditar que algo com o propósito de alavancar o desenvolvimento local será finalmente feito e torcer, no caso, para que algum desses projetos cheguem a bom termo. Contudo, é indispensável salientar que nada será feito se esta unidade federativa não tiver uma ótima carteira de potenciais candidatos a investidores em iniciativas de interesse local. Do contrário, o Rio Grande do Norte estará somente fazendo número na nova jogada federal. 
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