Robinson foi ao altar de Henrique, jogaram-se confetes, esqueceram os novos donos do terminal e não se lembraram da reunião que o Ministro havia agendado para hoje com a diretoria da Latam |
Por incrível que
pareça, na cênica reconciliação que encenaram nesta quarta-feira, 13, ontem, em
Brasília, cumprimentando-se diante de terceiros depois das desavenças que os
transformaram em ex-amigos durante a última campanha eleitoral, o ministro do
Turismo, ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves, e o governador Robinson
Faria, não disseram nada sobre a reunião que o primeiro havia agendado para
hoje com a diretoria do grupo Latam.
Na agenda está
somente o que ambos discursaram ontem, a defesa do aeroporto Aluizio Alves, em
São Gonçalo do Amarante, para ser adotado como centro de conexões da empresa,
que controla da Tam no Brasil e a Lan, no Chile. Esta condição está sendo
disputada também pelos aeroportos de Fortaleza, Ceará, e Recife, Pernambuco. A
eleição do que finalmente será transformado em “HUB” pela Latam vinha mostrando
até ontem o quanto, privilegiando ressentimentos, Henrique e Robinson não se
uniam em defesa do que é prioritário para o Rio Grande do Norte.
Excludentes
Presos a
uma estratégia de exclusão recíproca de outubro até ontem, quando Robinson foi beijar o novo altar de Henrique Eduardo, os dois faziam rir até
no cenário do aeroporto. O Governador esteve há poucos dias, em São Paulo, com
a diretoria da Latam, e não chamou Henrique Eduardo para acompanhá-lo; horas
depois, o Ministro anunciou que nesta quinta-feira, 14, ou seja, hoje, levaria
prefeitos e congressistas potiguares a uma reunião com a mesma diretoria
empresarial, para tratar do mesmo assunto, e olimpicamente omitiu qualquer
suspeita de intenção de atrair para a comitiva o chefe do executivo potiguar.
Como se não
bastasse, Henrique Eduardo atraiu a Natal um colega que pode ajudar ao Rio
Grande do Norte, o titular da pasta dos Portos, ministro Edinho Araújo, cujo prenome
sugere suas importância e magnitude, e nem sequer respeitou o protocolo, que
objetivamente manda mais do que convidar o Governador para participar do
cumprimento da agenda ministerial, determinando que seja transformado em
anfitrião.
Ex-governador e
ex-ministro, o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), primo de Henrique Eduardo,
percebeu o desrespeito à liturgia dos cargos e telefonou para Robinson,
ensejando uma rápida conversa em que Edinho chamou o chefe do executivo
potiguar para acompanhá-lo, dali a minutos, numa visita ao porto de Natal.
Robinson declinou por ter sido lembrado à última hora.
A mesma teia de
desencontros alimentada pela sensação de perda e pela soberba do ganho que se
impôs a Henrique Eduardo e a Robinson Faria, respectivamente, através das urnas
de outubro último, o governo potiguar fez na semana passada uma senhora
desfeita ao Ministro, quando o secretário de Turismo, hoteleiro Ruy Gaspar, deixou
de comparecer, sem qualquer explicação, a audiência que havia solicitado ao
titular da pasta federal homônima.
Confetes
Norte-rio-grandenses
que ainda levam a sério as articulações protagonizadas por políticos
conterrâneos, decerto pelo fato de acreditar que ainda sejam merecedores da
enésima demonstração de confiança, gostaram de vê-los convergir para a reunião
de ontem, quando Robinson levaria toda uma “entourage” e mais a bancada federal
do Rio Grande do Norte ao gabinete em que o ex-concorrente Henrique Eduardo não
conseguiu nomear sequer seu lugar-tenente.
Jogando muitos confetes
um no outro, falaram muito e obviamente destacaram o turismo como a grande nova
vocação do Rio Grande do Norte, enfatizando que a transformação do aeroporto Aluizio
Alves em HUB pela Latam é meta a ser buscada por todos. No entanto, oba-oba à
parte, ao despacharem seus “press releases” e “tuítes” Henrique Eduardo e
Robinson se esqueceram de dizer se iriam juntos hoje à sede brasileira da empresa,
em São Paulo, pedir por esta unidade federativa. Não custava nada o Ministro levar o Governador debaixo do braço. A causa do bem comum aceita gestos nobres.
Henrique Eduardo
anunciou a reunião de hoje na Latam durante audiência pública de que participou
na câmara municipal de Natal, numa iniciativa do vereador Felipe Alves, seu
primo e de certa forma liderado – ele segue mais a orientação de Garibaldi Filho,
seu tio, e do pai, conselheiro Paulo Roberto Alves, do Tribunal de Contas do
Estado, que é irmão do Senador.
Na ocasião,
Henrique Eduardo frisou que além de deputados e senadores da bancada federal do
Rio Grande do Norte, “também foram convidados para o encontro os prefeitos de
Natal, Carlos Eduardo Alves, e de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado”. De
Governador, “necas de pitibiriba”, como diria o falecido jornalista Luiz Maria
Alves.
Esqueceram os argentinos
Dispensável é dizer
que também não abordaram a oportunidade de transformar em seu maior aliado
nesta disputa a empresa argentina que na semana passada tornou-se única
proprietária do terminal potiguar. Ela pode oferecer à Latam garantias que
ninguém mais, nem Governador nem Ministro, têm condições de proporcionar.
Dona ou
arrendatária de 53 aeroportos, ela pode transformar igualmente o Aluizio Alves
em HUB de várias transportadoras que atuam entre continentes, e, no entanto, ao
término do jogo mútuo de lisonjas de ontem, viu-se que nem o Ministro nem o
Governador voltaram seus olhos para este parceiro em potencial, dizendo, por
exemplo, que querem pelo menos dialogar com ele.
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