quinta-feira, 14 de maio de 2015

Henrique “esquece” encontro de hoje sobre aeroporto

Robinson foi ao altar de Henrique, jogaram-se confetes,
esqueceram os novos  donos do terminal e  não se lembraram
da reunião que o Ministro havia agendado para hoje
com a diretoria da Latam 
Por incrível que pareça, na cênica reconciliação que encenaram nesta quarta-feira, 13, ontem, em Brasília, cumprimentando-se diante de terceiros depois das desavenças que os transformaram em ex-amigos durante a última campanha eleitoral, o ministro do Turismo, ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves, e o governador Robinson Faria, não disseram nada sobre a reunião que o primeiro havia agendado para hoje com a diretoria do grupo Latam.
Na agenda está somente o que ambos discursaram ontem, a defesa do aeroporto Aluizio Alves, em São Gonçalo do Amarante, para ser adotado como centro de conexões da empresa, que controla da Tam no Brasil e a Lan, no Chile. Esta condição está sendo disputada também pelos aeroportos de Fortaleza, Ceará, e Recife, Pernambuco. A eleição do que finalmente será transformado em “HUB” pela Latam vinha mostrando até ontem o quanto, privilegiando ressentimentos, Henrique e Robinson não se uniam em defesa do que é prioritário para o Rio Grande do Norte.
Excludentes
Presos a uma estratégia de exclusão recíproca de outubro até ontem, quando Robinson foi beijar o novo altar de Henrique Eduardo, os dois faziam rir até no cenário do aeroporto. O Governador esteve há poucos dias, em São Paulo, com a diretoria da Latam, e não chamou Henrique Eduardo para acompanhá-lo; horas depois, o Ministro anunciou que nesta quinta-feira, 14, ou seja, hoje, levaria prefeitos e congressistas potiguares a uma reunião com a mesma diretoria empresarial, para tratar do mesmo assunto, e olimpicamente omitiu qualquer suspeita de intenção de atrair para a comitiva o chefe do executivo potiguar.
Como se não bastasse, Henrique Eduardo atraiu a Natal um colega que pode ajudar ao Rio Grande do Norte, o titular da pasta dos Portos, ministro Edinho Araújo, cujo prenome sugere suas importância e magnitude, e nem sequer respeitou o protocolo, que objetivamente manda mais do que convidar o Governador para participar do cumprimento da agenda ministerial, determinando que seja transformado em anfitrião.
Ex-governador e ex-ministro, o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), primo de Henrique Eduardo, percebeu o desrespeito à liturgia dos cargos e telefonou para Robinson, ensejando uma rápida conversa em que Edinho chamou o chefe do executivo potiguar para acompanhá-lo, dali a minutos, numa visita ao porto de Natal. Robinson declinou por ter sido lembrado à última hora.  
A mesma teia de desencontros alimentada pela sensação de perda e pela soberba do ganho que se impôs a Henrique Eduardo e a Robinson Faria, respectivamente, através das urnas de outubro último, o governo potiguar fez na semana passada uma senhora desfeita ao Ministro, quando o secretário de Turismo, hoteleiro Ruy Gaspar, deixou de comparecer, sem qualquer explicação, a audiência que havia solicitado ao titular da pasta federal homônima.
Confetes
Norte-rio-grandenses que ainda levam a sério as articulações protagonizadas por políticos conterrâneos, decerto pelo fato de acreditar que ainda sejam merecedores da enésima demonstração de confiança, gostaram de vê-los convergir para a reunião de ontem, quando Robinson levaria toda uma “entourage” e mais a bancada federal do Rio Grande do Norte ao gabinete em que o ex-concorrente Henrique Eduardo não conseguiu nomear sequer seu lugar-tenente.
Jogando muitos confetes um no outro, falaram muito e obviamente destacaram o turismo como a grande nova vocação do Rio Grande do Norte, enfatizando que a transformação do aeroporto Aluizio Alves em HUB pela Latam é meta a ser buscada por todos. No entanto, oba-oba à parte, ao despacharem seus “press releases” e “tuítes” Henrique Eduardo e Robinson se esqueceram de dizer se iriam juntos hoje à sede brasileira da empresa, em São Paulo, pedir por esta unidade federativa. Não custava nada o Ministro levar o Governador debaixo do braço. A causa do bem comum aceita gestos nobres. 
Henrique Eduardo anunciou a reunião de hoje na Latam durante audiência pública de que participou na câmara municipal de Natal, numa iniciativa do vereador Felipe Alves, seu primo e de certa forma liderado – ele segue mais a orientação de Garibaldi Filho, seu tio, e do pai, conselheiro Paulo Roberto Alves, do Tribunal de Contas do Estado, que é irmão do Senador.
Na ocasião, Henrique Eduardo frisou que além de deputados e senadores da bancada federal do Rio Grande do Norte, “também foram convidados para o encontro os prefeitos de Natal, Carlos Eduardo Alves, e de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado”. De Governador, “necas de pitibiriba”, como diria o falecido jornalista Luiz Maria Alves.
Esqueceram os argentinos
Dispensável é dizer que também não abordaram a oportunidade de transformar em seu maior aliado nesta disputa a empresa argentina que na semana passada tornou-se única proprietária do terminal potiguar. Ela pode oferecer à Latam garantias que ninguém mais, nem Governador nem Ministro, têm condições de proporcionar.
Dona ou arrendatária de 53 aeroportos, ela pode transformar igualmente o Aluizio Alves em HUB de várias transportadoras que atuam entre continentes, e, no entanto, ao término do jogo mútuo de lisonjas de ontem, viu-se que nem o Ministro nem o Governador voltaram seus olhos para este parceiro em potencial, dizendo, por exemplo, que querem pelo menos dialogar com ele.
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