sábado, 16 de maio de 2015

Nova Paz Pública: “Tribuna” deve encher a bola de Robinson

Vem aí uma reedição do entendimento que associou os Alves a Tarcísio Maia

Robinson entre José Agripino (E) e Henrique Eduardo no altar do Ministro: nova reconciliação pode abrir portas em Brasília e cacifar em Natal um governo que se arrependeu de se haver transformado em presa do PT.

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ROBERTO GUEDES
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Jornalistas vinculados ao matutino impresso “Tribuna do Norte” dizem que, nos próximos dias o periódico deverá focalizar simpaticamente alguns segmentos do governo Robinson Faria, conforme orientação que seus editores teriam recebido do presidente da empresa que o publica, o ex-deputado Henrique Eduardo Alves, presidente regional do PMDB e desde o início de abril ministro do Turismo.
O começo do que chamam de “operação água de flor de laranja em Robinson” foi a grande entrevista do Governador que o periódico veiculou no último domingo, 10, “Dia das Mães”.
A sucessão de reportagens simpáticas seria o ponto alto de uma ofensiva de demonstração de que o controlador da editora passou a reconhecer o apoio que Robinson emprestou à sua nomeação. Estaria em curso o vestibular de uma reedição da “Paz Pública”, processo em que o então governador Tarcísio Maia, colocado no poder pelos militares de plantão em 1975, cooptou o pai de Henrique Eduardo, o jornalista Aluizio Alves, que, a despeito de estar então desprovido de seus direitos políticos, devido a um ato de força, era de longe o maior líder popular do Rio Grande do Norte. Em 1978, Aluizio, líder do PMDB impedido de subir a palanque, deu a Tarcísio uma grande vitória, a reeleição do saudoso senador Jessé Freire pela Arena, o partido dos governantes fardados.
Gratidão
Como este jornalista informou muito antes de a presidanta Dilma Roussef confiar a pasta do Turismo a Henrique Eduardo, uma das dificuldades enfrentadas pelo Palácio do Planalto era a informação, previamente transmitida à casa, de que uma eventual nomeação dele irritaria profundamente a Robinson. O “nihil obstat” do Governador foi conseguido pelo ex-presidente Lula da Silva, que se empenhou pessoalmente pela nomeação de Henrique Eduardo por considerá-lo necessário à rearticulação política a partir da Presidência da República.  
Mais do que gratidão, entretanto, a simpatia que os meios de comunicação controlados pela família de Henrique Eduardo ou, como no caso da InterTVCabugi, afiliada local da Rede Globo de Televisão, contratualmente vinculadas aos interesses políticos do Ministro, refletiria novo entendimento em gestação entre líderes potiguares.
Henrique e Robinson estariam começando um “Pas de deux”, termo do ballet clássico que, em francês significa “Passo de dois”. É o trecho do “ballet” dançado por um bailarino e uma bailarina. O “Pas de deux” completo é chamado de “Grand Pas de deux” ou  “Grand Pas”, e é composto de um “entrée”, um “adágio”, variação masculina, variação feminina e a “coda”.
Abrindo portas
O primeiro passo para que a população potiguar tomasse conhecimento da reconciliação, a princípio batizada de apenas administrativa, como sempre acontece em situações como esta, foi o agendamento da audiência que o Ministro concedeu ao Governador e à bancada federal potiguar, esta semana, em Brasília. Vista por analistas políticos como verdadeira ida de Robinson ao altar de Henrique Eduardo, o encontro lembrou situações em que a inegável capacidade de articulação do Ministro tem levado adversários a procurá-lo em busca de soluções que dependem de outrem.
Isto ocorreu sucessivamente às então governadoras Wilma de Faria e Rosalba Ciarlini, a cujas gestões Henrique Eduardo apensou o PMDB sob críticas de exercitar um mero fisiologismo ao qual não conseguiria escapar. Deputado em franca ascensão no cenário político nacional, nessas ocasiões Henrique Eduardo abriu muito as portas do poder em Brasília para governos estaduais que de outra forma não teriam acesso a nada que dependesse da União.
Decorre dessa importância e das reconciliações protagonizadas pelo atual Ministro o fato de seu nome estar ligado a muitas realizações de Rosalba e Wilma e também do saudoso governador Iberê Ferreira de Souza, um dos maiores amigos de Henrique Eduardo, que chefiou o executivo entre os mandatos de uma e de outra.
Erros com o PT
O que teria levado Robinson a reconhecer a necessidade de apensar seu governo ao espaço de manobras do Ministro em Brasília teriam sido algumas conclusões a que chegou recentemente, capazes de fazê-lo tentar derrubar a barreira de inimizada que os separou na fase final da campanha eleitoral de 2014, quando o atual chefe do executivo atropelou súbita e bruscamente a realização do sonho de vir a governar o Rio Grande do Norte.
Uma destas é a de que estariam ocorrendo muitas obstruções nas suas comunicações com os líderes do PT no Rio Grande do Norte, a senadora Fátima Bezerra e o deputado estadual Fernando Mineiro. Não era assim antes que ela começasse a deixar escapar a intenção de disputar-lhe a chefia do executivo em 2018. Robinson e Fátima se deram bem até depois que, contrariando a vontade dela, ele anunciou, antes mesmo de tomar posse, a 1° de janeiro, que Mineiro já era seu candidato a prefeito de Natal nas urnas do próximo ano.
Desatar nós
O quadro se agravou na medida em que Robinson percebeu o erro desse anúncio. Pesquisas eleitorais promovidas periodicamente desde janeiro mostram que nem esse empurrão levou Mineiro a se destacar entre os potenciais candidatos a prefeito e a ameaçar a grande liderança que o ocupante do cargo, Carlos Eduardo Alves, primo de Henrique Eduardo, mantém folgadamente sondagem após sondagem.
Ademais, no âmbito interno do petismo, ele havia feito uma opção cara, por Mineiro, em detrimento de Fátima, traduzindo-a através da entrega de secretarias de seu governo a correligionários formais dos dois que só aceitam a liderança do Deputado.
Enquanto este relacionamento enfrentava gargalos e obstruções, Robinson foi alertado para o fato de que, transformado em zumbi em Brasília pela derrota que ele lhe impingiu, ao se transformar em Ministro rapidamente Henrique Eduardo se transformaria, novamente, em pedra de toque da busca de soluções para os problemas que inibem o desenvolvimento do Rio Grande do Norte.
Intervenção de Garibaldi
Servido, além dos limites do organograma governamental, por conselheiros que ao mesmo tempo assessoram – também fora do poder público – o Ministro do Turismo, Robinson passou a ponderar a vantagem de se reconciliar com ele, pagando o preço político que lhe apresentassem, pois nenhum seria tão elevado e amargo quanto o de alimentar no PT a cobra que já se prepara para picar mortalmente seu projeto de reeleição. 
Ademais, como não foi eleito por conquista, e sim por exclusão da hipótese de vitória do principal concorrente, Robinson assumiu a chefia do executivo sem liderar um exército de ataque e obrigado a improvisar um de ocupação, sob pena de ficar cada vez mais na mãos de petistas que não lhe davam retorno. 
Reconciliar-se com o presidente nacional do Dem, senador José Agripino Maia, a quem tratou deselegantemente desde que assumiu a presidência regional do PSD, legenda fundada sobre escombros daquela, ajudou Robinson a pavimentar o caminho do entendimento com Henrique Eduardo visando passar a contar, em Brasília, com o que parece a ambos o melhor advogado junto a Dilma.
Aceitando esta orientação, deu o primeiro passo rumo à reconciliação ao concordar com a nomeação de Henrique Eduardo, mas esperou à sua maneira um gesto do novo Ministro: nem sequer mencionou sua presença na mesa principal ao discursar num evento nacional de que participaram, em Trancoso, na Bahia, e não o convidou para ajudar a recepcionar o ministro da Fazenda, economista Joaquim Levi, em Natal. Esta ofensiva chegou ao ápice quando o secretário estadual de Turismo, o jovem Ruyzito Gaspar, foi orientado a não comparecer a uma audiência que tinha agendado com o Ministro, no gabinete deste, em Brasília.  
Enquanto o público assistia a gestos desagradáveis como esses, Robinson esperava que o Ministro estendesse a mão. Quem ensejou este gesto foi o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB). Ele estranhou que Robinson não tivesse sido convidado para compartilhar com Henrique Eduardo a condição de anfitrião do ministro Edinho Araújo, titular da secretaria nacional dos Portos, enquanto os dois colegas de ministério almoçavam na casa natalense do titular da pasta do Turismo, pegou o telefone e fez com que Edinho e Henrique Eduardo conversassem com o Governador.
Da quebra do gelo a um entendimento altamente complexo para Henrique Eduardo e Robinson foi um passo muito coreografado. Agora se sabe, por exemplo, que o fora dado pelo Secretário de Turismo no Ministro objetivou reservar a Robinson a primazia de estender a mão a Henrique Eduardo em nome de toda a sua equipe, deixando para Ruyzito, amigo pessoal do novo parceiro, a missão de secundá-lo.
As pegadas dessa caminhada deverão ser escritas nas entrelinhas de próximas reportagens do “Tribuna do Norte”.
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