sexta-feira, 12 de junho de 2015

Federação defenderá lojistas contra shopping center

Presidente de uma das principais entidades de representação do comércio potiguar, o empresário Afrânio Miranda já vinha organizando os lojistas de outros centros semelhantes ao Natal Shopping quando constatou que é necessário escolher entre donos de imóveis que exploram colegas e vendedores que tentam escapar à crise econômica que se impõe ao Brasil. “Numa hora dessas, mais do que nunca, nosso lado é o dos lojistas”, garante..

Afrânio: entre lojistas que lutam e dono de imóvel, fica com os colegas.
A Federação de Câmaras de Diretores Lojistas (FCDL) e outras entidades de representação do comércio no Rio Grande do Norte deverão se unir e agir com o objetivo de organizar e apoiar os comerciantes estabelecidos no Natal Shopping Centera fim de tentar reverter decisões com que o centro comercial os está prejudicando, a começar pelo reajuste da tarifa do estacionamento situado junto à praça da alimentação do estabelecimento.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 12, hoje, pelo presidente da FCDL, empresário Afrânio Miranda, para quem é “uma crueldade” o que o Natal e outros shopping centers estão fazendo contra seus lojistas.
Para quem ainda não o conhece, Afrânio Miranda é o empresário que está protagonizando através das emissoras de televisão potiguares uma campanha visando estimular os empreendedores conterrâneos a não se deixar abater pelo pessimismo espargido sobre todo o país pela crise econômica que o governo federal provocou com sua incúria.  
“Numa época de crise, em que o comerciante faz tudo para que o cliente interaja com seu negócio, produzindo e procurando faturar, esse reajuste de taxa de estacionamento vai na contra-mão”, disse, torcendo para que os administradores do Natal Shopping repensem o que estão fazendo.
Imposto a pretexto da criação de um estacionamento “VIP”, o reajuste, de 66%, esvaziou completamente o espaço junto à praça da alimentação e as mesas desta.
Crueldade
“Um aumento destes é cruel, é perverso e tende a matar muitos negócios”, avançou, elencando pequenos lojistas de shopping centers que ao longo deste semeste estão chegando à conclusão de que é melhor fechar suas lojas a bancar o funcionamento desses centros comerciais.
Afrânio telefonou espontaneamente para o Blog de Roberto Guedes para, como disse ao iniciar a conversa, agradecer porque este periódico virtual mostrou bem e suficientemente as dificuldades que seus colegas instalados no Natal Shopping Center estão enfrentando desde segunda-feira passada, quando a tarifa do estacionamento foi elevada de seis para dez reais.
Disse então que a melhor contribuição dada por este veículo à causa dos lojistas pressionados pelo Natal Shopping Center foi mostrar o quanto é necessária a união de todos pela causa.
Sofrimento
Dono da rede de lojas de informática Miranda Computação, que se destaca no mix do Natal Shopping Center, Afrânio achou bom experimentar com o blog o “insight” para conhecer o sofrimento a que estão sendo progressivamente submetidos os lojistas do centro comercial.
Ele ainda não se havia voltado especificamente para o drama imposto a esses lojistas porque há semanas vinha cuidando de neutralizar problema semelhante que se impõe crescentemente na interação de lojistas colegas estabelecidos em outros centros do gênero.
Nos últimos dias, ele e outros líderes do empresariado do comércio vinham organizando os colegas instalados no Cidade Jardim, no Midway Mall, no Praia Shopping e no Via Direta, na zona sul, e no North Shopping, à esquerda do rio Potengí, com o propósito claro de enfrentar os erros de estratégia cometidos pelos administradores desses centros comerciais.
“Não poderíamos fazer um trabalho desses em quatro ou cinco shoppings centers sem acordarmos para a necessidade operar igual mudança de atitude no mais antigo estabelecimento do gênero de nossa cidade”, disse, ratificando as críticas que os lojistas vinculados ao Natal Shopping Center elencam contra a conduta dos gestores deste.
Reverter os prejuízos
Salientando que no caso do Natal Shopping Center o que mais se impõe no momento é tentar reverter os efeitos negativos do aumento imposto à tarifa do estacionamento junto à praça da alimentação, ele chamou a atenção para conflitos que se vêm esticando há bem mais tempo.
“Parece até que os administradores dos shopping center se uniram para prejudicar os comerciantes daqui vinculados a esses estabelecimentos”, lastima Afrânio, cuja rede está presente em praticamente todos os grandes centros comerciais da região metropolitana.
Sua constatação emerge em momento singular da trajetória da Miranda Computação, pois desde 2014 Afrânio investe no sentido exatamente de fortalecer sua presença em shopping centers. Há pouco tempo, sua empresa se instalou no Via Direta.
De acordo com funcionários da Miranda Computação, enquanto providenciava o desembarque no centro comercial, situado em frente ao Natal Shopping, na alça sul do trecho da BR 101 que corta Natal, a empresa estaria fechando uma de suas mais antigas lojas, uma que abria suas portas diretamente para a via pública, na avenida Salgado Filho.
Cobrança errada
Nas reuniões que promoveu nos últimos dias com lojistas dos shoppings centers, diz Afrânio, todo mundo condenou a elevação das tarifas de estacionamento, que teria sido “puxada”, ainda no semestre passado, pelo Natal Shopping Center.
Os centros congêneres que cobram estacionamento passaram a adotar os mesmos percentuais de reajuste, se bem que mantendo diferenças entre os valores absolutos, diz, mostrando uma exceção. A seu ver, os donos de shopping center deveriam se espelhar na conduta do Midway Mall, que não cobram nada pelo estacionamento. Longe disso, cada vez mais os administradores de shopping centers agem mais como gestores de estacionamentos situados junto a lojas a explorar, no pior do sentido.
Exemplo de Nevaldo
“Não se concebe que o Praia Shopping cobre quatro ou cinco reais para o consumidor manter seu carro ali durante o tempo em que cuida, exatamente, de fazer compras nas lojas do próprio estabelecimento”, diz.
Ele vai mais longe, abraçando uma tese esposada pelo empresário Nevaldo Rocha, controlador do grupo Guararapes e principal responsável pela criação do shopping center Midway Mall.
Apontado como de longe o maior de Natal, o Midway não cobra taxa de estacionamento, enquanto os concorrentes o fazem adotando como referências os valores adotados por shopping centers de São Paulo.
“As culturas, os valores de uma região não podem se impor aos filhos da terra na região destes”, diz, preocupando-se, ao mesmo tempo, com a constatação a que muitos comerciantes já chegaram, de que os donos do Natal Shopping Center procuram substituir por concorrentes de fora os lojistas potiguares presentes em sua área locável de vendas.
Segundo ele, a não cobrança pelo estacionamento está levando muitos consumidores do Natal e Praia Shopping a se dirigir ao estabelecimento comandado por Nevaldo Rocha.
Fechar as lojas  
A maior raiz dos conflitos que se alargam entre o Natal Shopping está justamente na renovação dos contratos de aluguel, em cujo enfrentamento os gestores do centro comercial sufocam os comerciantes e demonstram não ter o menor interesse em prorrogá-los.
“Por conta disso, em todas as conversas que mantivemos com lojistas de outros shopping centers a pior referência era esta: amigos com lojas abertas no Natal Shopping e principalmente na praça de alimentação dele estão quase fechando seus estabelecimentos, porque não podem satisfazer as exigências do dono do imóvel, e só ainda não fecharam porque não podem lançar tudo passivamente na conta do prejuízo insolúvel”, diz Afrânio.
Reunir líderes
Mostrando haver assimilado perfeitamente a situação dos colegas, ele assegurou que não apenas mobilizará a FCDL em defesa deles. Citando colegas que ao longo dos últimos vinte anos se destacaram na cúpula de várias entidades de representação do empresariado lojista de Natal e do Rio Grande do Norte, a exemplo de Flávio Alcides Araújo, George Ramalho, Orismar Carlos de Almeida e Ricardo Abreu, que o Blog de Roberto Guedes mencionou em reportagem postada na madrugada de hoje, Afrânio disse que procurará cada um deles pensando em expor as dificuldades enfrentadas pelos lojistas do centro comercial e pedindo que encampem a luta deles.
“Tenho certeza que a Federação do Comércio defenderá os comerciantes potiguares, assim como a Associação Comercial e sindicatos setoriais vamos entrar em campo, ouvindo os colegas e agindo em defesa deles”, assegurou, dizendo que, agindo apenas como donos de imóveis, sem perceber o que acontece à sua volta, os shopping centers  não tentaram se colocar no lugar dos seus lojistas, que têm um grande inimigo comum pela frente, que é a crise econômica brasileira, e precisam de apoio para sobreviverema a ela”, diz, para focalizar o “affaire” mais momentâneo com a visão de quem passou a vida inteira atrás do balcão:
“Nós somos comerciantes, vivemos do que vendemos, e numa época de crise fazemos de tudo para vender, até reduzir os preços das mercadorias nos limites mais corrosivos, e numa situação destas não podemos ficar de braços cruzados quando os shopping centers, que deveriam ser nossos parceiros, se voltam contra nós, impondo-nos alugueis exorbitantes e afastando os potenciais compradores de nossas lojas com medidas absurdas como a elevação de taxas de estacionamento”.   
Para ele, não pode haver dúvida, braços cruzados ou falsa equidistância, pesando-se principalmente a necessidade de manter boas relações com todo mundo:
“Numa hora dessas, mais do que nunca, nosso lado é o dos lojistas”, garante, pedindo que quem estiver sofrendo na lida com os gestores de shopping centers devem procurá-lo e aos colegas que mobilizar em defesa da causa.
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(Em 150612).

Um comentário:

  1. De parabéns Afrânio Miranda por essa iniciativa. Se a própria imprensa não divulga os fatos, a sua atitude se fez providencial. Acho que na atual situação econômica em que se encontra o país essa medida tenha sido uma atitude gerencial não pensada...

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