segunda-feira, 6 de julho de 2015

Aprovação a Robinson é de apenas 30,2%, e não 71,8%

Aparecendo inesperadamente com uma conta de chegar, pesquisa divulgada imputada a instituto de Niterói mais conhecido por entrevistar torcedores sobre times de futebol misturou a aprovação por somente 30,2% dos potiguares com a grande maioria dos que acham o desempenho do governo apenas “regular” para presentear o governador Robinson Faria com a aprovação, inexistente, de 71,8% dos conterrâneos. Ironicamente, um jornalista disse que só “por camaradagem ou desconhecimento” tanta gente se conluiou para divulgar esse “sucesso”.
Robinson Faria: aprovação de 71,8% é manobra, não pesquisa.



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ROBERTO GUEDES
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Estatísticos, empresários do setor secundário, publicitários, jornalistas e blogueiros natalenses andaram forçando a barra no último fim de semana com o objetivo de fazer parecer que a maioria do povo do Rio Grande do Norte está aprovando a atuação do governador Robinson Faria, presidente regional do PSD.
A partir de evento promovido na última sexta-feira pela Federação das Indústrias (Fiern), que não adota regularmente, há tempos, qualquer programa de sondagens periódicas sobre a aceitação do governante pelo cidadão potiguar, os que se uniram para difundir este resultado disseram que 71,8% dos conterrâneos aprovam a performance governamental. Seria uma ótima sereja sobre o bolo das comemorações pelo fim do primeiro semestre da administração, não?
Na realidade, a aprovação é de apenas 30,2% dos potiguares, contingente que considerou ótima ou boa a gestão governamental. Para chegar aos 71,8%, os que se conluiaram com esta finalidade passaram os pés pelas mãos. Somaram os 41,6% de potiguares que definiram a performance de Robinson apenas como “regular”, ou seja, nem grande, nem pequeno, nem bom, nem mau, conforme os dicionaristas, os quais também admitem o termo para apontar quem apenas segue a lei, sem necessariamente exibir outros méritos.
Desde sua publicação, a pesquisa intriga atores e observadores da cena política potiguar, que não mataram a charada que levou à sua realização e estranham que pessoas jurídicas que necessitam da confiança da população patrocinem situações como esta apenas para satisfazer a alguns egos e projetos não necessariamente compatíveis com o bem comum.
Fora da realidade
Os 71,8% de aprovação colidiriam frontalmente com o que se escuta em qualquer diálogo entre natalenses e outros co-estaduanos.  Em verdade, talvez mais honesto fosse um percentual que lembrasse a única sondagem feita desde a posse de Robinson, a 1° de janeiro último, cuja divulgação encheu a mídia meme do Rio Grande do Norte na criação de uma onda de festa para registrar o fim do primeiro trimestre da gestão. Enconfeitada como a atual, a divulgação não questionou nada que confrontasse os números montados pela pesquisa com a realidade enfrentada pelos cidadãos.  
Realizada pelo instituto Consult, uma das mais acreditadas empresas do segmento no Rio Grande do Norte, de 6 a 8 de abril último, a primeira pesquisa mostrou que Robinson recebia a aprovação de 47,33% dos entrevistados e a reprovação de outros 23%, enquanto 29,67% não quiseram ou não souberam opinar.
Mantidas as condições de temperatura e pressão desde então e respeitadas as características técnicas de cada pesquisa, teria havido então uma queda na aprovação ao governo, pois desta feita ele só logrou obter o aval de 30,2% dos potiguares.
Da assinatura desconhecida...
Exposta em gangorra, a conta de chegar conduzida à sombra da sigla da Fiern menos esclarece do que levanta suspeitas, e não apenas pelo fato de a entidade não vir promovendo com qualquer periodicidade levantamentos desse jaez.
O trabalho é assinado por um instituto GPP, que teria sede no Rio de Janeiro, que, com sede em Niterói, no litoral do Rio de Janeiro, seria mais voltado para pesquisas junto a torcidas de times de futebol e até agora seria conhecido por zero porcento da população ou de contratantes potiguares.
Tradicionalmente, em função da necessidade de credibilidade, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), à qual a Fiern é vinculada, encomenda seus levantamentos do gênero ao Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (Ibope), que existe desde 1942, virou sinônimo de sondagem de opinião pública no país, transformou-se numa corporação capaz de chamar a atenção no mundo exterior e desde o ano passado pertence a uma multinacional européia.
No plano local, a Fiern sempre lidou com o Ibope e com institutos potiguares de pesquisa, sem recorrer a siglas de que o conterrâneo não saberia nem a existência.  Tanto a CNI quanto a Fiern sempre lidaram com calendários de pesquisas, sem divulgar nenhuma extemporânea como esta.
...à tentativa de apagar mágoas
O que também chama a atenção para o “sucesso” atestado com a assinatura da Fiern é a ocasião em que ela divulga este resultado. Parecendo início, e não etapa de sequencia histórica, a pesquisa veio a público na hora em que os dirigentes da Fiern procuram se rearmonizar com o Governador.
Como este jornalista e blogueiro divulgou há alguns meses, mesmo quando teve oportunidade de interagir edificantemente com a entidade, Robinson destilou ressentimento, reclamando porque, quando candidato a Governador, a casa não se dignou sequer a aceitar seus apelos para que pudesse falar aos líderes da indústria no Rio Grande do Norte, a fim de lhes mostrar o que lhe pareciam planos de governo.
Num dos últimos encontros que manteve no plenário da Fiern, Robinson estendeu sua mágoa aos demais setores do empresariado potiguar, reclamando que nem mesmo o atual secretário estadual de Turismo, engenheiro Ruy Pereira Gaspar, o “Ruyzito”, seu amigo de infância e juventude, votou nele para Governador, pois no segundo semestre de 2014 e até que ele conseguisse provar que tinha chance de vencer, todas as chamadas “classes produtoras” daqui apostavam todas as suas fichas no supostamente franco-favorito Henrique Eduardo Alves, atual ministro do Turismo.
Sectarismo político e empresarial
Lapidar, sobre o empenho da Fiern em relação a Robinson, é uma declaração emitida na semana passada por um dos maiores líderes da área, o engenheiro e ex-ministro Fernando Bezerra, que presidiu a homóloga potiguar e a CNI durante muitos anos.
Ex-ministro Fernando Bezerra: conclamação correta para
que os cidadãos respaldem a ação do governo. 
Um dos esteios da candidatura de Henrique Eduardo em 2014, Fernando Bezerra, senhor de, este sim, muita credibilidade em Natal, falou num evento que Robinson promoveu relacionado à atração do centro de conexões de vôos regionais e internacionais da Latam para o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, na quinta-feira 2.
Destacando a importância da transformação do aeroporto num HUB, sigla inglesa e internacional para esse tipo de centro de conexões de pousos e decolagens, Fernando  lembrou que a campanha eleitoral se encerrou em outubro e conclamou todos os conterrâneos a endossarem os esforços que, a seu ver, o chefe do executivo potiguar despende com este objetivo, malgrado saber-se que o partidarismo e o comodismo reduzem a pista de decolagem do empenho oficial. Estas duas inclinações governamentais redundam em sectarismos político e empresarial, embora só o primeiro tenha explicação, mesmo longe de jamais conquistar justificativa. O repto em si é meritório, pois um governo democraticamente constituído precisa receber o apoio, mesmo crítico, dos concidadãos quando mostra estar fazendo o que parece certo em busca do bem comum.
No entanto, para a reunião em que Fernando se manifestou, Robinson não convidou Henrique Eduardo, embora soubesse que o ministro do Turismo também desenvolve gestões em defesa do terminal de São Gonçalo, batizado, a propósito, com o nome de seu pai, o legendário jornalista e político Aluizio Alves.
Ação de Robinson  em relação ao aeroporto pode não alcançar sucesso
devido à restrição que ele opõe ao ministro Henrique Eduardo.
Esta restrição expõe a intromissão do viés político numa luta em que todos os potiguares deveriam se unir muitíssimo mais do que proclama a propaganda governamental. Quanto a este pecado, Robinson o compartilha com Henrique Eduardo, que não o instou a acompanhá-lo quando foi a São Paulo para conversar sobre o aeroporto potiguar com os dirigentes da Latam.
Mais grave, a negatividade imposta pelo comodismo havia sido mostrada dias antes, quando Robinson foi a Buenos Aires para participar de evento promovido por uma empresa de aviação.
Excluindo os argentinos
Apesar de poder agendar sua permanência na capital argentina com muito tempo de antecedência e de haver ficado ali durante alguns dias, Robinson não aproveitou a ocasião para tentar conversar com os dirigentes da Corporacion América, a nova dona do aeroporto de São Gonçalo.
Proprietária de outros 53 aeródromos espalhados pelo hemisfério, ela deveria ser um dos principais aliados da Latam e do governo potiguar em defesa do aeroporto Aluizio Alves. Neste caso, ter ido a Buenos Aires para tratar de assunto ligado ao fortalecimento do Rio Grande do Norte no cenário internacional da aviação pareceu ir a Roma e deliberadamente não querer ver o Papa Francisco.
Manipulação
O esforço com que a Fiern passou a demonstrar que finalmente cuida de aprovar Robinson Faria poderia explicar a manipulação que se impôs aos percentuais obtidos nas 805 entrevistas que o instituto fluminense teria realizado no Rio Grande do Norte de 23 a 28 de junho último, período em que nenhum grande feito governamental tivesse levado os conterrâneos a aplaudirem o chefe do executivo.
Só “por camaradagem ou desconhecimento”, como escreveu a respeito o jornalista Carlos Santos, um dos blogueiros mais respeitados e irônicos do Rio Grande do Norte, é que muitos noticiaristas, presos ou não ao que deveriam ser critérios da ética jornalística, divulgaram que o governo estaria “aprovado” por 71,8% da população, considerando os índices ótimo, bom e regular.
Absolutamente errado
Carlos Santos: pesquisa absolutamente errada só
pode ter resultado de camaradagem ou desconhecimento.
O que foi feito a este respeito, denuncia o periodista, está “absolutamente errado”. Na linha de raciocínio que une matemáticos aos dicionaristas, Santos salienta que em pesquisas de opinião pública, como em qualquer outra atividade, o componente “Regular” “não se joga para cima, à soma com ótimo e bom”.
É claro, como observa, “que existem sinalizadores positivos ao aplauso da população, como a própria pesquisa do Instituto GPP do Rio de Janeiro constatou na sondagem encomendada pela Fiern. São iniciativas na Segurança Pública e a garantia de pagamento de salários em dia, por exemplo”.
Na prática, porém, avança, “o governo não conseguiu ir muito além disso em tão pouco tempo de gestão. Os 41,6% de entrevistados que aparecem opinando como ‘regular’, na verdade devem ser interpretados como pessoas à espera de algo mais concreto, para tomar uma posição favorável ou não. Existe um ‘crédito de confiança’ sobre a mesa, que pode ser endossado ou não nos próximos meses”.
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(150706).

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