Aparecendo
inesperadamente com uma conta de chegar, pesquisa divulgada imputada a
instituto de Niterói mais conhecido por entrevistar torcedores sobre times de
futebol misturou a aprovação por somente 30,2% dos potiguares com a grande
maioria dos que acham o desempenho do governo apenas “regular” para presentear
o governador Robinson Faria com a aprovação, inexistente, de 71,8% dos
conterrâneos. Ironicamente, um jornalista disse que só “por camaradagem ou
desconhecimento” tanta gente se conluiou para divulgar esse “sucesso”.
Robinson Faria: aprovação de 71,8% é manobra, não pesquisa. |
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ROBERTO GUEDES
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Estatísticos, empresários do setor
secundário, publicitários, jornalistas e blogueiros natalenses andaram forçando
a barra no último fim de semana com o objetivo de fazer parecer que a maioria
do povo do Rio Grande do Norte está aprovando a atuação do governador Robinson
Faria, presidente regional do PSD.
A partir de evento promovido na última
sexta-feira pela Federação das Indústrias (Fiern), que não adota regularmente,
há tempos, qualquer programa de sondagens periódicas sobre a aceitação do
governante pelo cidadão potiguar, os que se uniram para difundir este resultado
disseram que 71,8% dos conterrâneos aprovam a performance governamental. Seria
uma ótima sereja sobre o bolo das comemorações pelo fim do primeiro semestre da
administração, não?
Na realidade, a aprovação é de apenas
30,2% dos potiguares, contingente que considerou ótima ou boa a gestão governamental.
Para chegar aos 71,8%, os que se conluiaram com esta finalidade passaram os pés
pelas mãos. Somaram os 41,6% de potiguares que definiram a performance de
Robinson apenas como “regular”, ou seja, nem grande, nem pequeno, nem bom, nem
mau, conforme os dicionaristas, os quais também admitem o termo para apontar
quem apenas segue a lei, sem necessariamente exibir outros méritos.
Desde sua publicação, a pesquisa intriga
atores e observadores da cena política potiguar, que não mataram a charada que
levou à sua realização e estranham que pessoas jurídicas que necessitam da
confiança da população patrocinem situações como esta apenas para satisfazer a
alguns egos e projetos não necessariamente compatíveis com o bem comum.
Fora
da realidade
Os 71,8% de aprovação colidiriam
frontalmente com o que se escuta em qualquer diálogo entre natalenses e outros
co-estaduanos. Em verdade, talvez mais
honesto fosse um percentual que lembrasse a única sondagem feita desde a posse
de Robinson, a 1° de janeiro último, cuja divulgação encheu a mídia meme do Rio
Grande do Norte na criação de uma onda de festa para registrar o fim do
primeiro trimestre da gestão. Enconfeitada como a atual, a divulgação não
questionou nada que confrontasse os números montados pela pesquisa com a
realidade enfrentada pelos cidadãos.
Realizada pelo instituto Consult, uma
das mais acreditadas empresas do segmento no Rio Grande do Norte, de 6 a 8 de
abril último, a primeira pesquisa mostrou que Robinson recebia a aprovação de
47,33% dos entrevistados e a reprovação de outros 23%, enquanto 29,67% não
quiseram ou não souberam opinar.
Mantidas as condições de temperatura e
pressão desde então e respeitadas as características técnicas de cada pesquisa,
teria havido então uma queda na aprovação ao governo, pois desta feita ele só
logrou obter o aval de 30,2% dos potiguares.
Da
assinatura desconhecida...
Exposta em gangorra, a conta de chegar
conduzida à sombra da sigla da Fiern menos esclarece do que levanta suspeitas,
e não apenas pelo fato de a entidade não vir promovendo com qualquer
periodicidade levantamentos desse jaez.
O trabalho é assinado por um instituto
GPP, que teria sede no Rio de Janeiro, que, com sede em Niterói, no litoral do
Rio de Janeiro, seria mais voltado para pesquisas junto a torcidas de times de
futebol e até agora seria conhecido por zero porcento da população ou de
contratantes potiguares.
Tradicionalmente, em função da
necessidade de credibilidade, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), à
qual a Fiern é vinculada, encomenda seus levantamentos do gênero ao Instituto
Brasileiro de Opinião e Estatística (Ibope), que existe desde 1942, virou
sinônimo de sondagem de opinião pública no país, transformou-se numa corporação
capaz de chamar a atenção no mundo exterior e desde o ano passado pertence a
uma multinacional européia.
No plano local, a Fiern sempre lidou com
o Ibope e com institutos potiguares de pesquisa, sem recorrer a siglas de que o
conterrâneo não saberia nem a existência.
Tanto a CNI quanto a Fiern sempre lidaram com calendários de pesquisas, sem
divulgar nenhuma extemporânea como esta.
...à
tentativa de apagar mágoas
O que também chama a atenção para o “sucesso”
atestado com a assinatura da Fiern é a ocasião em que ela divulga este
resultado. Parecendo início, e não etapa de sequencia histórica, a pesquisa
veio a público na hora em que os dirigentes da Fiern procuram se rearmonizar
com o Governador.
Como este jornalista e blogueiro divulgou há alguns
meses, mesmo quando teve oportunidade de interagir edificantemente com a
entidade, Robinson destilou ressentimento, reclamando porque, quando candidato
a Governador, a casa não se dignou sequer a aceitar seus apelos para que
pudesse falar aos líderes da indústria no Rio Grande do Norte, a fim de lhes
mostrar o que lhe pareciam planos de governo.
Num dos últimos encontros que manteve no
plenário da Fiern, Robinson estendeu sua mágoa aos demais setores do
empresariado potiguar, reclamando que nem mesmo o atual secretário estadual de
Turismo, engenheiro Ruy Pereira Gaspar, o “Ruyzito”, seu amigo de infância e
juventude, votou nele para Governador, pois no segundo semestre de 2014 e até que
ele conseguisse provar que tinha chance de vencer, todas as chamadas “classes
produtoras” daqui apostavam todas as suas fichas no supostamente
franco-favorito Henrique Eduardo Alves, atual ministro do Turismo.
Sectarismo
político e empresarial
Lapidar, sobre o empenho da Fiern em
relação a Robinson, é uma declaração emitida na semana passada por um dos
maiores líderes da área, o engenheiro e ex-ministro Fernando Bezerra, que
presidiu a homóloga potiguar e a CNI durante muitos anos.
Ex-ministro Fernando Bezerra: conclamação correta para que os cidadãos respaldem a ação do governo. |
Um dos esteios da candidatura de
Henrique Eduardo em 2014, Fernando Bezerra, senhor de, este sim, muita
credibilidade em Natal, falou num evento que Robinson promoveu relacionado à
atração do centro de conexões de vôos regionais e internacionais da Latam para
o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, na quinta-feira 2.
Destacando a importância da
transformação do aeroporto num HUB, sigla inglesa e internacional para esse
tipo de centro de conexões de pousos e decolagens, Fernando lembrou que a campanha eleitoral se encerrou
em outubro e conclamou todos os conterrâneos a endossarem os esforços que, a
seu ver, o chefe do executivo potiguar despende com este objetivo, malgrado
saber-se que o partidarismo e o comodismo reduzem a pista de decolagem do
empenho oficial. Estas duas inclinações governamentais redundam em sectarismos
político e empresarial, embora só o primeiro tenha explicação, mesmo longe de
jamais conquistar justificativa. O repto em si é meritório, pois um governo democraticamente constituído precisa receber o apoio, mesmo crítico, dos concidadãos quando mostra estar fazendo o que parece certo em busca do bem comum.
No entanto, para a reunião em que Fernando se
manifestou, Robinson não convidou Henrique Eduardo, embora soubesse que o
ministro do Turismo também desenvolve gestões em defesa do terminal de São
Gonçalo, batizado, a propósito, com o nome de seu pai, o legendário jornalista
e político Aluizio Alves.
Ação de Robinson em relação ao aeroporto pode não alcançar sucesso devido à restrição que ele opõe ao ministro Henrique Eduardo. |
Esta restrição expõe a intromissão do
viés político numa luta em que todos os potiguares deveriam se unir muitíssimo
mais do que proclama a propaganda governamental. Quanto a este pecado, Robinson
o compartilha com Henrique Eduardo, que não o instou a acompanhá-lo quando foi
a São Paulo para conversar sobre o aeroporto potiguar com os dirigentes da
Latam.
Mais grave, a negatividade imposta pelo
comodismo havia sido mostrada dias antes, quando Robinson foi a Buenos Aires
para participar de evento promovido por uma empresa de aviação.
Excluindo
os argentinos
Apesar de poder agendar sua permanência
na capital argentina com muito tempo de antecedência e de haver ficado ali
durante alguns dias, Robinson não aproveitou a ocasião para tentar conversar
com os dirigentes da Corporacion América, a nova dona do aeroporto de São
Gonçalo.
Proprietária de outros 53 aeródromos
espalhados pelo hemisfério, ela deveria ser um dos principais aliados da Latam
e do governo potiguar em defesa do aeroporto Aluizio Alves. Neste caso, ter ido
a Buenos Aires para tratar de assunto ligado ao fortalecimento do Rio Grande do
Norte no cenário internacional da aviação pareceu ir a Roma e deliberadamente
não querer ver o Papa Francisco.
Manipulação
O esforço com que a Fiern passou a demonstrar
que finalmente cuida de aprovar Robinson Faria poderia explicar a manipulação
que se impôs aos percentuais obtidos nas 805 entrevistas que o instituto
fluminense teria realizado no Rio Grande do Norte de 23 a 28 de junho último,
período em que nenhum grande feito governamental tivesse levado os conterrâneos
a aplaudirem o chefe do executivo.
Só “por camaradagem ou desconhecimento”,
como escreveu a respeito o jornalista Carlos Santos, um dos blogueiros mais
respeitados e irônicos do Rio Grande do Norte, é que muitos noticiaristas,
presos ou não ao que deveriam ser critérios da ética jornalística, divulgaram
que o governo estaria “aprovado” por 71,8% da população, considerando os
índices ótimo, bom e regular.
Absolutamente
errado
Carlos Santos: pesquisa absolutamente errada só pode ter resultado de camaradagem ou desconhecimento. |
O que foi feito a este respeito,
denuncia o periodista, está “absolutamente errado”. Na linha de raciocínio que
une matemáticos aos dicionaristas, Santos salienta que em pesquisas de opinião
pública, como em qualquer outra atividade, o componente “Regular” “não se joga
para cima, à soma com ótimo e bom”.
É claro, como observa, “que existem
sinalizadores positivos ao aplauso da população, como a própria pesquisa do
Instituto GPP do Rio de Janeiro constatou na sondagem encomendada pela Fiern.
São iniciativas na Segurança Pública e a garantia de pagamento de salários em
dia, por exemplo”.
Na prática, porém, avança, “o governo
não conseguiu ir muito além disso em tão pouco tempo de gestão. Os 41,6% de
entrevistados que aparecem opinando como ‘regular’, na verdade devem ser
interpretados como pessoas à espera de algo mais concreto, para tomar uma
posição favorável ou não. Existe um ‘crédito de confiança’ sobre a mesa, que
pode ser endossado ou não nos próximos meses”.
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Amigo, é simples, deixa uma enquete aqui e pede pro povo votar, kkk
ResponderExcluirFaz a enquete aqui mano!
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