Ao restaurar o
diálogo com o PT, o governador Robinson Faria fez questão de mostrar que seu
interlocutor na legenda é a senadora Fátima Bezerra, a quem não atendeu nos
primeiros quatro meses de mandato para favorecer ao deputado estadual Fernando
Mineiro. Esta manobra faz parte da desconstrução da candidatura de Mineiro a
prefeito, que Robinson lançou prematuramente em dezembro último. A estratégia o
fez oferecer a candidatura a vários outros políticos.
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Preterido, depois de preferido pelo Governador, Mineiro agora tem direito a assistir aos afagos de Robinson e Fátima. |
ROBERTO GUEDES
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O deputado estadual Fernando Mineiro,
líder do governo Robinson Faria na Assembléia Legislativa, começa a despertar
entre colegas de parlamento solidariedade em face do escanteamento que, na
visão destes, lhe tem sido imposto pelo chefe do executivo potiguar.
Citando fatos, eles dizem que Robinson
está “fritando” Mineiro da mesma forma como torrou o deputado estadual José
Dias, em janeiro último, levando-o a abrir mão da liderança situacionista na
Assembléia Legislativa. Alguns dizem que não se surpreenderão se subitamente o
parlamentar abdicar da liderança situacionista.
O procedimento é o mesmo que Robinson
teria empregado no ano passado com relação à então deputada Gesane Marinho,
forçando-a a abdicar da candidatura à reeleição porque ele teria arrostado todo
o seu prestígio numa nova proposta concorrente, a que entregou uma cadeira do
senado potiguar ao médico Galeno Torquato, ex-prefeito de São Miguel, na “Tromba
do Elefante”. Galeno, coincidentemente, é nome muito citado entre os colegas
como o mais forte candidato à sucessão de Mineiro na liderança do governo.
Reabilitando
Fátima
No tocante a Mineiro, os deputados
apresentam pelo menos dois fatos que expõem sua queimação nos ambientes
palacianos, malgrado a certeza de que a simples divulgação de qualquer notícia
a este respeito leve Robinson a procurar mostrar que tudo está bem entre ele e
o parlamentar.
Como dizem, Mineiro está sendo queimado “por
dentro e por fora”, porque a estratégia aparentemente adotada pelo Governador não
apenas o enfraquece aos olhos externos ao PT. Ele o esvazia e destitui como seu
interlocutor número 1 na legenda.
Um fato que emergiu na semana passada
para reforçar a tese da queimação de Mineiro foi a sucessão de conversas que
Robinson manteve com o deputado e com a senadora Fátima Bezerra, com quem ele
emula no âmbito interno do PT. O Governador fez questão de divulgar a
informação de que estava investindo numa reinserção do partido em seu grupo
político, como se o fato de o líder da situação ser petista e a presença de
quatro integrantes da legenda em seu secretariado não dissessem que a inserção
preexistia.
Para piorar a situação de Mineiro,
Robinson ainda divulgou que conversaria em separado com Fátima e com o
Deputado, como que investe no dissenso para aparecer em seguida como costurador
de um consenso que a recalcitrância de alguém estava atrapalhando. Ao cabo,
divulgou a conciliação de ambos sob sua liderança. Nos quatro primeiros meses
de governo, ele passou como um trator por cima de todas as reivindicações que
Fátima lhe apresentou porque colidiam com as preferências de Mineiro. Graças ao
pisoteio do Governador sobre a Senadora, Mineiro emplacou todas as nomeações de
secretário de Estado que disputou com Fátima. Hoje, na visão dos deputados,
quem está na parte superior da gangorra é ela.
Robério é o nome que R obinson gostaria de candidatar em Natal. |
Outro episódio que expõe o
enfraquecimento do parlamentar junto ao Governador tanto quanto a reabilitação
de Fátima é o fato de Robinson viver procurando um candidato para prefeito de
Natal.
Esvaziando
a candidatura
Os deputados elencam a sucessão de
conversas que Robinson manteve nas últimas semanas com expoentes de diferentes
partidos aos quais tem oferecido a candidatura a prefeito de Natal, em detrimento
de Mineiro. Robinson lançou Mineiro como seu candidato à sucessão do seu amigo
Carlos Eduardo Alves à frente do governo da capital, peremptoriamente, ainda em
dezembro de 2014, entre suas eleição e posse. Este procedimento esvaziou mais a
candidatura de Mineiro do que o fato de ela não decolar nas pesquisas
eleitorais, dizem os parlamentares.
Garantidamente, Robinson já convidou
para serem “o” seu candidato, e não “mais um dos seus candidatos”, ao deputado
estadual Kelps Lima e ao advogado Luizs Gomes, presidentes regionais do SDS e
do PEN, e ao vereador Luiz Almir Filgueira Magalhães, que comanda o PV em
Natal.
Há quem diga que ele também a propôs,
pessoalmente ou por intermédio de interposta pessoa, à vice-prefeita Wilma de
Faria, a ex-governadora que comanda o PSB no Estado, e com certeza ele ofereceu
a candidatura ao engenheiro Robério Paulino Rodrigues, que tende a entrar na
disputa pelo Psol e sem o aval da Governadoria.
Observando que Mineiro já jogou a toalha
de sua candidatura ao declarar, há poucos dias, que não é o candidato do PT a
prefeito, os outros deputados se dividem quanto ao merecimento. Alguns acham
que Mineiro não merecia ser triturado pelo Governador depois de lhe dar
inúmeras demonstrações de lealdade. Outros, porém, o criticam porque não se
irresignou quando Robinson apontou para José Dias a porta de saída do grupo que
integravam.
Como diz um colega, “Mineiro sabia o que
espera quem ajuda Robinson”.
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