terça-feira, 14 de julho de 2015

Robinson procura nome para impedir reeleição de Carlos

Apostando hoje mais fichas na vice-prefeita Wilma de Faria, presidente regional do PSB, o governador Robinson Faria procura alimentar outras candidaturas, como as de Luiz Almir e de Luiz Gomes e se distancia o quanto pode da certeza com que lançou há seis meses Fernando Mineiro como seu candidato a prefeito de Natal.
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Robinson e Wilma  querem ver Carlos Eduardo (abaixo) pelas
costas. O problema ainda é o Governador confiar na vice-prefeita, a
quem ele não perdoa porque o preteriu em 2010.
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Roberto Guedes
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Embora tenha dito há poucas semanas que é cedo para cuidar da sucessão municipal de 2016, o governador Robinson Faria está mergulhando cada vez mais nela, procurando encontrara um candidato que “puxe” todos os demais aos quais apoiará em todo o território potiguar. Ele espera que, em pouco mais de um ano e contando com seu apoio, o nome que ungir se torne imbatível para impedir a reeleição do prefeito Carlos Eduardo Alves, em Natal.
Segundo interlocutores do Governador que não se consideram obrigados a disseminar informações que Robinson gostaria de transformar em verdades públicas de interesse eleitoral, o novo empenho do Governador corresponde a novo radical direcionamento geográfico. A principio, a sucessão em Natal parecia-lhe desinteressante, porque todas as pesquisas apontavam Carlos Eduardo como candidato imbatível e porque, a custo bem menor, ele teria uma vitória assegurada no segundo maior colégio eleitoral do Rio Grande do Norte. Mudou o pensamento quando viu a aprovação popular ao prefeito Francisco José da Silveira Júnior, que comanda seu partido, o PSD, em Mossoró, descambando ladeira abaixo.
Fracasso em Mossoró
Pelos depoimentos, ele resolveu transformar em principal objetivo a vitória em Natal ao começar a perceber que se fecharam drasticamente as chances de reeleição de Silveira Júnior, notadamente depois que antigos aliados da ex-governadora Rosalba Ciarlini começaram a ensaiar uma reconciliação capaz de devolver-lhe salomonicamente a prefeitura oestana.
Houve época em que a reeleição de Silveirinha, como Robinson menciona o burgomestre de Mossoró, era prioridade número 1 para ele em outubro do próximo ano, até para demonstrar gratidão pelo fato de o alcaide haver arrostado toda a máquina municipal na sua candidatura a Governador.
Em lugar de recomendar-lhe montar uma estratégia capaz de impedir que a volta de Rosalba à prefeitura mossoroense implicasse em derrota para si, a perspectiva de insucesso de Silveira Júnior levou Robinson a estudar melhor as condições de ganhar em Natal, onde passou a acreditar que o atual burgomestre só lidera de longe as pesquisas porque ainda não apareceu um candidato de forte densidade eleitoral à sua frente.
Ajudar aos outros 165
A vitória em Natal não apenas esmaeceria o fiasco que o espreita com Silveirinha em Mossoró. A construção da vitória em Natal parece-lhe também o caminho para fazer crescer todos os nomes que indicar para as demais 165 prefeituras potiguares.
A queda de Silveira Júnior em Mossoró e de.... 

Desta constatação a resolver criar um nome para Natal foi um raio.   
Por este objetivo, Robinson já viajou diversos estágios e agregou diversos nomes à sua lista de interlocutores sem, contudo, já haver se fixado no nome capaz da proeza. A despeito de a cronologia humana só contabilizar seis meses e pouco, Robinson já está muito longe de dezembro de 2014, quando, entre sua diplomação como Governador eleito e sua posse na suprema magistratura do Rio Grande do Norte, precipitou-se a apontar solene, presunçosa e precipitadamente o deputado estadual Fernando Mineiro (PT), então um dos seus mais constantes interlocutores, como o candidato que esgrimiria para destronar Carlos Eduardo. 
...Mineiro forçou o Governador a procurar um nome bom de urna para Natal.
Ele esperava que desde então Mineiro se transformasse no Neymar da seleção de prefeitáveis que gostaria de oferecer aos 167 municípios potiguares, na certeza de que, ganhando este pleito, não apenas garantiria sua recondução ao governo em 2018 mas, ajudado pelo envelhecimento de outros líderes, tranformar-se-ia definitivamente no novo número 1 da política estadual.
Reconciliação com Wilma 
Volatizada a candidatura do parlamentar em função de pífia presença em pesquisas eleitorais, Robinson saiu do livro de um só nome para a construção de um leque de possíveis candidatos, no qual hoje destaca pelo menos quatro presenças. Uma destas, a escolha que na semana passada mais se lhe parecia adequada, tem o condão de ensejar ao Governador, amigo de infância do burgomestre, a sensação de estar impondo uma grande defecção a Carlos Eduardo.
Seria entregar a candidatura a prefeito à atual vice-prefeita Wilma de Faria, sua parenta com quem rompeu em 2001 porque ela, então governadora em segundo mandato e impedida pela legislação a tentar outra reeleição, o preteriu como seu candidato à chefia do Palácio Potengí em favor do então deputado federal Iberê Ferreira de Souza, falecido há poucos meses.
Ganhar na Assembléia, em Brasília...
Desde a semana passada, interlocutores comuns a Robinson e a Wilma, e principalmente divulgadores vinculados ao chefe do executivo, protagonizam enormes sessões de contorcionismo para mostrarem que ela já é o nome mais forte entre as opções dele para a prefeitura de Natal sem dizerem que ouviram a informação dos lábios de um ou do outro participante desse par.
Um dos mais de quarenta blogueiros potiguares comprometidos com a estratégia de Robinson, qualquer que seja esta, deixou claro há poucos dias que os dois estão ensaiando uma reaproximação que somaria muito para o Governador e Wilma.
Márcia pode assumir a liderança do governo na Assembléia.
Ungindo-a, ele passaria não apenas a dispor de um candidato eleitoralmente forte em Natal e um ícone para reforçar os aliados interioranos a partir da imagem de vitória em construção que passasse a projetar da capital.
Passaria também a contar com a representação do PSB, partido que Wilma preside no Rio Grande do Norte, na Assembléia Legislativa, onde ainda não tem contornos a bancada situacionista. Para se ter idéia, um dos deputados que mais questionam em plenário iniciativas do poder executivo tem sido exatamente Mineiro, oficialmente o líder da situação na casa.
O vínculo também emprestaria a Robinson, no plano nacional, uma vizinhança com o PSB, da qual poderia partir para acionar um projeto visando enfraquecer junto à presidanta Dilma Rousseff o ministro do Turismo, o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente do PMDB potiguar.
Ressentimento
Preso ainda a um estranho ressentimento contra o Ministro, a quem, por orientação palaciana, sua legião de blogueiros responsabiliza hoje por tudo de ruim que acontece no e ao Rio Grande do Norte, Robinson chegou a ensaiar uma reaproximação com ele, na véspera da nomeação de Henrique Eduardo por Dilma, mas descobriu-se depois que apenas atendeu pontualmente a um pedido do ex-presidente Lula da Silva para não se transformar em problema para a Presidanta.
Na ocasião, Dilma estava sendo pressionada pelo comando nacional do PMDB no sentido de entregar a pasta a Henrique Eduardo, e um dos fatores que pareciam impedi-la de canetar a nomeação era o veto que o ministro das Cidades, engenheiro Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, partido que Robinson comanda no Rio Grande do Norte, expunha como procurador do governador potiguar.
Partidos respaldam
Reflexo ou não da força que a simples disseminação de informações sobre conversas que Robinson e Wilma teriam mantido recentemente sobre a candidatura desta, outras legendas já se apressaram a apontá-la como o nome de sua preferência. Um destes foi o PV, cujo presidente regional, sociólogo e ambientalista Rivaldo Fernandes, do nada resolveu declarar sua intenção de sufragar o nome dela. E o comando nacional do PSB, que não se entusiasmava a investir na sucessão de Carlos Eduardo, passou a enviar a Wilma mensagens no sentido de que tudo fará para devolver-lhe a prefeitura da capital potiguar.
O mais importante nesta interlocução é o interlocutor. O remetente das mensagens é o vice-governador Márcio França, de São Paulo, que conta com Wilma para persuadir a viúva do saudoso governador Eduardo Campos, de Pernambuco, Renata, a confiar-lhe a presidência nacional da legenda, reforçando suas chances de assumir o governo de São Paulo em 2018, quando o atual titular, Geraldo Alkmin, gostaria de apensar o apoio dos socialistas à sua candidatura à presidência da República.
Confiar em Wilma
A dificuldade que se impõe à indicação imediata de Wilma está na necessidade que ela enfrenta de mostrar que passou a merecer o crédito dele. Preocupa a Robinson não depender de Wilma, em quem nunca confiou e por quem passou a nutrir rancor em 2010. Ele não quer transformá-la imediatamente em sua escolha não apenas pelos riscos inerentes à decisão, mas também porque há outras opções à vista e entendimentos a construir com quem, a seu exemplo, de outra forma se sentiria perseguido pelo chefe do executivo numa nomeação para candidatura em pleito majoritário.
Ele não apenas precisa persuadir Mineiro e o comando nacional do PT a respeito de quem volatizou a candidatura do parlamentar, que não passa de 1,7% nas pesquisas com respostas espontâneas sobre candidatos a Prefeito de Natal, e ao mesmo tempo precisa prepara-se para nomear um novo líder de bancada pela hipótese, real, de o preterido resolver se afastar da Governadoria, a exemplo de seu antecessor, o também deputado José Dias, ainda filiado, por força das circunstâncias legais, ao partido de Robinson. Uma solução para esta defecção, consumada a escolha por Wilma, seria entregar a liderança do governo à primogênita desta, a deputada estadual Márcia Maia (PSB), que soma notável experiência neste papel.
Conquistar o Psol
Caso se saia bem ao tentar convencer Mineiro, Robinson terá ainda que persuadir a se transformarem em coadjuvantes, com destaques específicos, alguns políticos com os quais conversou muito nos últimos meses oferecendo-lhes exatamente a cabeça de chapa na sucessão em Natal. E ainda pensa em abrir o leque investindo novamente em transformar o engenheiro Robério Paulino, professor da Universidade Federal (UFRN), a ser o seu candidato no PSD ou no partido em que se encontra desde a fundação, o Psol, o único nome que o tranqüilizaria quanto a se afastar de vez da hipótese de apoiar Wilma.

Robério ainda é o nome que Robinson mais
deseja transformar em candidato.
Desde que a votação de Robério Paulino no primeiro turno da sucessão estadual subtraiu a Henrique Eduardo a eleição para governador, Robinson acha que ele tem tudo para ser o grande azarão do pleito municipal. Vez por outra o Governador reclama que o Psol não tope se associar ao PSD com este objetivo. Robinson teme ainda mais que o partido se interponha entre o seu candidato e Carlos Eduardo e termine levando a prefeitura.
Desçam daí
Por fim, Robinson precisa redirecionar, desacelerar ou frear candidaturas que inflou nos últimos meses, seja eliminando-as ou alimentando-as para ajudarem a de sua preferência a chegar ao segundo turno da sucessão de Carlos Eduardo. Com alguns desses interlocutores, a desativação de candidatura pode ser drástica.
Um dos pretendentes com quem ele terá que desativar bombas de candidaturas é um dos interlocutores com quem ele mais conversou oferecendo a cabeça de chapa. Trata-se do advogado Luiz Gomes, que comanda o Partido Ecológico Nacional (Pen), uma legenda sem peso na política potiguar mas levou a sério, muito a sério, a expressão com que o chefe do executivo o apontou como seu candidato a prefeito durante um encontro com dirigentes locais e nacionais de seu partido e em encontros que sucederam a este.
A pedida de Luiz Almir "travou" Robinson, que, para cooptá-lo, teria de... 
A convicção que Robinson transmitiu aos líderes nacionais do Pen é tão grande que depois das reiterações do Governador eles transferiram parte de seu estafe para Natal, onde montaram um birô para empinar a candidatura de Gomes.
Exonerar a esposa
Será necessário também desativar a bomba de efeito retardado que ele começou a montar no colo do vereador Luiz Almir Filgueira Magalhães, presidente do PV em Natal. Como declarou Rivaldo Fernandes, o edil, dono de animadores índices de audiência no rádio e na televisão em Natal, é quem designará o candidato da legenda à sucessão de Carlos Eduardo, podendo mesmo pilotá-la pessoalmente.
Segundo fontes palacianas, Robinson não ungiu Luiz Almir como seu candidato logo após a primeira conversa que os dois mantiveram a este respeito, quando gastaram quatro horas num almoço de sexta-feira no restaurante Camarões mais próximo da orla marítima, porque a pedida do interlocutor foi-lhe muito elevada para as circunstâncias. Luiz Almir disse com todas as letras que só acreditaria em ser o candidato de Robinson se este o nomeasse naquela mesma tarde secretário estadual do Trabalho, da Habitação e do Bem Estar Social.
...exonerar a esposa, Julianne, o lado simpático de seu governo.
A titular desta pasta, que progressivamente se vem transformando no braço da gestão de Robinson mais simpático ao eleitor natalense, é exatamente a esposa do Governador, a advogada Julianne Faria. Esta, a propósito, não emite o menor sinal de vontade de deixar o cargo – muito pelo contrário! Há poucos dias, podendo indicar algum auxiliar para integrar o conselho administrativo da Agência de Fomento do Governo do Estado (AGN), Julianne se designou para a missão, numa demonstração de que gostaria de estar bem vinculada ao governo mesmo depois de eventualmente defenestrada de sua secretaria.
E as críticas continuam
Embora blogueiros que trabalham na ante-sala de Robinson digam que o vereador já se decidiu tanto a reforçar o time governista que cogita transferir-se do PV para o PSD, para “ser o prefeitável de Robinson”, Luiz Almir diz, insistentemente que é candidato mesmo à reeleição.
Interlocutores comuns garantem, porém, que Robinson e Luiz Almir avançaram até um ponto em que o vereador se sentiria bem sem necessariamente vir a ser o cabeça de chapa. Ele poderia vir a ser o candidato de Robinson a vice-prefeito em chapa com que Wilma ameace a reeleição de Carlos Eduardo. A exemplo do Vereador, que igualmente ainda não o declara em público, Wilma já tem sobejas razões para ver Carlos Eduardo pelas costas. Faz tempo que ele a mantém numa fritura insuportável. Pelo sim, pelo não, porém, Wilma silencia e Luiz Almir continua a criticar severamente Robinson através da mídia. 
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(150714 às 14h09m).  

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