Um colapso do
abatecimento d’água pode mesmo se impor a Natal em 2015. E enquanto as
autoridades parecem dormir no ponto, natalenses temem a adoção a toque de caixa
do racionamento que incomoda moradores de Campina Grande, na Paraíba, a um
pouco menos aos do Seridó potiguar, ou rodízios, de triste memória no Rio
Grande do Norte. Eles propõem que o governador Robinson Faria implante logo uma
adutora de engate rápido para fortalecer a oferta e mitigar a sede em Natal com
água da barragem de Pureza, no Mato Grande.
Alertados pelo conselho de Paulo Varela, no sentido de o Rio Grande do Norte economizar água ao máximo,... |
------------
ROBERTO GUEDES
------------
As chuvas que molharam a região
metropolitana potiguar nos últimos dias não se mostraram capazes de
tranqüilizar alguns de seus moradores quanto a uma perspectiva que os vêm
preocupando há tempos. Segundo advertem, a exemplo do que acontece desde 2014
com a “Grande São Paulo”, Natal e seu entorno correm o risco de enfrentar uma
forte escassez de água a curto ou médio prazo.
Expoentes do grupo fixam até um período
no calendário solar, achando que a Companhia de Águas e Esgotos (Caern) adotará
um drástico esquema de racionamento ainda em 2015, a exemplo do que fez há
poucas semanas no Seridó, ou de rodízio, que o Rio Grande do Norte experimentou
há poucas décadas.
Todos convergem para um ponto: urge
começar a tocar o projeto de construção de uma grande adutora visando trazer
para Natal boa parte da água que emerge através da fonte de Pureza, na cidade
homônima, no encontro entre o vale do Ceará Mirim e a região do Mato Grande.
Dia
sim, dia não
A imensa maioria do volume liberado pela
fonte de Pureza se encaminha para o oceano Atlântico através do rio Maxaranguape.
Diante da urgência quanto a trazer uma boa parte dela para a região
metropolitana, natalenses que se preocupam com o problema pedem que o
governador Robinson Faria adote logo uma adutora “de engate rápido”, para
evitar que o colapso do sistema aconteça já este ano.
Enquanto as autoridades dormem quanto a
esta necessidade, a população se assombra com a perspectiva de ter água em casa
dia sim, dia não, como acontece em grande parte do Seridó.
Embora mais leve do que o paraibano, o modelo
seridoense se inspira no que a Agência Nacional de Águas (Ana) fez adotar em
Campina Grande, onde o líquido chega às torneiras apenas durante quatro dias
por semana.
Sua preocupação se baseia também num
conselho que o geólogo Paulo Varela, ex-presidente da Ana e ex-secretário de
Recursos Hídricos do governo potiguar, transmitiu nesta segunda-feira, 27,
anteontem, aos conterrâneos. Diante da escassez de chuvas e de informações
exógenas, como a que prevê inverno fraco no Nordeste brasileiro em decorrência
do desempenho previsto para o fenômeno “El Ninho”, no Oceano Pacífico, Varela
mandou “economizar água”, “economizar água” e “economizar água”. O caminho mais
indicado é o do racionamento.
Dois
dias a seco
Adotada experimentalmente, a aplicação do
racionamento no Seridó ensejou à empresa uma economia de cerca de 52 milhões de
litros d’água por semana, conforme relatório entregue recentemente ao deputado
estadual Ezequiel Ferreira de Souza (PMDB), responsável por um movimento
iniciado há poucos dias no parlamento potiguar em busca de soluções para a
crise hídrica que se instalou na região.
Deixando os municípios dois dias sem
receber o líquido, o racionamento parece estar sendo a única medida capaz de
evitar o colapso total no abastecimento em certas regiões que no Rio Grande do
Norte sofrem mais duramente os efeitos da estiagem instalada no Nordeste há
alguns anos.
Não há como melhorar a expectativa, vez
que as previsões de chuvas feitas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária
(Emparn), no tocante ao Rio Grande do Norte, e pelo governo federal em relação
a todo o Nordeste intranqüilizam os técnicos da área.
Pouco
investimento
Todas as considerações a respeito devem
partir do princípio de que a região metropolitana potiguar abriga em nove
municípios nada menos do que 49% da população total do Estado.
Observe-se que, segundo a Ana, o Rio
Grande do Norte não prevê investimentos na ampliação da oferta do líquido em 59
dos 167 municípios aqui sediados.
....natalenses querem que o Estado comece logo a trazer o líquido da fonte de Pureza para a região metropolitana, a fim de evitar que o abastecimento na capital sofra um colapso. |
O planejamento para o Estado prevê
investimentos para a adequação dos sistemas produtores de 67 sedes municipais,
sendo 27 abastecidas por sistemas isolados e quarenta por sistemas integrados,
e a adoção de novos mananciais em 41 municípios, predominantemente localizados
no oeste do Estado, em função da conexão a novos sistemas integrados.
Rodízio
Apesar do muito que desabou sobre Natal
estes dias, a situação aqui e em toda a região litorânea do Rio Grande do Norte
continua sofrendo porque os mananciais locais não têm como garantir a
alimentação em termos satisfatórios, o que exuma a ameaça do racionamento.
Isto já ocorreu. Em 2013, por exemplo, a
Caern adotou uma política de rodízio que, se não afetou drasticamente o consumo
em Natal, fez-se sentir em todos os outros municípios das regiões
Metropolitana, Agreste e Trairi atendidas pela adutora Monsenhor Expedito
Sobral de Medeiros.
Como naquela época, a medida pode ser
tomada em decorrência do baixo volume exibido pelos principais reservatórios
que abastecem a capital, as lagoas de Extremoz e Jiqui. Segundo funcionários da
Caern, as duas estão com pouco mais de 50% de sua capacidade.
Adutora
Localizada em Parnamirim, a sul da
capital, a lagoa de Jiquí responde por 30% do abastecimento da parte de Natal
situada à direita do estuário Potengí, cabendo a poços cobrirem o restante.
Setenta por cento do que a zona norte consome provêm de Extremoz.
Segundo técnicos da Caern, o problema
pode se agravar ao ponto de racionamentos não mais resolverem nada se o governo
do Rio Grande do Norte não acelerar a construção de uma adutora para trazer
água da fonte de Pureza, no município homônimo, para a Grande Natal.
Lançada ainda na década passada pelo
responsável pelo Blog de Roberto Guedes,
quando organizou um programa de pesquisas de cidadãos junto às nascentes dos
principais rios que cortam o território potiguar, a construção do equipamento
evitaria que continuassem a ser lançadas ao mar enormes partes do volume do rio
Maxaranguape, que nasce em Pureza e só tem sido usado para abastecer esta
cidade e pequenas comunidades do Mato Grande e do vale do Ceará Mirim.
Pela contas da Ana, 32% do que tende a
ser investido na ampliação da oferta do líquido no Rio Grande do Norte
referem-se ao planejamento para a capital Natal, destacando-se o aproveitamento
de novo manancial, que seria o da bacia do Maxaranguape. As prioridades
estaduais neste campo, porém, se voltam para as adutoras Alto Oeste e
Apodi-Mossoró, no Oeste, ambas ensejadas pela barragem de Santa Cruz, em Apodi.
=========================
Siga e recomende o Blog de
Roberto Guedes:
(1507029 às 16h02m).
============================================================
Nenhum comentário:
Postar um comentário