domingo, 26 de julho de 2015

Justiça não deixa Fernando Freire ir para hospital

Sem conseguir que em face de problemas circulatórios a justiça do Rio de Janeiro aceitasse transferi-lo da prisão em que se encontra, na praia de Copacabana, para um hospital, o ex-governador Fernando Freire, preso preventivamente, deverá ser recambiado amanhã ou depois para Natal, onde o aguardam sentenças transitadas em julgado.
Fernando não alterou sua vida apesar de saber que
mandatos de prisão tinham sido expedidos contra ele.
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ROBERTO GUEDES
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Preso na manhã de ontem, em caráter preventivo, em plena praia de Copacabana, onde residia desde a infância, pela polícia do Estado do Rio de Janeiro, e na iminência de ser transferido para Natal, onde o aguardam sentenças transitadas em julgado, o ex-governador Fernando Freire pediu à justiça fluminense para ser hospitalizado, mas isto lhe foi negado na noite passada. Pesam contra ele condenações por corrupção no exercício de cargo público, mais precisamente desvio de dinheiros públicos através de verdadeira quadrilha que operava a partir da sede da vice-governadoria, na avenida Hermes da Fonseca. O escândalo que ele e seus asseclas protagonizaram ficou conhecido em Natal como "roubo dos gafanhotos". 
Sem ter conseguido a internação que pediu alegando estar sofrendo problemas circulatórios, conforme informou ao Blog de Roberto Guedes um amigo muito próximo à família Freire, Fernando deverá chegar a Natal nesta segunda-feira, 27, amanhã, ou, no mais tardar, na terça-feira, custodiado por policiais norte-rio-grandenses que já teriam sido enviados com esta finalidade ao Rio de Janeiro. Sua permanência numa prisão comum ou no quartel da Polícia Militar, onde permaneceu sem liberdade alguns dias no início da década passada, dependerá de decisão do secretário estadual de Interior e Justiça, professor Edilson Alves de França.
Robinson, ex-amigo de Freire, influenciará a decisão sobre onde onde
ele será custodiado em Natal.
 
Há forte expectativa entre políticos de Natal quanto à possibilidade de, em troca de redução de suas penas, Fernando propor e conseguir um acordo de delação premiada, abrindo o jogo quanto a outros proeminentes potiguares que teriam compartilhado seu processo de e dilapidação do patrimônio estadual. Não apenas autoridades governamentais e políticos que na época exerciam mandatos eletivos e lidavam muito proximamente com ele, mas também destacados líderes empresariais de Natal fariam parte do time que Fernando escalaria mediante o acordo.
O fato de o governador Robinson Faria, como superior de Edilson, poder influenciar a decisão sobre onde seu antecessor no cargo seria alojado logo após desembarcar em Natal, a propósito, levou na manhã deste domingo amigos comuns aos dois a se perguntarem sobre que acolhida o chefe do executivo gostaria de proporcionar a Fernando Freire. O que remanesce das relações políticas e de amizade entre ambos não promete gentilezas.
Quatro mandados
Fernando Freire foi preso por agentes da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte), segundo informações da secretaria de Segurança (Seseg) fluminense. Abordado quase em frente ao prédio em que mora, na orla de Copacabana, ele estava foragido desde 2014. Quatro mandados de prisão haviam sido expedidos contra ele, nos últimos anos, pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte.
Mantidas estas sentenças, aguardam-no em Natal treze anos e quatro meses de reclusão e o pagamento de quatrocentos dias-multa por desvio de recursos públicos. Os delitos teriam sido cometidos de fevereiro a novembro de 2002, quando Freire era vice-governador, e depois, governador do Rio Grande do Norte.
Segundo os autos do processo, Fernando Freire teria desviado recursos públicos mediante o pagamento de 83 cheques-salários em favor de catorze parentes e correligionários do então vereador Pio Marinheiro, contemplando interesses pessoais e político-eleitorais do edil.
O processo diz que os beneficiários não eram servidores públicos e não guardavam qualquer vínculo funcional com o Estado e que os pagamentos foram feitos sem qualquer respaldo legal e realizados sempre sob a intermediação direta do réu. O prejuízo aos cofres públicos somou 57.832,13 reais em valores da época.
Vida normal
O que mais chama atenção na prisão de Fernando Freire é o fato de saber que havia mandatos de prisão não o levou a mudar de vida. Vez por outra circulavam em Natal informações sobre ele estar em tal ou qual lugar, trabalhando nisto ou naquilo. Chegaram a apontá-lo até como pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. Noutra feita, foi citado como lobista com presença diária em Brasília. Contudo, nesse tempo todo ele praticamente não se afastou do seu apartamento, na avenida Rainha Elisabeth, numa das áreas mais caras do Rio de Janeiro.
Informações de fontes familiares indicam que a esposa de Fernando, Eliane Freire, também sua prima em primeiro grau, viajará estes dias para Natal a fim de assegurar apoio, pelo menos psicológico, ao cônjuge.  
Só no bairro, ele vinha sendo monitorado nas duas últimas semanas.
Tão logo a mídia eletrônica começou a divulgar sua prisão, a partir do Rio de Janeiro, diferentes setores de Natal se arregimentaram para marcar presença no episódio. O ministério público estadual, por exemplo, fez sua assessoria de comunicação social trabalhar em pleno sábado para exibir seu DNA na prisão do ex-governador.
Pio está ligado a Fernando Freire nos
autos do processo sobre desvio de recursos do
governo estadual.
 
So o título “Investigações do MPRN resultam em prisão de ex-governador no RJ”, esta é a informação que a repartição divulgou ainda ontem, ajudando a mostrar aos demais potiguares a experiência que devolveu Fernando à prisão:
“A prisão do ex-governador do Rio Grande do Norte, Fernando Antônio da Câmara Freire, ocorrida neste sábado (25), foi fundamentada em três pedidos de prisão feitos pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte.
Os mandados foram expedidos pelos juízes responsáveis pela 4ª, 7ª e 8ª Varas Criminais de Natal. Todos os pedidos são de prisão preventiva do ex-governador.
Agora, com sua detenção preventiva, o ex-governador será conduzido de volta ao Rio Grande do Norte onde já possui algumas condenações por desvio de dinheiro público.
Fernando Freire já havia sido preso anteriormente em 2007 quando foi acusado pelo MPRN de estar ‘manobrando para impedir a realização do seu interrogatório, evadindo-se do distrito da culpa’.
O interrogatório do qual ele é acusado de evitar diz respeito ao processo no qual foi denunciado por suposto desvio de R$ 346.024,02 do Governo do Estado, em maio de 2007.
O pedido de prisão preventiva foi feito pela Promotoria do Patrimônio Público em novembro daquele ano quando o membro do MPRN informou à época que tentava ouvir o ex-governador desde 31 de agosto de 2007.
A ação que resultou na prisão do ex-governador, que era monitorado há duas semanas, contou com a participação do serviço de inteligência da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Rio Grande do Norte (Sesed) que repassou informações à Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro”.
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(1507026 às 17h02m).

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