Bens do Emater potiguar têm sido
doados a organizações vinculadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) em detrimento da continuidade de programas e projetos que o
instituto governamental deveria estar conduzindo, e funcionários dizem que o
governador Robinson Faria sabe de tudo mas não admoesta o diretor geral, César
Oliveira, para não criar problema político com a senadora Fátima Bezerra (PT).
Funcionários acusam César de estar transferindo o patrimônio do Emater potiguar para organizações ligadas ao MST. |
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Roberto Guedes
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Segundo funcionários do Instituto
de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte (Emater), o
órgão está sendo dura e drasticamente sucateado pelo governo Robinson Faria,
lastimando-se que os líderes sindicais do segmento não denunciem este fato.
Para eles, o esvaziamento do ente governamental corresponde também a verdadeiro
aparelhamento deste pelo braço rurícola do Partido dos Trabalhadores (PT).
Apontado o diretor geral do
órgão, engenheiro agrônomo César Oliveira, como quem dirige deliberadamente a
desmontagem do Emater, que mais mencionam como “a empresa”, evocando época em
que teve mesmo esta constituição jurídica, dizem que ele está repassando toda a
estrutura da casa a instituições ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST).
Primeira Dama vê
Ex-assessor especial do
Ministério do Desenvolvimento Agrário, principal nicho de poder que o MST ocupa
no governo federal, como dizem, César praticamente já entregou ao movimento
tudo o que restava de toda a frota do Emater, incluindo viaturas que serviam a
coordenadores de programas e projetos. Estes, garantem, estão sem carros para
trabalhar, mas esta decorrência não parece preocupar a cúpula da casa.
Também não parece preocupá-la o
fato de a progressiva falta de instrumental estar desativando na prática todos
os programas confiados ao Emater. O único ao qual a direção do Emater ainda
preserva, ao menos em parte, é o de distribuição gratuita de leite a famílias
carentes do Rio Grande do Norte.
A exceção deriva, como dizem, do
fato de César ter ciência de que o Emater compartilha a gestão do programa com
a esposa do governador Robinson Faria, Julianne, advogada que comanda a
secretaria estadual de Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sethas).
Os funcionários se dividem a
respeito desta parceria e, principalmente, sobre o quanto o Governador conhece
e se omite diante do sucateamento do instituto. Eles torciam para que o
compartilhamento de um programa que a Sethas considera imprescindível abrisse
os olhos de Robinson, por intermédio de Julianne, para a inadequação do estilo
de gestão que estaria desmontando o Emater.
Só currículo
Uma parte dos funcionários, porém,
dizem que Robinson conhece a situação mesmo sem que a esposa a mostrasse.
Jornalistas amigos seus conhecem o problema há meses e tiveram oportunidade de
alertá-lo sobre o que ocorre no Emater.
O chefe do executivo também
deveria saber o que está acontecendo ali por intermédio do secretário da
Agricultura, geólogo Haroldo Abuana Osório, assim como por velhos amigos que
teria entre funcionários da casa. A começar pelo diretor administrativo, Aristides
Bezerra Filho, funcionário da casa há mais de trinta anos.
O que de pior ocorre aos
funcionários é que o Governador sabe de tudo e silencia para não criar
problemas políticos em função de apadrinhamentos. Pois, apesar de possuir uma
ótima formação escolástica, César, formado pela Universidade Federal Rural do
Semiárido (Ufersa), sediada em Mossoró, especialista em Cooperativismo pela
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e pós-graduado em Formulação e
Análise de Políticas Agrícola e Agrária pelo Instituto de Economia da
Universidade de Campinas (Unicamp), a seu ver só chegou ao cargo por indicação
política.
Para os funcionários, a
excelência do currículo acadêmico de César não se traduz numa gestão prolífica
em benefício do instituto. Antes, pelo contrário, o estaria esvaziando tão
drasticamente como ocorreu na gestão passada. Rendem-lhe homenagem apenas
quanto a esforços visando à erradicação da febre aftosa no território potiguar,
mas deploram o fato de haver minimizado drasticamente o de compras a produtores
locais, que teria hibernado durante os quatro anos imediatamente anteriores à
posse de Robinson.
Jabutí do PT
César foi indicado a Robinson
pela senadora Fátima Bezerra (PT) e em função, notadamente, de vinculações que
mantém com expoentes do MST e da chamada “agricultura familiar” desde sua
militância em Mossoró e principalmente depois de sua passagem pelos gabinetes
de Brasília. Para reforçar a militância, informam, César dedica a maior parte
do tempo que passa em Natal a um curso de mestrado em Ciências Sociais que
iniciou na Universidade Federal (UFRN). O tema central de seus estudos em
função do curso é a agricultura familiar do Rio Grande do Norte.
Robinson não gostaria de
admoestar César para não irritar Fátima, que recorrentemente lhe apresenta uma
conta de desprestígios em benefício do deputado estadual Fernando Mineiro, seu
correligionário que lhe tomou vários órgãos mais importantes da administração
potiguar, a começar pela secretaria de Educação.
Agindo sob pressão alheia
Não fosse isto, dizem, e se
procurasse administrar objetivamente o Rio Grande do Norte, o Governador já
teria tomado providências até porque a excelência do instituto mostra junto à
Sethas o quanto é raquítica. Pois, a seu ver, a única ação que vincula o Emater
chegou ao sexto mês do governo sem se traduzir em eficácia – ou, pelo menos, na
eficácia esperada por Julianne.
Ela teria reclamado,
recentemente, de que não saem do papel os ajustes que se mostraram necessários
à exumação do programa após o paradeiro que lhe impôs a gestão Rosalba
Ciarlini, e deplora que César só o veja num cenário – Mossoró, onde
funcionários do Emater acreditam que ele sonha desenvolver projeto
político-eleitoral.
Mesmo na chamada “capital do
Oeste”, porém, o “Programa do Leite” claudica e só tem experimentado algum
avanço burocrático graças a pressões exercidas neste sentido pelo ministério
público estadual. O que os funcionários do Emater em Natal sabem como fato mais
recente a respeito da execução do programa em Mossoró é que o instituto ainda
está promovendo um recadastramento de fornecedores.
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(1507021 às 10h41m).
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