segunda-feira, 6 de julho de 2015

Betinho aparece na “Lava Jato” recebendo “bola” de sessenta mil reais

Cunhado da ex-governadora Rosalba Ciarlini, o ex-deputado Betinho Rosado teria recebido ilegalmente sessenta mil reais do empresário Ricardo Pessoa, o líder dos corruptores do esquema da Petrobras, conforme documentação que este entregou ao ministério público federal e ao juiz federal Sérgio Moro, que comanda das investigações à apresentação de denúncias aos tribunais superiores.
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Os transtornos que a informação sobre propina pode trazer para Betinho
 podem  atingir o projeto de devolução da
prefeitura de Mossoró à sua cunhada Rosalba.
ROBERTO GUEDES
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O engenheiro agrônomo e ex-deputado federal Carlos Alberto de Souza Rosado, o “Betinho Rosado”, cunhado da ex-governadora Rosalba Ciarlini e controlador do PP e do PTB no Rio Grande do Norte, é o primeiro político norte-rio-grandense a constar, como recebedor de propina, em documento apensado ao dossiê levantado pela “Operação Lava Jato”, que desde 2013 investiga o desvio de mais de seis bilhões de reais da Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) para a compra de apoios partidários pelos presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Seu nome aparece na “tabela 5” da planilha de doações a políticos mantida até agora em segredo pelo engenheiro e empresário Ricardo Pessoa, que seria o presidente do “Clube do Bilhão”, entidade extraoficial que aglutinaria as empresas que se mancomunaram com dirigentes petistas para, em detrimento da Petrobras, molharem as mãos de parlamentares corruptíveis.
Delação premiada
A lista faz parte do suporte de documentos que Ricardo Pessoa juntou em sua delação premiada, que para muitos operadores do direito tende a estender definitivamente as acusações da “Lava Jato” a Lula e Dilma, inclusive ensejando a deposição da Presidanta da República.
Divulgada pela edição desta semana da revista “Veja”, a relação se refere a “doações oficiais e não oficiais” da planilha de Pessoa, relativamente a repasses ilegais que ele patrocinou em 2010, quando Dilma se elegeu e Betinho renovou seu mandato. Elencado como ainda filiado ao Dem, partido que integrava, efetivamente, em 2010, Betinho figura no documento como ligado ao Estado de São Paulo, não se sabe se por equívoco ou se a irrigação financeira de seu projeto político se realizava ali.
Na página 40 de “Veja”, ele figura com o apelido de infância que adotou como nome político, “Betinho”, e recebedor de sessenta mil reais que lhe teriam chegado ilegalmente. Caso se confirme o recebimento de bola, o parlamentar corre o risco de ser afastado do serviço público, ao qual ainda se vincula como professor da Universidade Federal Rural do Semi Árido (Ufersa), sediada em sua cidade natal, Mossoró.
Herdeiro
Filho do legendário governador Dix-sept Rosado, que perdeu a vida no desastre aéreo do rio do Sal, em Sergipe, em junho de 1951, antes de completar seis meses à frente do executivo potiguar, Betinho não tentou a reeleição no ano passado, segundo algumas fontes porque se enroscou na legislação eleitoral ao migrar por conta própria do Dem para outra legenda, e porque estaria complicado em função de denúncias sobre corrupção eleitoral, de acordo com outros informantes. Em seu lugar, candidatou o filho homônimo, que chegou à câmara federal e adotou o nome parlamentar de Beto Rosado.
O Blog de Roberto Guedes tentou ouvir Betinho Rosado sobre seu vínculo com a “Lava Jato” na tarde desta segunda-feira, mas não o conseguiu, assim como não obteve êxito ao procurar tratar do assunto com seu irmão mais velho, o fazendeiro e ex-deputado Carlos Augusto Rosado, marido e principal conselheiro de Rosalba.
Atinge Rosalba
Esperada há muito tempo por conhecedores das políticas potiguar e principalmente de Mossoró, a chegada das investigações ao nome de Betinho acontece em momento altamente delicado para o projeto de resgate da carreira política da cunhada, truncado no ano passado, quando ela, em pleno poder, não pode tentar a reeleição.
No momento, como se sabe, Rosalba está inelegível e faz tudo para reconquistar o direito de disputar mandato para ver se retorna em 2016 à prefeitura de Mossoró, que comandou por doze anos.
Na semana passada, este objetivo a levou a se reconciliar com o senador José Agripino Maia, presidente nacional do Dem, partido de que se desfiliou há alguns meses criticando o parlamentar por impedir que tentasse a reeleição. Agripino chegou a declarar que está mesmo se empenhando junto a ministros do Tribunal Superior Eleitoral com o objetivo de resgatar os direitos políticos de Rosalba.         
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