domingo, 19 de julho de 2015

Henrique Eduardo se finge de morto para não acompanhar Cunha

O presidente regional do PMDB, ex-deputado Henrique Eduardo Alves, faz tudo para ver se seu nome não é associado ao rompimento entre o presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (RJ), correligionário a quem deve muito por sua nomeação para o ministério do Turismo, e a presidente Dilma Rousseff. Uma associação pode forçá-lo a entregar o cargo em solidariedade ao padrinho.
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Roberto Guedes
Cunha e Henrique Eduardo: o jabuti não quer acompanhar o
padrinho no rompimento, pois perderia o emprego.
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Passados quase dez dias da verbalização da ameaça e três da concretização do rompimento unilateral do presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (RJ) com a presidenta Dilma Rousseff, ninguém no Rio Grande do Norte ainda descobriu o quanto é verdadeira a sinuca de bico em que ela posicionou o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente do partido de ambos, o PMDB.
Especulou-se muito, aqui e lá fora, sobre se Henrique Eduardo se sentiria na obrigação de acompanhar Cunha no rompimento, exonerando-se incontinente do ministério do Turismo, aonde o parlamentar ajudou a se instalar em março último, ou se apenas continuará no cargo, mostrando que mais o tem como emprego. Para muita gente, Henrique Eduardo já deveria ter entregue seu cargo à presidanta Dilma Roussef em solidariedade ao parlamentar, quem mais pelejou por sua nomeação.
Frequentador mais do que habitual da blogosfera potiguar, principalmente depois de assumir o cargo, Henrique Eduardo adotou silêncio de sepulcro em relação ao assunto, não deixando notar nem se está vivo. Em Natal há quem explique este silêncio, mesmo sem o propósito de justificá-lo, dizendo que o Ministro teria viajado para os Estados Unidos, ao que lhes consta acompanhando o vice-presidente da República, Michel Temer.
Estes informantes não sabem nem o que estaria levando Temer à América do Norte, e admitem que, em condições normais de temperatura e pressão, uma viagem administrativa ou política de Henrique Eduardo teria sido amplamente divulgada. Até mesmo quando viajou a Nova York para se submeter a tratamento, cirurgia e acompanhamentos periódicos em sua luta contra o câncer descoberto há mais de dez anos em suas cordas vocais Henrique Eduardo divulgou seu destino.
O que se indaga a respeito da permanência ou não de Henrique Eduardo na pasta tem a ver com Temer e Cunha e adota como cenário uma intolerância difícil de engolir. A despeito de há muitos anos Henrique Eduardo constar como grande amigo de Temer, sabe-se que sua ida para o ministério resultou menos de gestões desenvolvidas pelo Vice-presidente do que de pressão ostensiva que o Presidente da Câmara Federal exerceu sobre Dilma, impingindo-lhe derrotas sucessivas no plenário de sua casa congressual até ler a nomeação do ex-colega.
Dilma e Temer nunca perdoaram a associação entre as
candidaturas de Aécio Neves e Henrique Eduardo promovida
em 2014 no Rio Grande do Norte, segundo lhes pareceu por iniciativa
ou com aval do atual Ministro do Turismo.
 
Não foi sem sentido que Natal se destacou num roteiro de conferências que levou Eduardo Cunha a falar em algumas capitais estaduais logo depois de sua posse na presidência da câmara baixa.
O empenho do presidente sepultou inclusive a memória das emulações que o separaram de Henrique Eduardo em alguns momentos da história recente da câmara. O parlamentar fluminense disputou no PMDB a indicação que terminou levando o concorrente potiguar a presidir a casa congressual imediatamente antes dele, e deu muito trabalho ao então presidente Henrique Eduardo depois de se consolidar como o novo líder do partido e do baixo clero na câmara e afrontar a mesa diretora e o Palácio do Planalto, simultaneamente, em diversas ocasiões.   
Quando Henrique desceu ao “limbo político” ao perder a eleição para o governo do Rio Grande do Norte, Eduardo Cunha passou uma esponja sobre as querelas que os confrontavam e adotou a candidatura do correligionário a Ministro, a princípio para a pasta da Integração Nacional e depois para a do Turismo, sem desconhecer o quanto isto lhe criaria problemas em outros setores do PMDB e do baixo clero da câmara.
Tanto fez que fez Dilma engolir o correligionário potiguar, a quem a presidanta nunca perdoou porque a levou ao ridículo logo depois que ela assumiu a chefia da Casa Civil do então presidente Lula da Silva como vestibular para sua candidatura à chefia do executivo em 2010. Eterna lutadora contra a obesidade e notória por sua falta de humor, Dilma, que muitos vêem como um sargentão de piada grosseira de caserna, nunca assimilou o fato de Henrique Eduardo, na época líder do PMDB na câmara federal, dar-lhe um bambolê e, pior, ainda, divulgar que o havia feito para que lhe ajudasse a adquirir o “jogo de cintura” que, justiça se lhe faça, até hoje não integra seu perfil – político e visual. 
Para piorar, Dilma passou a vê-lo como inimigo decaído na medida em que o então parlamentar potiguar despencou da condição de governador em férias para a de derrotado nas urnas de outubro de 2014, quando ele pareceu preterir a reeleição dela em favor do principal oponente, o senador Aécio Neves (MG), atual presidente nacional do PSDB.
Confirmando esta hostilidade, ela só engoliu a nomeação, mas desde então nunca concedeu uma audiência ao Ministro do Turismo. Seria natural então que, na hora em que o patrono da nomeação volta suas baterias contra Dilma, percebendo sua condição de “jabuti” o ex-parlamentar norte-rio-grandense desse alguma demonstração de que acompanharia o padrinho.
Colocados diante desta questão, acólitos de Henrique Eduardo dizem que Temer, nunca Eduardo Cunha, tem sido, ao longo de anos, amigo do Ministro. Mas não sabe dizer porque, durante a campanha eleitoral de 2014, quando Temer coadjuvava Dilma na tentativa de reeleição que os bafejou com o segundo mandato, Henrique Eduardo não deu uma mínima demonstração de apoio ao amigo.
Temer aplaude a frieza com que Dilma aplica "macaco" ao abraçar
Henrique Eduardo logo depois de empossá-lo.
Amigo mesmo, na época, ele mostrou um, somente, que foi o senador mineiro Aécio Neves, atual presidente nacional do PSDB. Na época principal candidato contra Dilma, a quem pesquisas chegaram a dizem que ele superaria, Aécio veio a Natal fazer comício com seus correligionários e foi surpreendido com um gesto de Henrique Eduardo. Embora formalmente combatesse sua candidatura, Henrique Eduardo foi ao aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante para abraçá-lo e ser ostensivamente fotografado durante esse amplexo. A repercussão desse gesto em Brasília pode ser medida pelo fato de logo em seguida Lula da Silva gravar um depoimento indicando Robinson Faria, em detrimento de Henrique Eduardo, como seu candidato, ao lado de Dilma, no Rio Grande do Norte.
Todos os analistas políticos daqui atestam que principalmente na passagem do primeiro para o segundo turno da sucessão estadual, a divulgação massiva do depoimento de Lula, com certeza aprovado por Dilma e Temer, empinou a candidatura de Robinson ao ponto de derrubar Henrique Eduardo na gangorra eleitoral. De vencedor no primeiro turno ele terminou sem nem ser convidado para a posse do concorrente, de quem terminaria se transformando em desafeto.
Conhecedores do comprometimento de Temer com a gravação e a utilização do depoimento de Lula asseguram ainda que sua reaproximação com Henrique Eduardo foi costurada exatamente pelo atual presidente da câmara dos Deputados a quem o Ministro não vê nessa travessia para longe de Dilma.
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(1507019 às 17h56m).

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