segunda-feira, 13 de julho de 2015

Servidores vêem “carta marcada” para o Médico Cirúrgico

Exigências que a secretaria de Saúde mostrou para alugar um edifício previamente preparado e equipado para acolher o Hospital Municipal, inexplicavelmente não instalado no dos Pescadores, parecem aos técnicos da pasta elaboradas sob medida para que a escolha contemplem o Médico Cirúrgico, ao qual o prefeito Carlos Eduardo Alves havia escolhido antes de a municipalidade passar a sugerir que adota o processo licitatório previsto em lei.
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Escolhido pessoalmente pelo prefeito Carlos Eduardo, o prédio do...
Roberto Guedes
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Funcionários da secretaria municipal de Saúde suspeitam de que não passe de mero jogo de cartas marcadas numa operação entre amigos o processo teoricamente licitatório que a prefeitura de Natal lançou na semana passada alegando estar procurando um imóvel apto a acolher o primeiro hospital municipal da capital potiguar. Pelo que dizem, tudo não passa de uma arrumação para que a municipalidade termine alugando o esqueleto do Hospital Médico Cirúrgico, realizando enfim uma vontade subjetiva que o prefeito Carlos Eduardo Alves externou em várias ocasiões. 
Eles torcem para que, findo o prazo de cinco dias úteis que a prefeitura concedeu para que donos de imóveis interessados apresentem suas propostas a fim de testemunharem a lisura do processo. Receiam que donos de outros prédios teoricamente aptos se apresentem apenas para fazer esteira aos do Médico Cirurgico, subscrevendo propostas menos vantajosas que estes protocolarem em resposta à publicação municipal. E lastimam que no afã de ocupar o prédio previamente escolhido a prefeitura atropele até critérios que um dia a distinguiram nacionalmente por legislar a respeito do impacto no trânsito.
Bairro errado
Pelo que dizem, o simples fato de a administração escolher a região Leste como sede do hospital alimenta a suspeita de direcionamento, porque a maioria dos hospitais particulares e alguns governamentais de Natal tem sede nos bairros de Petrópolis e Tirol, que integram a área contemplada na publicação com que o governo da cidade manifestou seu propósito.
De olho na evolução que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem mostrado em relação ao crescimento urbanístico e populacional de Natal, sugerem que a melhor área para o hospital municipal não mais seria Petrópolis e Tirol, bairros que marcaram muito a infância e as amizades de Carlos Eduardo.
Naquela época centrado no bairro da Cidade Alta, o eixo da cidade se transferiu para a avenida Bernardo Vieira, entre as avenidas Xavier da Silveira e Mário Negócio, em função da expansão que as construções residenciais experimentaram na zona sul e à esquerda do estuário Potengí. Com base nesta evolução, sugerem que, para atender à população das zonas norte e oeste, bem como às de outros bairros, o melhor seria instalar o hospital nesta área.
Encomenda
...Médico Cirúrgico, até por não ter estacionamento, tende
a atrair dores de cabeça e problemas legais para a prefeitura...
Os servidores da Saúde também chamam atenção para dois detalhes, um ocorrido entre a pasta haver anunciado que alugaria o Médico Cirurgico e a publicação no “Diário Oficial do Município” à procura de algum que “tem que ser novo ou em bom estado de conservação, compatível com o funcionamento de unidade hospitalar localizado obrigatoriamente no Distrito Sanitário Leste do Município de Natal, devendo possuir instalações elétricas e hidráulicas em perfeito estado de funcionamento, carga elétrica que permita atender à necessidade de refrigeração de todos os ambientes, além de dispor de instalação de cabeamento para rede lógica em todas as salas”.
“Se houvesse encomendado por qualquer ‘site’ de compras, não teriam feito melhor para chegar aonde realmente querem chegar”, assegura um líder dos servidores estranhando ainda que, ao anunciar a adoção de um hospital particular fechado como se fosse o hospital municipal, a prefeitura não diga nada sobre o fiasco que antecede ao outro. “Ela não diz porquê e como matou o projeto de transformar o Hospital dos Pescadores, nas Rocas, no primeiro Hospital Municipal, notou”?
Precedente do Itorn
Um dos dois fatos que intrigam os servidores é que a sede do antigo Médico Cirúrgico havia sido inspecionada por técnicos e médicos da prefeitura antes que esta recuasse da atitude de simplesmente anunciar que o alugaria. Na inspeção, ficou clara a compatibilização entre o que o prédio oferece e o que desejam Carlos Eduardo e o secretário de Saúde, médico Luiz Roberto Fonseca.
A seu ver, a descrição no documento oficial corresponde a um “desenho” do Hospital Médico Cirúrgico, da mesma forma como o antigo Itorn se encaixou perfeitamente nas “exigências” que a secretaria estadual de Saúde expôs quando quis alugá-lo, na gestão da então governadora Wilma de Faria, a fim de celeremente inaugurar um “hospital” em homenagem ao médico Ruy Pereira, que dirigia a pasta da Saúde e morreu subitamente num acidente automobilístico entre Natal e Recife.
Arrumadas as exigências legais, rapidamente, como queria, o governo mudou a placa no frontispício do prédio, rebatizando-o em homenagem a Pereira. A partir de então, passou a sofrer uma enxurrada de problemas pelas irregularidades que presidiram a escolha e a contratação e pelas inadequações que o prédio opunha aos objetivos verdadeiramente ligados ao bem comum.   
Novotel
Os servidores adotam outro precedente de cartas marcadas na locação, pela mesma secretaria municipal de Saúde, das instalações do extinto hotel Novotel Ladeira do Sol, para nela instalar-se juntamente com a pasta da Saúde. Por tudo, o ritual processual lhe pareceu adequado para que a escolha se encaixasse naquele, e em mais nenhum outro prédio.
Esta locação gerou para a prefeitura um sem-número de problemas junto a órgãos governamentais encarregados de fiscalizar a aplicação honesta de recursos públicos, o que não parece estar sendo evitado na condução da escolha do imóvel que abrigará o Hospital Municipal.
“Com essa publicação, a bola ficou bem na marca do pênalti para alguém chutar e acertar nele”, adverte um líder de servidores, referindo-se às exigências da prefeitura e esperando não estar acertando na mosca.
“Não quero ter a sensação de que critérios de impessoalidade, moralidade e valores contemplados na Constituição brasileira estejam sendo sejam triturados neste processo”, salienta.
...a exemplo dos que lhe advieram quando escolheu subjetivamente o
então Novotel para abrigar as secretarias de Educação e de Saúde.
Consulta ao Promotor
A pior coincidência, a seu ver, porém, é que entre o instante em que a prefeitura deixou de anunciar que havia escolhido o Médico Cirúrgico e a publicação que lhe parece simulação de processo licitatório legal autoridades municipais trataram do assunto com expoentes do ministério público.
A realização da conversa sugere que alguém mostrou a necessidade de coadunar a escolha feita ao estamento jurídico sob pena de logo em seguida à assinatura do contrato de aluguel a promotoria pública cair em cima da prefeitura e da perspectiva de candidatura de Carlos Eduardo à reeleição.
No encontro, como quem mostrasse querer andar mesmo na linha, os agentes municipais teriam feito com que os do “parquet” mostrassem o mínimo que precisariam fazer para conduzir legalmente o processo e a partir desses ensinamentos adaptarem s exigências do ministério público à escolha previamente feita por Carlos Eduardo.
Figurino perfeito
Os servidores dizem que outras “exigências” elencadas pela secretaria de Saúde apontam claramente para o Médico Cirúrgico. Reproduzindo o que diz a publicação governamental, descrevem o que definem como o “figurino perfeito” para o Médico Cirúrgico, se bem que aplicável também a outros edifícios hospitalares que conhecem em Petrópolis e em Tirol, alguns dos quais sediam empresas em situações muito difíceis e podem a qualquer instante oferecer competitividade ao processo licitatório:
“A Secretaria Municipal de Saúde estabelece ainda como pré-requisito para locação que o imóvel possua entrada para sistema de telefonia fixa, capacidade para no mínimo 80 leitos, sendo destes, 10 leitos de terapia intensiva, recepção, sala de acolhimento, salas administrativas, sala de reanimação, mínimo de três salas no bloco cirúrgico, sala de raios X baritada, repouso para as equipes assistenciais, estrutura de cabeamento lógico, rede canalizada de gases, central de esterilização, depósito de materiais de limpeza, subestação de energia com grupo gerador, espaço físico suficiente e necessário para Serviço de Nutrição e Dietética, refeitório, farmácia, sala de manutenção, necrotério, laboratório, almoxarifado, e ainda, espaço físico adequado para pronto atendimento (24 horas por dia, 7 dias por semana) com atendimento à urgência e emergência, além de no mínimo 20 vagas para estacionamento”.
Pouco tempo
Segundo dizem os servidores da Saúde, ninguém teria condições de oferecer em cinco dias úteis um edifício com tais características, exceto em duas condições. Uma é o dono de um imóvel em que a até alguns anos tenha funcionado um hospital, e só ele, ter-se preparado adredemente para responder a este edital, oferecendo então o mesmo prédio que agradou ao Prefeito e à inspeção municipal que agiu antes de a municipalidade passar a procurar aparentar que desistiu da livre escolha em função do processo licitatório aparentemente legal.
Outra hipótese é subitamente o dono de outro hospital interessar-se por desistir de ser gestor em sua área para se transformar em simples dono de imóvel alugado e passar a concorrer com os donos do Médico Cirúrgico na licitação municipal.
Dizendo que a legislação atual impediria a simples construção do Médico Cirúrgico, os servidores torcem que  torcem para que o negócio não o contemple porque o prédio não tem uma sequer vaga de estacionamento.
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