Ao saberem do
incêndio, motoristas que freqüentam um centro comercial dirigiram-se logo ao
outro, lotando-o e ao estacionamento que se havia esvaziado em junho quando sua
tarifa sofreu reajuste de 66%.
Esvaziado desde o início de junho, o estacionamento lotou no sábado. |
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ROBERTO GUEDES
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As chamas que assustaram muitos
visitantes do shopping center Midway Mall desde a manhã deste sábado, 4, ontem,
obrigando a administração da casa a isolar sua praça da alimentação, terminou
promovendo o que o principal concorrente do centro comercial não vinham
conseguindo desde o início do mês passado, lotar o estacionamento do piso
inferior do Natal Shopping Center.
Advertidos quanto ao fechamento da praça
da alimentação do Midway Mall, que somente seria reaberta neste domingo, pelas
previsões dos trabalhadores que ontem se dedicavam a reabilitar a área para o
fornecimento de refeições, muitos motoristas que pretendiam comer ali se
dirigiram imediatamente ao Natal Shopping Center, enchendo seus corredores e
lojas.
Naturalmente, também encheram os
estacionamentos da casa, inclusive o situado junto à praça de alimentação do
centro comercial, que não se lotava desde quando os controladores do shopping
center impuseram ali um inusitado sistema de atendimento “VIP”, nunca antes
reivindicado pela clientela, afastando do local os automóveis que antes o
preenchiam.
Passado o impacto provocado pelo
incêndio na casa concorrente, até na tarde e ao anoitecer de hoje o
estacionamento junto à praça de alimentação do Natal Shopping Center
apresentava movimento, agora não tão grande quanto o de ontem, mas muitíssimo maior
do que os dos últimos trinta dias. Fazendo humor negro com esta situação,
trabalhadores vinculados ao Natal Shopping Center torciam para que outras
pequenas tragédias afetassem o Midway para encherem novamente o estacionamento
esvaziado em junho. Falando sério, acreditam que de amanhã em diante
prevalecerá a reação dos freqüentadores do estabelecimento, que boicotam o
estacionamento em sinal de protesto contra uma estratégia de marketing adotada,
a seu ver, apenas para impor-lhes um reajuste tarifário.
Queda
continua
O súbito enchimento ontem foi tamanho
que no final da tarde o Natal Shopping mobilizou guardas de trânsito privados
para disciplinarem o fluxo de tráfego nas suas imediações, tendo em vista que
os “flanelinhas” do policiamento municipal não deram as caras ali, como no
concorrente.
A procura substituiu um quadro que há
semanas confronta controladores de lojistas do Natal Shopping Center, pois na
prática a imposição do “Estacionamento VIP” representou apenas uma elevação de
66% na tarifa de permanência dos veículos no local. Desde a adoção da medida e
até ontem, este estacionamento nunca havia logrado preencher sequer 10% de sua
capacidade.
Considerado por lojistas vinculados ao Natal Shopping Center um dos maiores erros de estratégia de marketing já adotados pelo estacionamento, o reajuste se impôs em dupla contra-mão. Em termos eminentemente locais, ocorreu quando outros shopping centers natalenses reduziram as tarifas de seus estacionamentos para tentar conservar a clientela que se afasta em decorrência do que mostra a segunda contra-mão, a crise econômica que se abateu drasticamente nos últimos meses sobre o Brasil. Segundo líderes do segmento lojista em Natal, esta é uma ocasião em que os shopping centers devem se unir a seus lojistas, renunciando a parte de seus lucros com o propósito de não afastar os compradores.
Virar a mesa
O pano de fundo desse desastre é um choque que abala as relações entre o Natal Shopping Center e seus lojistas há mais tempo, em decorrência de uma série de medidas que prejudicam o coletivo, todas ligadas à determinação dos controladores do centro comercial de aumentarem seus ganhos em detrimento de quaisquer parceiros.
Esta situação tende a se modificar brevemente em decorrência do processo de agregação dos lojistas prejudicados, que se têm reunido com o presidente da Federação de Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL) do Rio Grande do Norte, empresário Afrânio Miranda, ele próprio instalado no Natal Shopping Center. Responsável pela aglutinação de lojistas que forçaram os outros shopping centers a rebaixarem as tarifas de seus estacionamentos, Afrânio está procurando criar uma associação de dirigentes de lojas em cada um desses centros comerciais, podendo em seguida, aproveitando-se de abertura na legislação trabalhista, transformá-las em sindicatos para o diálogo ou confronto direto com cada um desses locadores.
Sua principal meta de imediato é, justamente, virar a mesa no cenário de negatividades que o Natal Shopping Center impõe a seus lojistas.
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(150705).
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