domingo, 5 de julho de 2015

Garibaldi agrava problema entre Henrique e Dilma

Ao declarar que está ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG), principal adversário da presidente Dilma Rousseff no cenário nacional e principalmente no tocante ao “impeachment” que se ensaia contra ela, o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) parece não se lembrar de que seu primo Henrique Eduardo Alves é demissivel “ad nutum” do ministério do Turismo. Ele pode perder o emprego com uma canetada de Dilma, que não lhe concede audiência desde sua posse.

Ao declarar seu apoio ao colega Aécio Neves (E), que
pede o "impeachment" de Dilma, Garibaldi Filho pode...
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ROBERTO GUEDES
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Ao declarar, em plena sessão do plenário de sua casa congressual, que hoje apóia seu colega Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB e principal oponente da presidanta Dilma Rousseff na disputa residencial do ano passado, o senador Garibaldi Alves Filho agravou o problema de relacionamento que ancestralmente opõe seu primo Henrique Eduardo Alves e a chefe do executivo brasileiro.
Tudo o que os amigos comuns ao Senador e a Henrique Eduardo gostariam de não ver ou ouvir estes dias era a frase com que algum apoiador do último enfrentasse aquela. Em meio a este clima, entretanto, Garibaldi Filho soltou a sua ao responder a afagos que Aécio lhe dirigiu em plenário:
“Eu não votei em Aécio, mas agora estou com ele!”, disse o Senador potiguar.
Humilhação
A mais cruel noção do distanciamento que arde entre Henrique e Dilma está no fato de ele, Ministro do Turismo há quase noventa dias, desde sua nomeação nunca haver conseguido que a presidanta o recebesse, formal ou informalmente. Segundo um conceituado blog brasiliense, o “Diário do Poder”, “Dilma vem submetendo o subalterno a uma rara humilhação: há 90 dias ela se recusa a recebê-lo em audiência privada. Desde a posse, em 16 de abril, o ministro jamais conseguiu despachar com a chefe”, diz o informativo.
Esta falta de diálogo, ostensivamente alimentada por Dilma, responde pelo fato de a pasta de Henrique Eduardo haver perdido 1,3 bilhão de reais, ou 73,80% de seu orçamento para este ano, numa canetada que ela promoveu há pouco mais de um mês.
A pior decorrência do corte é que o Ministro, presidente do PMDB potiguar, ainda não conseguiu honrar nenhum dos compromissos que desde a posse tem assumido com correligionários – formais e informais – no Rio Grande do Norte, notadamente prefeitos que contam com o apoio a máquina partidária a seu dispor para vencerem as eleições de outubro do próximo ano.
Pouco antes de Garibaldi Filho fazer sua profissão de fé pelo colega mineiro, que lidera a oposição a Dilma, Aécio passou a falar mais abertamente em “impeachment” para ela, face à chegada as investigações da “Operação Lava Jato” a doações criminosas à campanha com que ela se reelegeu.
Impeachment
A situação é delicadíssima para Dilma, que paralelamente corre o risco de perder o apoio de todo o PMDB. Há dias a crônica política de Brasília diz que expoentes da legenda se aproximaram muito de Aécio exatamente para robustecerem a proposta de “impeachment” e recomendam que o presidente nacional de seu partido, o vice-presidente Michel Temer, se exonere da articulação política do governo central.
....ter deflagrado um processo que leve a presidanta
a exonerar seu primo Henrique Eduardo Alves do
ministério do Turismo, onde ele acumula projetos que
a falta de recursos não lhe deixa realizar.
Uma jogada como a associação do PMDB aos defensores do “impeachment” pode ensejar a abertura de caminho para que a destituição de Dilma não atingisse o Vice-presidente, confiando-lhe a suprema magistratura do país. Trata-se de cirurgia que só o “know how” do “jeitinho brasileiro” conceberia, porquanto Temer estaria tão inelegível quanto Dilma se a justiça comprovasse que ambos foram eleitos com dinheiro doado ilegalmente pelos corruptos pescados pela “Lava Jato”. Como o país é o Brasil, porém, também isto é possível. Afinal de contas, em 1992 a derrubada do então presidente Fernando Collor de Mello, por corrupção iniciada na captação de recursos para sua eleição em 1989, entregou o poder ao vice-presidente Itamar Franco, tão beneficiado quanto ele pelas doações espúrias.
Garçon
Para piorar o estado de ânimo de aliados de Garibaldi Filho e do Ministro do Turismo, a profissão de fé com que o senador potiguar se comprometeu com a projeção de Aécio como o anti-Dilma foi pronunciada na mesma hora em que henriquistas em Natal se preocupavam com o fato de seu líder só acumular pedidos, como garçom em restaurante, sem dar-lhes eficácia, a exemplo do que cumulavam políticos em decadência que ocupavam até o semestre passado o ministério da Articulação Política.
Pelas contas dos colaboradores potiguares de Henrique Eduardo, já são mais de cinqüenta os projetos que prefeitos e outros políticos municipais confiaram ao Ministro achando que seriam transformados em realidade, ou aparência disto, em condições de interferir nas eleições municipais de 2016.
De fato, desde sua posse Henrique Eduardo tem adotado tantos projetos de prefeitos e vereadores que alguns de seus críticos o têm chamado de “ministro municipal”, pelo apequenamento que seu uso do Ministério sugere.
Abraço no aeroporto
Assessores de Henrique Eduardo temem que o pronunciamento de Garibaldi Filho repercuta no Palácio do Planalto como eco de insatisfação do Ministro, ou mesmo como sugestão de que este também pode abraçar a causa do “impeachment” quando isto lhe parecer mais conveniente do que manter-se pendurado ao emprego. Eles até vêem um paralelo incômodo entre a verbalização pelo Senador e um gesto histórico do atual Ministro, que hoje narram como autêntica “mancada” de “quem não ouve os assessores”.
Para eles, uma das causas da derrota que Henrique Eduardo experimentou ao tentar conquistar o governo potiguar, em 2014, foi ter ido ostensivamente ao aeroporto de São Gonçalo do Amarante, num dia da campanha eleitoral, apenas para ostensivamente abraçar Aécio Neves e depois dizer que nesse gesto não havia nada de conteúdo político, e sim um reencontro entre dois amigos.
Para um candidato a Governador que até então, como também em seguida, escondia o fato de ser correligionário de Dilma, cujo companheiro de chapa era um dos maiores amigos do atual ministro, o gesto de Henrique Eduardo foi tão danosamente eloqüente quanto pode se revelar a declaração de aecismo de Garibaldi Filho.
Declaração de Garibaldi Filho pode ter sido tão negativa
para Henrique Eduardo, em relação a Dilma, quanto o encontro do atual
Ministro com Aécio Neves em plena campanha eleitoral de 2014.
Dilma, que nunca apreciou o atual Ministro e passou a desprezá-lo ostensivamente quando chegou à Casa Civil do então presidente Lula da Silva e Henrique Eduardo a presenteou com um bambolê para que adquirisse “jogo de cintura”, irritou-se muito com aquele abraço. Logo em seguida, Lula da Silva passou a aparecer também ostensivamente na televisão pedindo votos para o atual governador Robinson Faria.
Se Henrique cair
Eles admitem que sempre têm medo de atitudes de Garibaldi Filho, porque soçobra em muita curva. Na campanha passada, muitas frases que pronunciou prejudicaram a candidatura de Henrique Eduardo. E salientam que, a despeito de ter sido Ministro da Previdência no governo de Dilma, o Senador age como quem não tem nada a perder. Como se contribuir para manter um primo no estafe presidencial, mesmo numa corte que tem 39 ministros, fosse algo irrelevante.  
Quando souberam da frase de Garibaldi Filho, os assessores de Henrique passaram a torcer para que ela passasse despercebido, como "muitas outras besteiras" do Senador, como dizem, e em seguida lastimaram que a jornalista Monica Bergamo a destacasse na edição deste domingo da coluna "Painel", a principal do matutino impresso "Folha de São Paulo", o principal jornal do Brasil. 
Mesmo querendo ver a declaração de Garibaldi Filho como inocente fogo amigo, eles temem seus efeitos. Lembrando que o humor de Dilma é mercurial, eles chamam atenção para o risco que apenas Henrique Eduardo corre: ele é demissível “ad nutum”. Pode ser exonerado a qualquer momento, assim o queira Dilma. 
Diante desta possibilidade, os acólitos de Henrique Eduardo dizem que uma frase como a de Garibaldi Filho pode cumprir a trajetória de um salto malsucedido do alto de um edifício para outro, com o detalhe de a princípio e aparentemente o ser que cairia não seria ele, mas apenas o primo Ministro.
Se Dilma não cair da suprema magistratura do país, contrariando o desejo de Aécio e de mais de 60% dos brasileiros, e se seu humor em relação a Henrique Eduardo piorar em decorrência de fases como a de Garibaldi Filho, o Ministro pode rapidamente perder o emprego. Mas não cairia sozinho, como pode não ter ocorrido a Garibaldi Filho na hora de declarar-se aecista. Pois esta queda derrubaria sua família, incluindo-se Garibaldi Filho. Altamente comprometido pelo fisiologismo, o grupo familiar ficaria sem muita, ou mesmo nenhuma sustentação na política potiguar às portas da escolha dos próximos prefeitos e vereadores.  
Dizem, por fim, que deve ser apostando nesta possibilidade que Robinson Faria resolveu nas duas últimas semanas transformar Henrique Eduardo em inimigo público número 1 do Rio Grande do Norte. Sabendo-o forte em Brasília, talvez fosse oposta a estratégia que o chefe do executivo potiguar adotasse. Ele chegou até a ensaiar uma reaproximação com Henrique Eduardo, puxando o freio um tanto quanto inesperadamente e sem explicar nem aos auxiliares mais próximos porque passou à ofensiva apontando Henrique Eduardo como símbolo do retrocesso no Rio Grande do Norte.
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(150705). 

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