segunda-feira, 27 de abril de 2015

PF vê ligação entre Robinson e sonegador de Mossoró

Robinson, Silveira Júnior e assessores deixam o prédio...
Policiais federais mobilizados pela “Operação Salt”, que na semana passada levou à prisão de vários empresários e profissionais liberais em Mossoró e Areia Branca, sob a acusação ou no mínimo suspeita de integrarem uma quadrilha especializada, entre outros, no crime de sonegação tributária, que teria desviado mais de meio bilhão de reais da secretaria da Receita Federal, acreditam estar próximos de estabelecer nova conexão política do chefe da gang, o empresário Edvaldo Fagundes de Albuquerque. Os comprometidos desta feita seriam o governador Robinson Faria e o prefeito Francisco José da Silveira Júnior, de Mossoró.
O ministério público federal e os policiais dispõem de documentação e evidências de que o Governador e o Prefeito de Mossoró mantiveram em 2014 estreitas ligações com Fagundes, embora soubessem que esta aproximação poderia comprometê-los face a um precedente drástico de 2012.
No apartamento
Segundo consta na corporação federal, os policiais têm fotos que documentam ao menos uma visita em que Robinson e Silveira Júnior trataram, no apartamento natalense de Fagundes, de uma ajuda financeira deste para a campanha que levou o primeiro ao Palácio Potengi.
Não é certo ainda se as fotos foram encomendadas por Edvaldo, que na época se mostrava ressabiado com políticos. Quando a polícia federal começou a admoestá-lo, ele procuro
...onde mora  em Natal o sonegador Fagundes.
u contar com o apoio da então governadora Rosalba Ciarlini, a quem havia tentado beneficiar quando esbanjou dinheiro de diversas formas, inclusive usando seu helicóptero para divulgar o nome de Cláudia Regina, como candidata da chefe do executivo estadual, na campanha de 2012.
Ressentimento
Receando ser atingida pelas investigações voltadas para Edvaldo, Rosalba procurou manter distância do empresário. Esta conduta não a desviou da mira dos federais, cujas acusações de envolvimento em ilicitudes naquela campanha podem custar a Rosalba a inelegibilidade quando ela mais precisa conquistar mandato eletivo, e terminou gerando o ressentimento de Fagundes.
Na eleição suplementar de maio passado, ele terminou ajudando a Silveira Júnior por baixo do pano, a fim de não provocar-lhe a perda do mandato no tapetão do poder judiciário. 
Gangorra
Missões realizadas em 2013 e 2014 levaram os policiais a mostrar como Edvaldo viciou o processo da eleição da advogada Cláudia Regina Leite de Azevedo como prefeita de Mossoró em 2012, subsidiando a decisão com que o juiz Herval Sampaio anulou o pleito, cassando o mandato da burgomestra e convocando nova votação, na qual Silveira Júnior, então presidente da câmara municipal, conquistou a chefia do executivo.
Segundo fontes bem postadas junto à polícia, ministério público e justiça federais, há provas de que, a exemplo do grupo responsável pela candidatura de Cláudia Regina em 2012, liderado pela então Governadora, no ano passado Robinson e Silveira Júnior mantiveram contatos comprometedores com Edvaldo Fagundes.
Quebrar sigilos
Ainda não é possível precisar qual foi a ajuda que o sonegador deu às candidaturas de Robinson e, antes, de Francisco José Júnior, o que tende a ser aferido através da quebra de sigilos bancário, telefônico e cibernético dos três. Quando se elegeu, em 4 de maio último, ao receber 88,32% dos votos válidos, disputando a prefeitura com a então deputada estadual Larissa Rosado (PSB), Silveira Júnior se havia transformado na aposta de Fagundes em termos de Mossoró.
Mesmo sem mandato, pois não se reelegeu em outubro último, Larissa, a propósito, figura hoje em pesquisas pré-eleitorais vinculadas ao pleito de 2016 como o mais forte postulante ao palácio da Resistência, sede do governo mossoroense. Ela sobe numa gangorra em que Silveira Júnior aparece como um dos mais mal avaliados prefeitos da história de seu município. Segundo o instituto Consult, Silveira Júnior é o campeão de desaprovação entre os alcaides potiguares, com 77,9% de reprovação por seus conterrâneos.
Recomendação de Rosalba
Quanto ao financiamento de Robinson, os policiais sabem que a visita ao apartamento de Edvaldo Fagundes ocorreu exatamente na época em que o atual Governador mais precisava de recursos para manter sua candidatura à tona. Constava então que ele recebia recursos de agiotas, e que o encaminhamento para o sonegador teria sido recomendado pela Governadora, que já havia voltado às boas com o sonegador. Rosalba teria apontado Edvaldo Fagundes a Robinson logo depois de se reconciliar com este, com quem estivera rompido desde o décimo mês de seu mandato, em 2013, quando o exonerou da secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente. Os federais não são os únicos conhecedores deste liame obscuro da candidatura de Robinson.
Conhecedores das relações entre seu chefe e Fagundes, há tempos alguns colaboradores partidários do Governador receiam que as investigações federais o alcancem, ampliando o leque de acusações ao empresário, que pode ter extrapolado o campo da sonegação para comprometer a lisura do processo que elegeu o Governador.
Com “operadores”
Eles sabem que as fotos levadas ao conhecimento da polícia federal documentam suficientemente pelo menos uma visita que Robinson e Silveira Júnior, acompanhados por dois assessores políticos do primeiro, fizeram ao apartamento de Fagundes, no edifício “Dorian Gray”, na esquina da avenida Rui Barbosa com rua Antonio Basílio, em Morro Branco.
Com Robinson e Silveira Júnior aparecem nos flagrantes dois dos mais ativos auxiliadores do primeiro na área de captação de recursos para sua campanha, os comerciários Diego Dantas e Pedro Dantas, mais conhecidos no mundo político como “operadores” do atual Governador.
Uma das versões para a gênese da produção das fotos sugere que, ressabiado, Edvaldo montou o esquema para documentar as conversas com Robinson e o prefeito de Mossoró a fim de cobrar-lhes reciprocidade se e quando eles lhe virassem as costas, seguindo o exemplo de Rosalba.
Esbanjando poder
Os policiais não se surpreenderiam com este cuidado, pois Fagundes teria mudado alguns modos desde que entrou na alça de mira de investigações federais. Antigamente, ele era um novo rico que gostava de se jactar nas mesas de bares de Mossoró pelo muito com que molhava as mãos de autoridades, inclusive, ou talvez principalmente, do poder judiciário. Orgulhava-se de haver bancado, sozinho, uma das maiores festas já realizadas em Natal, o aniversário da filha de um desembargador. Chegou a rir na cara de adversários de Rosalba, dizendo-lhe que lhes havia imposto uma derrota em tribunal sediado em Natal porque disponibilizou muito mais dinheiro do que eles. E gostava muito de exibir a intimidade de que desfrutava junto aos principais políticos potiguares, à frente a então governadora Rosalba.
Os quatro vistos mais de perto.
Depois de migrar das páginas da crônica social de Mossoró para as policiais, e principalmente de se ver abandonado pela governadora e, ainda mais importante, pelo marido desta, o ex-deputado estadual Carlos Augusto Rosado, Fagundes teria passado a só conversar com políticos em campos considerados seus, a começar por sua casa natalense. Por isto haveria providenciado as fotos que comprometem Robinson e Silveira Júnior.
Abrindo o bico
O fato de Edvaldo e seu filho Rodolfo Leonardo Soares Fagundes de Albuquerque terem se apresentado à sede mossoroense da polícia federal na última segunda-feira, 20, saindo da condição de fugitivos em que estavam catalogados desde a sexta-feira 17, é o que mais preocupa os colaboradores de Robinson. É possível que, instalado desde então na Cadeia Pública Manoel Onofre de Sousa, ele já tenha prestado depoimentos capazes de comprometer muitos políticos aos quais ajudou financeiramente nos últimos anos. Consta que a esposa, Zulaide, outros filhos e um genro de Edvaldo o estariam pressionando para que falasse, contando tudo e delatando todos os parceiros, a fim de reduzir as penas que espreitam a família, que não são nada leves.
Segundo os procuradores da República Aécio Tarouco e Emanuel Ferreira, responsáveis pela ofensiva que levou Edvaldo à prisão, a quadrilha deste “se utiliza do artifício de criar empresas que só existem no papel, inclusive constituídas a partir da utilização de ‘laranja’, para garantir o livre ingresso de receitas nos caixas do grupo, assim como o branqueamento de bens, mediante complexo esquema de blindagem patrimonial contra as ações da Receita Federal do Brasil”.
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