Robinson, entre Tatiana e Mineiro: como se não houvesse... |
Três ou mais
semanas depois de sua eclosão, aparentemente chegou ao fim a crise que opunha o
líder do governo na Assembléia Legislativa, deputado estadual Fernando Mineiro
(PT), e a chefe da Casa Civil da administração potiguar, advogada Tatiana Mendes
Cunha, que é procuradora de carreira do parlamento desta unidade federativa.
Deu-lhe fim o
governador Robinson Faria, ao constatar que a centelha estava virando fogueira
e queimando-o outros aliados seus, como a senadora Fátima Bezerra,
correligionária que disputa o comando regional do PT com Mineiro, e líderes
municipais de seu partido, o PSD, no Seridó e no vale do Ceará Mirim, aos quais
teve que oferecer recompensas imediatas.
Robinson reuniu os
dois colaboradores e pediu que demonstrassem publicamente a inexistência da
crise antes que ele viajasse para Fortaleza, onde visitaria um filho que ali busca
tratamento de saúde e hoje cumpriria agenda oficial ao lado do secretário de
Saúde, cardiologista Ricardo Lagreca. A exteriorização da pacificação coube a
uma nota que Mineiro e Tatiana assinaram juntos nesta terça-feira, 21, feriado
de Tiradentes, ontem, negando que compartilhassem “convivência insustentável”,
afirmando que “mantêm um diálogo profícuo” e dando a blogueiros aliados
oportunidade de vitimizarem a Secretária.
“Boquinha”, “Arranjo”...
“Antes mesmo do
atual Governador anunciar seu secretariado, poucos setores de imprensa, tentou (sic)
e continuam tentando ‘queimar’ a advogada Tatiana Mendes Cunha”, observou o “Blog
do BG”, editado pelo executivo Bruno Giovani Oliveira, diretor da TV Assembléia
e um dos primeiros profissionais da mídia em Natal a emprestar apoio à
candidatura de Robinson a governador em 2014.
Bruno lançou na
ocasião uma pergunta para a qual levantou especulações sugestivas sobre a causa
desse bombardeio.
“Será que é porque
com Tatiana na cadeira não tem ‘boquinha’? Será que é porque com Tatiana na
cadeira não tem ‘arranjo’? Será que é porque com Tatiana na cadeira as coisas
não são ‘atropeladas’? Ou será que é só porque querem atender os quem (sic) nem
sempre pregam as melhores práticas?”
Cargos
...a crise que chegou a Leleu e a Fátima. |
O desmentido
oficial passou ao largo dos muitos detalhes da crise que ao longo dos últimos
vinte dias foram divulgados na mídia potiguar, a começar pela irritação que
Mineiro provou em Tatiana ao desfazer a nomeação do produtor cultural Gutemberg
Oliveira Nóbrega para a diretoria do teatro Adjuto Dias, em Caicó.
Determinada
pessoalmente pelo Governador, ela foi substituída a caminho do “Diário Oficial”
pelo diretor da Fundação José Augusto, responsável pelo estabelecimento, o
jovem Rodrigo Bico, cujo currículo destaca sua condição de “ator licenciado do Grupo
de Teatro Facetas, Mutretas e Outras Histórias”. O mentor da substituição, como
Tatiana e auxiliares constataram, teria sido o parlamentar, considerado de
longe o político mais próximo a Robinson.
Bico é um dos
petistas que Mineiro alojou no estafe de Robinson em prejuízo de nomes indicados
por Fátima Bezerra, que teria visto na crise com Tatiana uma oportunidade para
desopilar em relação ao correligionário com quem disputa o mando no PT potiguar
e quanto à distância que Robinson mantém em relação a ela para atender ao
Deputado, ao qual anunciou ainda em janeiro como seu candidato a prefeito de
Natal.
O vereador caicoense
Leleu Fontes (PSD) garante que ouviu a Senadora dizer que “Mineiro está doido
que eu chute o pau da barraca”. Leleu, a propósito, falou várias vezes a
jornais de Natal e a blogueiros sobre o “affaire” que afastou o Deputado de
Tatiana, recomendando publicamente que esta se precatasse para não perder a
chefia da Casa Civil, mas a nota oficial de ontem tangenciou essas e outras faces e causas do conflito
e, principalmente, os prejuízos que este causou a Robinson.
Perder apoios
Antes de reunir
Mineiro e Tatiana, Robinson já havia feito concessões com o objetivo de
amenizar, minimizar e, se possível, eliminar o conflito, tendo em vista,
justamente, o fato de prejudicá-lo junto a outros aliados. Um dos primeiros a
sofrer foi o advogado Júlio Cesar Soares Câmara, líder do PSD em Ceará Mirim,
que perdeu o emprego de secretário-adjunto da Casa Civil ao se irresignar
contra a anulação da nomeação canetada pelo Governador. Outro, e pelo mesmo
motivo, foi seu colega João Dutra, assessor de Tatiana subordinado a Júlio
César.
Diante da situação
criada liderados de Júlio Cesar em Ceará Mirim passaram a propor que este
rompesse com o Governador. A reação de Robinson foi aproveitá-lo como exumador,
para presidir a Empresa Gestora de Ativos do Rio Grande do Norte (Emgern).
A inocuidade dessa
estatal foi atestada há poucos meses pelo Governador ao excluí-la das gestões
que manteve em Minas Gerais e com o ministério público potiguar com o objetivo
de cobrar mais de um bilhão de reais inscritos na dívida ativa do executivo
estadual.
Quanto a Dutra, a
chiadeira estourou em Jardim de Piranhas, pois seu padrinho é o prefeito Elídio
Araújo de Queiroz, outro pioneiro do apoio à candidatura de Robinson, e no
entorno de Leleu, em Caicó.
Enquanto o edil
vinha a Natal para falar com Robinson sobre o perigo representado por fermentar
a força de Mineiro no governo, fontes de Jardim de Piranhas dizem que Elídio mandou
à Governadoria um recado lastimando que a exoneração de Dutra o levasse a
romper com Robinson. O resultado foi o aproveitamento fortuito do advogado como
sucessor de Julio Cesar na sub-chefia da Casa Civil.
==========================
Siga e recomende o
Blog de Roberto Guedes:
Nenhum comentário:
Postar um comentário